Juventude, identidade e narrativas sobre a cultura negra na escola.

Abstract

A presente dissertação é fruto de estudo na linha de pesquisa Trabalho, Movimentos Sociais e Educação, vislumbrando abarcar a revelação de como os jovens estudantes negros do Ensino Médio se relacionam com os saberes de cultura negra no espaço social da Escola Instituto Rio Branco em Porto Alegre, assim como analisar o comportamento dos jovens ao verem uma parte de sua história sendo compartilhada em sala de aula. O tema é habitual em pesquisas sobre os espaços escolares e o comportamento dos alunos em relação à escola e o desenvolvimento das práticas pedagógicas que este espaço contempla. No entanto, há uma tentativa de responder questões da identidade negra, que ficaram em aberto em outras pesquisas. Precisamos entender quais os aspectos do ensino da cultura negra na escola estadual ainda apresentam falhas e lacunas no ponto de vista dos jovens e da constituição de sua identidade. Para isso, foi escolhido o método de oficina sobre a cultura negra e posteriormente, a roda de conversa para provocar o aluno através dessa temática e usar o que é devolvido por eles como material de análise, assim como perceber e considerar os relatos dos jovens sobre suas práticas e sobre as práticas docentes na escola, discutindo possíveis interações, conflitos e estratégias de expressão do espaço institucional e esse será o diferencial apresentado nessa análise. Para isso, foi realizada uma oficina intitulada “Rap – Ritmo, poesia, identidade e cultura negra” com a finalidade de provocar saberes da cultura negra, usando imagens e a letra da música “Ponta de Lança”, do cantor e compositor Rincon Sapiência. Logo após a exposição dos materiais ocorreu uma roda de conversa para que fossem analisadas as contribuições apontadas pelos alunos em relação à temática da cultura negra. Em consonância com a abordagem teórica anunciada, a metodologia de pesquisa foi de caráter qualitativo, exploratório e com interlocução com os sujeitos alvo da investigação. Os resultados finais indicam que os jovens ainda sentem falta de práticas pedagógicas escolares que mostrem a cultura negra através de um viés mais empoderador e que os professores e corpo diretivo das escolas estejam de fato preparados e aparelhados teoricamente para agirem de maneira a fazerem justiça mediante as situações de racismo dentro das instituições escolares.

This dissertation is the result of a study on the line of research Work, Social Movements and Education, aiming to encompass the revelation of how black high school students relate to the knowledge of black culture in the social space of the school Instituto Rio Branco, in Porto Alegre, as well as analyzing the behavior of black people when they see a part of their history being shared in the classroom. The theme is common in research on school spaces. However, there is an attempt to answer questions about black identity, which were left open in other studies. We need to understand which aspects of teaching black culture in state schools still have flaws and gaps from the point of view of young people and the constitution of their identity. For this, the chosen method was a workshop on black culture and conversation circles to provoke the student through this theme and use what is returned as material for analysis, as well as to perceive and consider the reports of young people about their practices and about teaching practices at school discussing possible interactions, conflicts and expression strategies of the institutional space will be the differential presented in this analysis. For this, a workshop named “Rap – Rhythm, poetry, identity and black culture” was held with the purpose of provoking knowledge of black culture, using images and lyrics from the song “Ponta de Lança”, by the singer and composer Rincon Sapiência. Right after the presentation, there was a conversation circle to analyze the contributions pointed out by the students on the theme. In line with the announced theoretical approach, the research methodology was qualitative, exploratory and contains dialogue with the target subjects of the investigation. The results indicate that young people still miss pedagogical practices that show black culture through a more empowering bias and that teachers and the school's governing body are in fact prepared and theoretically equipped to act in a way that does justice through situations of racism within school institutions.