Juventudes : trajetórias interrompidas pela inclusão precária

Abstract

A presente dissertação versa sobre os caminhos da inclusão precária de ex-alunos de uma escola da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul, localizada no município de Porto Alegre. O objetivo da pesquisa é reconstituir as trajetórias desses jovens com a finalidade de apontar fatores que os levaram a cometer atos infracionais e/ou penais. A pesquisa apresentada é qualitativa e tem caráter etnográfico. Utiliza recortes das trajetórias de quatro jovens que iniciaram suas vidas escolares juntos e se envolveram em situações de violência geradas pela guerra do tráfico de drogas que assola a região onde habitam e convivem, culminando na interrupção violenta de suas vidas. O cruzamento das relações que se estabelecem – jovens, família, escola, comunidade, violência - é percebido, principalmente, através das narrativas de diferentes atores, ligados, direta ou indiretamente, às trajetórias destes jovens. A análise destas percepções, colhidas através de entrevistas com as mães, com professores, funcionários da escola, pessoas da comunidade e o olhar da própria pesquisadora, tornaram-se fundamentais para a reconstrução dos fragmentos de vida dos jovens pesquisados, bem como ajudaram a explicitar os fatores que parecem ter contribuído para o desfecho destas trajetórias. Foram explorados conceitos baseados no pensamento de Elias (1994), Arendt (2011), Bauman (2005), Zaluar (1997), Assis (1999), Peralva (2000), Wieviorka (1997). Longe de esgotar a discussão sobre as trajetórias juvenis envolvidas com a violência, como desdobramentos este estudo propõe o aprofundamento de questões que parecem fundamentais para o seu enfrentamento, como a qualidade dos espaços de socialização, educação e participação construídos e oferecidos às populações da periferia dos grandes centros urbanos.

This dissertation examines what led former students of a public state school in Porto Alegre, Brazil, through paths of precarious inclusion. The research’s objective is to reconstruct the trajectories of these young men in order to point out the factors that led them to commit illegal acts. The research presented here is qualitative and ethnographic. It uses cutouts of the trajectories of four young students who began their school lives together and engaged in acts of violence generated by drug trafficking war ravaging the region where they live and coexist, culminating in the violent disruption of their lives. The intersection of the relations that are established - youth, family, school, community, and violence - is perceived mainly through the narratives of different actors linked directly or indirectly to the trajectories of these young people. The perceptions collected from interviews – with mothers, teachers, school staff, and community members – along with the researcher’s own point of view, were fundamental to reconstruct these young men’s lives, and also helped to clarify factors which seem to have contributed to the outcome of these trajectories. Concepts explored were based on the thought of Elias (1994), Arendt (2011), Bauman (2005), Zaluar (1997), Assis (1999), Peralva (2000), and Wieviorka (1997). Far from exhausting the discussion about youth’s trajectory of violence, this study presents questions whose answers seem to be crucial to address this problem, such as the quality of the spaces of socialization, education and participation built and offered to the people living in areas of poverty in large urban centers.