“O que fazer na segunda-feira?” processos de recontextualização de conhecimentos sociológicos por professores da Rede Estadual do Rio Grande do Sul

Abstract

Esta dissertação busca compreender o processo de recontextualização dos conhecimentos sociológicos feito pelos professores de Sociologia da Rede Estadual do Rio Grande do Sul. A Sociologia, por ter uma trajetória de intermitência (MORAES, 2011), não tem um conjunto de conhecimentos consolidado (SANTOS, 2012). Em virtude dessa trajetória, este estudo toma os professores como agentes recontextualizadores privilegiados neste processo. A partir da perspectiva sociológica crítica de estudos educacionais, utilizo a Análise Relacional (APPLE, 2006) como uma lente potente para compreender que as escolhas dos professores estão imbricadas em relações mais amplas da sociedade e não podem ser vistas isoladamente. Esta pesquisa se baseia nos conceitos de currículo (SACRISTÁN, 2000), de tradição seletiva (WILLIAMS, 1979) e de recontextualização e dispositivo pedagógico (BERNSTEIN, 1996; 1998). A partir desses elementos, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com seis professores da Rede Estadual do Estado do Rio Grande do Sul. Os resultados das análises evidenciaram que a intensificação do trabalho docente (APPLE, 1995; HYPOLITO, VIEIRA, PIZZI, 2009) tem uma influência direta no currículo, uma vez que tem como sua consequência o sentimento de sobrecarga, o que, principalmente, dificulta o planejamento a longo prazo e o espaço para o debate coletivo entre os professores. Os dados também demonstraram que para selecionar os conhecimentos que serão utilizados em suas aulas, os professores recorrem principalmente a sua formação acadêmica e ao livro didático. E, ao transformar os conhecimentos sociológicos em um processo pedagógico, as concepções dos professores sobre o papel da Sociologia é central para entender como esse conhecimento sociológico foi recontextualizado.

This master’s thesis seeks to understand the recontextualization process of sociological knowledge made by Sociology teachers of the State of Rio Grande do Sul. Sociology for having an intermittent trajectory (MORAES, 2011) does not have a consolidated set of knowledge (SANTOS, 2012). Due to this trajectory, this study takes the teachers as privileged recontextualizing agents in this process. Based on the perspective of the critical sociology for the educational studies, I use Relational Analysis (APPLE, 2006) as a powerful lens to understand teachers' choices as embedded in broader societal relationships that cannot be seen in isolation. This research is based on concepts about curriculum (SACRISTÁN, 2000), selective tradition (WILLIAMS, 1979) and recontextualization and pedagogical device (BERNSTEIN, 1996; 1998). Based on these elements, semi-structured interviews were conducted with six teachers of the State of Rio Grande do Sul. The results of the analyzes showed that the intensification of the teaching work (APPLE, 1995; HYPOLITO, VIEIRA, PIZZI, 2009) has a direct influence in the curriculum, since it has as its consequence the feeling of overload, which mainly hinders the long-term planning and the space for collective debate among teachers. The data also showed that in order to select the knowledge that will be used in their classes, teachers mainly use their academic training and schools textbook. And, by transforming sociological knowledge into a pedagogical process, teachers' conceptions of the role of sociology are central to understanding how this sociological knowledge has been recontextualized.