Gestão da educação pública no Rio Grande do Sul : funcionamento do discurso e constituição dos sentidos de alargamento das funções da escola

Abstract

Fundamentado na Análise de Discurso e referenciado principalmente em Michel Pêcheux e Louis Althusser, este estudo discorre a respeito da constituição de sentidos de alargamento das funções da escola, no contexto do movimento expansionista e de educacionalização do social, a partir da análise do funcionamento do discurso da gestão da Educação pública desde live realizada em dezembro de 2022 por Raquel Teixeira, Secretária de Educação do Estado do Rio Grande do Sul. Da live “Orientações para o Encerramento do Ano Letivo de 2022”, corpus empírico da pesquisa, foram recortadas sequências discursivas a partir da operação com certas estratégias de observação – a falta, o excesso e o estranhamento. Conceitos próprios da AD foram mobilizados em função do modo como, nas práticas de análise, o corpus convocou a fazê-lo dada a indissociabilidade entre dispositivo analítico e dispositivo teórico. Ao intentar compreender a produção de evidências de sentido de alargamento das funções da escola por orientações estabelecidas pela Secretária de Educação, perguntou-se: A quais redes de memória se filia o discurso da gestão da Educação pública no Estado do Rio Grande do Sul? Em que Formação Discursiva as Sequências Discursivas estão inscritas? Ela se relaciona com que outras FD? O que se apresenta como naturalizado e evidente sobre as funções da escola na contemporaneidade pós-pandêmica? Estando as sequências discursivas inscritas numa Formação Discursiva Neoliberal, moldada por uma Formação Ideológica Capitalista Neoliberal, o que pode e deve ser dito escapa ao sujeito e está determinado pelas condições de produção – uma conjuntura de políticas educacionais que se estabelecem pela imposição de objetivos sustentados por uma lógica empresarial. Ao mesmo tempo e contraditoriamente, produzem uma atmosfera de cumplicidade inovadora entre as Secretarias de Educação (as mantenedoras) e as escolas, mascarando a justaposição de contextos distintos – o empresarial e o escolar – na busca de sua legitimação. O discurso da gestão da Educação pública produz sentidos que fazem retornar uma memória que remete ao liberalismo clássico e a seus preceitos: no dito em que o docente é qualificado como superprofessor, em um sistema que o tem desamparado em função da redução da responsabilidade do Estado, é possível reconhecer ressonâncias interdiscursivas de ditos, em outros tempos e espaços, a partir dos quais o liberalismo foi pensado e estabelecido, ditos que defendem a menorização do Estado e a maiorização do cidadão. O alargamento não acontece em benefício da escola, do sujeito-professor ou do sujeitoaluno, porque a intenção do mercado é reiterada com esse alargamento. Contudo, a FD Neoliberal, com que o sujeito Raquel se filia, está em relação com outras FD, reverberando o que foi dito antes, incorporando, mas também mudando o seu sentido uma vez que a memória tanto permite repetição quanto deslocamento de sentidos. Embora associado ao redirecionamento da Educação para o mercado de trabalho, no discurso da gestão também foi reconhecida uma disputa pelos sentidos da Educação (e entre eles) que, em movimento ziguezagueante, flutuam da compreensão de escola como esfera de preparação do estudante para conformá-lo às exigências do trabalho, com assimilação das diretrizes de organização da educação coerentes com o modo de produção capitalista neoliberal, para uma perspectiva que concebe a escola como sendo a de tempo livre para aprender.

Basado en el Análisis del Discurso y con referencias principales a Michel Pêcheux y Louis Althusser, este estudio analiza el desarrollo de significados para la expansión de las funciones escolares en el contexto del movimiento expansionista y la educacionalización de la sociedad. Este análisis examina el funcionamiento del discurso de gestión de la educación pública desde la transmisión en vivo de diciembre de 2022, organizada por Raquel Teixeira, Secretaria de Educación del Estado de Rio Grande do Sul. De la transmisión en vivo "Directrices para el Cierre del Año Escolar 2022", el corpus empírico de la investigación, se extrajeron secuencias discursivas mediante ciertas estrategias de observación: falta, exceso y extrañamiento. Se movilizaron conceptos específicos de la AD con base en cómo, en las prácticas analíticas, el corpus lo exigía, dada la inseparabilidad de los dispositivos analíticos y teóricos. Para comprender la evidencia que evidencia la expansión de las funciones de la escuela a través de las directrices establecidas por la Secretaría de Educación, se plantearon las siguientes preguntas: ¿A qué redes de memoria se vincula el discurso de la gestión de la educación pública en el estado de Rio Grande do Sul? ¿En qué formación discursiva se inscriben las secuencias discursivas? ¿Con qué otras estructuras discursivas se relaciona? ¿Qué se presenta como naturalizado y evidente sobre las funciones de la escuela en el mundo contemporáneo pospandémico?Dado que las secuencias discursivas se inscriben en una Formación Discursiva Neoliberal,lo que puede y debe decirse escapa al sujeto y está determinado por las condiciones de producción. Una coyuntura de políticas educativas que se establecen mediante la imposición de objetivos sustentados por una lógica empresarial y, al mismo tiempo y contradictoriamente, producen una atmósfera de complicidad innovadora entre los Departamentos de Educación (los mantenedores) y las escuelas, enmascarando la yuxtaposición de contextos distintos (el empresarial y el escolar) en la búsqueda de su legitimidad. El discurso de la gestión de la educación pública produce significados que evocan recuerdos del liberalismo clásico y sus preceptos: en la afirmación que describe a los docentes como superdocentes, en un sistema que los ha dejado sin apoyo debido a la reducción de la responsabilidad estatal, es posible reconocer resonancias interdiscursivas de afirmaciones de otros tiempos y espacios, a partir de los cuales se concibió y se estableció el liberalismo: afirmaciones que abogan por la disminución del Estado y la ampliación de la ciudadanía. Esta expansión no beneficia a la escuela, ni al profesor-sujeto, ni al estudiante-sujeto, ya que la intención del mercado se reitera con ella. Sin embargo, el DF neoliberal, con el que se alinea el sujeto de Raquel, se relaciona con otros DF, reverberando lo dicho anteriormente, incorporando pero también modificando su significado, ya que la memoria permite tanto la repetición como el desplazamiento de significados. Si bien se asocia con la reorientación de la educación hacia el mercado laboral, el discurso gerencial también reconoció una disputa sobre los significados de la educación (y entre ellos). Este movimiento zigzagueante fluctúa desde una comprensión de la escuela como un ámbito para preparar a los estudiantes para adaptarse a las exigencias del trabajo, con la asimilación de directrices organizativas educativas coherentes con el modo de producción capitalista neoliberal, hasta una perspectiva que concibe la escuela como un lugar de tiempo libre para el aprendizaje.