A inclusão digital na formação inicial de educadores a distância : estudo multicaso nas universidades abertas do Brasil e de Portugal

Abstract

Entendidos como mais do que acesso, processos de inclusão digital pressupõem uma apropriação crítica e social das tecnologias digitais de rede, reconhecendo seu potencial participativo, criativo e comunicacional. Admitida a importância desses movimentos no cenário educativo contemporâneo, pensamos ser urgente refletir sobre a formação inicial de educadores, preparados para atuar em processos educativos condizentes com esse espaço e tempo em que se vive. Elegemos a formação a distância em função do intenso agenciamento das políticas governamentais para essa modalidade, e também por acreditarmos que este tipo de formação inicial pode promover processos efetivos de inclusão digital. Nosso objetivo principal foi analisar a compreensão e a prática da inclusão digital na formação inicial de educadores na modalidade a distância das Universidades Abertas do Brasil e de Portugal. Foram realizadas pesquisas em teses e dissertações para a criação de um estado da arte sobre o conceito de inclusão digital no Brasil e em Portugal, bem como uma pesquisa de campo nos cursos de Licenciatura em Educação (Universidade Aberta de Portugal) e Pedagogia a Distância (Universidade do Estado de Santa Catarina). Por meio de um estudo multicaso, temos o intuito de desvelar o conceito de inclusão digital adotado nos cursos, identificar as disciplinas que possuem interface com as tecnologias educacionais, detalhar as atividades e propostas pedagógicas das disciplinas, compreender a concepção de inclusão digital pela equipe docente e elucidar as relações que se estabelecem entre inclusão digital e educação a distância. Constatou-se que os projetos pedagógicos de ambos os cursos não possuem, explicitamente, um conceito de inclusão digital, mas em suas essências compreendem que a formação dos educadores precisa desenvolver competências no âmbito das tecnologias aplicadas a contextos educativos. Identificamos cinco disciplinas no curso de Licenciatura em Educação e quatro no curso de Pedagogia que possuem interface com a área da inclusão digital. Observamos que algumas atividades e práticas pedagógicas realizadas nessas unidades curriculares são convergentes e que é variada a utilização dos recursos do Moodle e de ferramentas da internet na composição das atividades formativas e avaliativas. Os docentes que atuam nessas disciplinas compreendem que o conceito de inclusão digital supera o acesso às tecnologias e está relacionado ao empoderamento do sujeito para a transformação da sua realidade, e acreditam que educação a distância tem o potencial de oportunizar aos seus educandos a apropriação das tecnologias digitais de rede e, por conseguinte, a vivência de processos de inclusão digital.

The processes of digital inclusion, being understood as more than mere access, require a social and critical appropriation of networked digital technologies, recognising their participative, creative and communicational potential. By acknowledging the relevance of such movements in the contemporary educational setting, it is urgent to reflect upon the early training of educators who are prepared to act in educational processes in consonance with the space and time we live in. Distance learning was chosen due to the intensive agency of governmental policies over this modality, and also because this kind of early training can foster effective processes of digital inclusion. My aim was to analyse the understanding and practice of digital inclusion in the early training of e-educators on distance learning at the Open Universities of Brazil and Portugal. Theses and dissertations were studied for the development of a state of the art for the concept of digital inclusion in Brazil and Portugal, and field research was carried out in the courses of Degree in Education (Portuguese Open University) and Distance Pedagogy (Santa Catarina State University). By means of a multicase study, I intend to unfold the concept of digital inclusion adopted by the courses, identify the course subjects that have an interface with educational technologies, describe in detail the pedagogical proposals and activities of the course subjects, understand the teachers’ conception of digital inclusion and explain the relations established between digital inclusion and distance learning. It was found that the pedagogical projects of either courses do not have an explicit concept of digital inclusion, but in essence they realise that the training of educators must develop competencies regarding technologies applied to educational contexts. I have identified five subjects in the course of Degree in Education and four in the Pedagogy course having an interface with the area of digital inclusion. I have noticed that some pedagogical practices and activities carried out in such institutions are convergent and the way Moodle resources and internet tools are used in the composition of formative and evaluative activities is varied. Teachers working with such course subjects understand that the concept of digital inclusion goes beyond the access to technologies and is related to the empowerment of the subject to change his/her reality, and believe that distance learning has a potential to offer their learners the appropriation of networked digital technologies and, therefore, the experience with processes of digital inclusion.