O dizer, a temporalidade e a reciprocidade: dimensões de pensamento Mbyá Guarani em diálogo com os fazeres pedagógicos na Tekoá Yvy Poty
View/ Open
Date
2019Author
Advisor
Academic level
Master
Type
Subject
Abstract in Portuguese (Brasil)
Esta escrita teve sua origem no estar junto dos Mbyá Guarani na Tekoá Yvy Poty, localizada no bairro de Douradilhos em Sertão Santana, nos anos de 2018 e 2019. A caminhada surge na aproximação de algumas dimensões de seus pensamentos a temporalidade, o dizer e a reciprocidade ao mesmo tempo em que eu entrava em contato com seus fazeres pedagógicos. A valorização de aspectos da cosmologia deste povo que se expressa na presentificação do passado, nos dizeres precisos e no fazer coletivo, constitu ...
Esta escrita teve sua origem no estar junto dos Mbyá Guarani na Tekoá Yvy Poty, localizada no bairro de Douradilhos em Sertão Santana, nos anos de 2018 e 2019. A caminhada surge na aproximação de algumas dimensões de seus pensamentos a temporalidade, o dizer e a reciprocidade ao mesmo tempo em que eu entrava em contato com seus fazeres pedagógicos. A valorização de aspectos da cosmologia deste povo que se expressa na presentificação do passado, nos dizeres precisos e no fazer coletivo, constituíram minhas motivações iniciais.. Então, passei a me perguntar: como essas dimensões de pensamento emergem no cotidiano Guarani e como permeiam seus fazeres educativos? As percepções destas instâncias de pensamento revelaram-se como elos que permitem nos aproximarmos dos acontecimentos, dos fazeres educativos e das imagens simbólicas Mbyá, nos espaços da aldeia. O estar com os Guarani e a participação em algumas de suas atividades diárias foram registradas em meu caderno de campo e auxiliaram na percepção de sensações e sentimentos constituídos no estar sendo compartilhado e visualizado, através de pensamentos revelados. Momentos em que os Mbyá vivenciavam espontaneamente seu cotidiano e seus saberes historicamente constituídos, gerando cenários compostos por sequencia de imagens e dizeres. Passei a escutar suas traduções cosmológicas e sentir seu modo de educar e estar no mundo. Então um segundo questionamento passou a me instigar: Como essas dimensões de pensamento destacadas e evidenciadas nas imagens gravadas e vivenciadas e na cultura das palavras, geradas nas conversas diárias e consolidadas nos fazeres educativos, podem nos revelar o processo educativo Mbyá? E como podem gerar diálogos e elementos que contribuam para uma pedagogia intercultural? Inicialmente apresento algumas lembranças de minha infância e da adolescência, em bairros populares, onde vivenciei interações interculturais. A partir destas memórias trago imagens e fatos que evidenciam meu convívio com os Guarani e a vivencia de aspectos de sua espiritualidade e cosmologia. Estes saberes que rememoro facilitaram o dialogo e os aprendizados interculturais que são constituídos neste encontro na Yvy Poty. Depois disto, apresento um breve resumo da história deste grupo humano como “povo caminhante”, fazendo referencia a alguns momentos de sua trajetória histórica e dos constantes deslocamentos até se fixarem no sul da América Latina e no Rio Grande do Sul. Em seguida trago as sensações geradas pelas primeiras caminhadas no território da Tekoá. Aprofundo a descrição destas impressões sobre as instâncias de pensamento citadas e passo a relacioná-las com práticas educativas traduzidas, geradas e sentidas no convívio com este povo. Aproximo-me da dinâmica de diálogos cotidiana, desenvolvida pelos Guarani, nas conversas em roda. Saliento as interações educativas constituídas por estes Mbya, que são gestadas e estruturadas por produções gráficas de imagens, histórico simbólicas. E por fim apresento fazeres educativos, experienciados por mim, no estar junto dos Guarani. Relacionados às traduções que ouvi dos Guarani, na aproximação permitida destes processos pedagógicos e interculturais. ...
Resumen
This writing had its origin in being together with the Mbyá Guarani in Tekoá Yvy Poty, located in the Douradilhos neighborhood in Sertão Santana, in the years 2018 and 2019. The walk comes in the approximation of some dimensions of their thoughts to temporality, saying and reciprocity at the same time that I got in touch with their pedagogical activities. The appreciation of aspects of the cosmology of this people that is expressed in the presentification of the past, in the precise sayings and ...
This writing had its origin in being together with the Mbyá Guarani in Tekoá Yvy Poty, located in the Douradilhos neighborhood in Sertão Santana, in the years 2018 and 2019. The walk comes in the approximation of some dimensions of their thoughts to temporality, saying and reciprocity at the same time that I got in touch with their pedagogical activities. The appreciation of aspects of the cosmology of this people that is expressed in the presentification of the past, in the precise sayings and in the collective doing, were my initial motivations. Then, I started to ask myself: how these dimensions of thought emerge in the daily Guarani and how they permeate their educational activities? The perceptions of these instances of thought revealed themselves as links that allow us to get closer to the events, the educational activities and the Mbyá symbolic images, in the spaces of the village. Being with the Guarani and participating in some of their daily activities were recorded in my field notebook and helped in the perception of sensations and feelings constituted by being shared and visualized, through revealed thoughts. Moments when the Mbyá spontaneously experienced their daily lives and their historically constituted knowledge, generating scenarios composed by a sequence of images and sayings. I started listening to their cosmological translations and feeling their way of educating and being in the world. Then a second question started to instigate me: How can these dimensions of thought highlighted and evidenced in recorded and experienced images and in the culture of words, generated in daily conversations and consolidated in educational activities, reveal the Mbyá educational process? And how can they generate dialogues and elements that contribute to an intercultural pedagogy? Initially I present some memories of my childhood and adolescence, in popular neighborhoods, where I experienced intercultural interactions. From these memories I bring images and facts that show my relationship with the Guarani and the experience of aspects of their spirituality and cosmology. This knowledge that I remember facilitated the dialogue and intercultural learning that are constituted in this meeting at Yvy Poty. After that, I present a brief summary of the history of this human group as a “walking people”, making reference to some moments of its historical trajectory and the constant displacements until settling in the south of Latin America and in Rio Grande do Sul. sensations generated by the first walks in the territory of Tekoá. I go deeper into the description of these impressions on the aforementioned instances of thought and I will relate them to educational practices translated, generated and felt in living with these people. I approach the dynamics of everyday dialogues, developed by the Guarani, in round conversations. I highlight the educational interactions constituted by these Mbya, which are gestated and structured by graphic productions of images, symbolic history. And finally, I present educational activities, experienced by me, not being with the Guarani. Related to the translations I heard from the Guarani, in the permitted approach of these pedagogical and intercultural processes. ...
Institution
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação.
Collections
-
Humanities (7479)Education (2504)
This item is licensed under a Creative Commons License