Tem que ter olhos de ver : sobre a incorporação da agroecologia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Castanhal/PA

Abstract

Esta pesquisa analisa a incorporação da agroecologia nas suas múltiplas dimensões no contexto da educação formal nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, instituídos pela lei 11.892/98, com foco no IFPA-Castanhal. Esta instituição centenária, que não oferta cursos específicos em agroecologia, mas integra o tema transversalmente nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, serve como um exemplo de como a agroecologia vem se infiltrando enquanto um paradigma contra hegemônico na formação de estudantes na área de agrárias. Utilizando uma abordagem etnográfica que inclui imersões em campo, análises de imagens e redes sociais, seguindo as práticas e praticantes, o estudo investiga como a agroecologia se desenvolve no cotidiano. Os objetivos específicos são: examinar o contexto histórico e socioambiental do IFPA-Castanhal; analisar os marcos legais e teóricos que orientam os Institutos Federais; investigar os pressupostos teóricometodológicos da agroecologia e; discutir as relações entre as práticas e praticantes. As experiências observadas revelam que as práticas agroecológicas representam um processo dinâmico e adaptativo, necessitando uma observação atenta para manter sua eficácia, imersa em um ambiente não isento de ambivalências e desafios, como a própria estrutura burocratizante e tecnocrática dos IFs. As experiências acompanhadas em campo, nesta pesquisa, observaram que as práticas agroecológicas representam um processo dinâmico. Neste sentido, a incorporação, mais do que a institucionalização, promove maior flexibilidade e conexão com as especificidades locais, e requer estratégias para evitar sua diluição, como o diálogo de saberes e as parcerias das comunidades e movimentos sociais locais. Em última análise, o estudo destaca a importância de analisar práticas agroecológicas vinculadas à política pública dos IFs enquanto ferramentas de resistência e transformação, promovendo uma educação alinhada às realidades situadas e aos desafios socioambientais contemporâneos.

This research examines the incorporation of agroecology in its multiple dimensions within the context of formal education at the Federal Institutes of Education, Science and Technology, established by law 11.892/98, with a focus on IFPA-Castanhal. This centennial institution, which does not offer specific courses in agroecology but integrates the subject transversally in teaching, research, and extension activities, serves as an example of how agroecology is infiltrating as a counter-hegemonic paradigm in the training of students in the agrarian fields. Using an ethnographic approach that includes field immersions, image and social network analyses, and following the practices and practitioners, the study investigates how agroecology develops in everyday life. The specific objectives are: to examine the historical and socio-environmental context of IFPA-Castanhal; analyze the legal and theoretical frameworks guiding the Federal Institutes; investigate the theoretical-methodological assumptions of agroecology, and; discuss the relationships between practices and practitioners. The observed experiences reveal that agroecological practices represent a dynamic and adaptive process, requiring careful observation to maintain their effectiveness, immersed in an environment not free of ambivalences and challenges, such as the bureaucratic and technocratic structure of the IFs. The experiences followed in the field in this research observed that agroecological practices represent a dynamic process. In this sense, incorporation, more than institutionalization, promotes greater flexibility and connection with local specificities, and requires strategies to prevent its dilution, such as the dialogue of knowledge and partnerships with local communities and social movements. Ultimately, the study highlights the importance of analyzing agroecological practices linked to the public policy of the IFs as tools of resistance and transformation, promoting an education aligned with situated realities and contemporary socio-environmental challenges.