A privatização da Educação : o fundo patrimonial da Fundação Itaú Social e o processo de financeirização da educação no Brasil

Abstract

Esta tese analisa o fundo patrimonial da Fundação Itaú Social como parte de um processo de privatização da educação, com a financeirização atuando como elemento estratégico do capital financeiro. O problema da pesquisa residiu em compreender como o fundo patrimonial da Fundação Itaú Social integra o processo de privatização da educação no Brasil. O objetivo geral da pesquisa foi analisar o fundo patrimonial da Fundação Itaú Social como parte do processo da privatização da educação no Brasil. A pesquisa examina como a configuração e a dinâmica dos fundos patrimoniais filantrópicos, especialmente em contextos de neoliberalismo, viabilizam a inserção do capital financeiro no campo da educação pública. A partir da metodologia materialista histórico-dialética, incluiu-se tanto uma análise teórica e legal quanto um estudo empírico do fundo patrimonial da Fundação Itaú Social. Analisou-se como o capitalismo transforma as crises em oportunidades de acumulação e lucros, expandindo seu alcance a esferas sociais como a educação. A tese sustenta que o fundo patrimonial da Fundação Itaú Social é um mecanismo financeiro e uma ferramenta ativa de intervenção no processo de privatização da educação, sendo a financeirização parte dessa privatização e estratégia do capital financeiro. Por meio da financeirização, a educação deixa de ser um direito universal para se tornar um campo de investimento financeiro, subordinado à lógica do mercado financeiro e maximização de retornos econômicos. Fundos patrimoniais, como o da Fundação Itaú Social, exemplificam a materialização dessa prática ao aplicar recursos em ativos financeiros, gerando tanto benefícios fiscais para doadores quanto valorização de ativos para investidores. Com isso, reforça-se a hegemonia do capital financeiro, que, ao deslocar recursos do fundo público, passa a influenciar as políticas educacionais, ocupando gradualmente papéis antes atribuídos ao Estado. A pesquisa aponta também para o conceito de “filantrocapitalismo”, empregado aqui para criticar a atuação de grandes corporações, que, sob o pretexto de responsabilidade social, utilizam iniciativas filantrópicas para reforçar sua imagem, obter incentivos fiscais e expandir seu controle sobre áreas estratégicas, como a educação pública. Assim, o fundo patrimonial é abordado não só como um mecanismo financeiro, mas como uma ferramenta do processo contínuo e cumulativo de privatização da educação, capaz de transformar as bases de financiamento educacional e redefinir o papel do Estado. A análise revela como esse processo perpetua desigualdades estruturais e contribui para a financeirização de direitos sociais, inserindo a educação em uma lógica de especulação e lucro.

This thesis analyzes the Itaú Social Foundation Endowment Fund as part of a process of education privatization, with financialization acting as a strategic element of financial capital. The research problem centered on understanding how the Itaú Social Foundation Endowment Fund integrates into the process of education privatization in Brazil. The general objective of the research was to analyze the Itaú Social Foundation Endowment Fund as part of the process of education privatization in Brazil. The research examines how the configuration and dynamics of philanthropic endowment funds, particularly in neoliberal contexts, facilitate the insertion of financial capital into the field of public education. Based on the historical-dialectical materialist methodology, the study included both theoretical and legal analysis as well as an empirical study of the Itaú Social Foundation Endowment Fund. It analyzes how capitalism transforms crises into opportunities for accumulation and profit, extending its reach into social spheres such as education. The thesis argues that the Itaú Social Foundation Endowment Fund is a financial mechanism and an active tool of intervention in the process of education privatization, with financialization being part of this privatization and a strategy of financial capital. Through financialization, education shifts from being a universal right to becoming a field of financial investment, subordinated to the logic of the financial market and the maximization of economic returns. Endowment funds, such as that of the Itaú Social Foundation, exemplify the materialization of this practice by applying resources to financial assets, generating both tax benefits for donors and asset appreciation for investors. Consequently, the hegemony of financial capital is reinforced, which, by diverting resources from public funds, begins to influence educational policies, gradually occupying roles previously attributed to the state. The research also addresses the concept of "philanthrocapitalism," used here to critique the actions of large corporations that, under the guise of social responsibility, use philanthropic initiatives to enhance their image, obtain tax incentives, and expand their control over strategic areas such as public education. Thus, the endowment fund is approached not only as a financial mechanism but also as a tool of the continuous and cumulative process of education privatization, capable of transforming the foundations of educational financing and redefining the role of the state. The analysis reveals how this process perpetuates structural inequalities and contributes to the financialization of social rights, embedding education in a logic of speculation and profit.

Esta tesis analiza el fondo patrimonial de la Fundación Itaú Social como parte de un proceso de privatización de la educación, con la financiarización actuando como elemento estratégico del capital financiero. El problema de investigación radicó en comprender cómo el fondo patrimonial de la Fundación Itaú Social se integra en el proceso de privatización de la educación en Brasil. El objetivo general de la investigación fue analizar el fondo patrimonial de la Fundación Itaú Social como parte del proceso de privatización de la educación en Brasil. La investigación examina cómo la configuración y la dinámica de los fondos patrimoniales filantrópicos, especialmente en contextos de neoliberalismo, posibilitan la inserción del capital financiero en el ámbito de la educación pública. Basada en la metodología materialista históricodialéctica, incluyó tanto un análisis teórico y legal como un estudio empírico del fondo patrimonial de la Fundación Itaú Social. Se analizó cómo el capitalismo transforma las crisis en oportunidades de acumulación y lucro, expandiendo su alcance a esferas sociales como la educación. La tesis sostiene que el fondo patrimonial de la Fundación Itaú Social es un mecanismo financiero y una herramienta activa de intervención en el proceso de privatización de la educación, siendo la financiarización parte de esta privatización y una estrategia del capital financiero. A través de la financiarización, la educación deja de ser un derecho universal para convertirse en un campo de inversión financiera, subordinado a la lógica del mercado financiero y a la maximización de los retornos económicos. Los fondos patrimoniales, como el de la Fundación Itaú Social, ejemplifican la materialización de esta práctica al aplicar recursos en activos financieros, generando tanto beneficios fiscales para los donantes como valorización de activos para los inversores. Como resultado, se refuerza la hegemonía del capital financiero, que, al desviar recursos del fondo público, pasa a influir en las políticas educativas, ocupando gradualmente roles antes atribuidos al Estado. La investigación también aborda el concepto de "filantrocapitalismo", utilizado aquí para criticar la actuación de grandes corporaciones que, bajo el pretexto de la responsabilidad social, utilizan iniciativas filantrópicas para reforzar su imagen, obtener incentivos fiscales y expandir su control sobre áreas estratégicas, como la educación pública. Así, el fondo patrimonial se aborda no solo como un mecanismo financiero, sino como una herramienta del proceso continuo y acumulativo de privatización de la educación, capaz de transformar las bases del financiamiento educativo y redefinir el papel del Estado. El análisis revela cómo este proceso perpetúa desigualdades estructurales y contribuye a la financiarización de los derechos sociales, incorporando la educación en una lógica de especulación y lucro.