Erostopia : composições entre eros e logos para a construção de uma comunidade pedagógica

Abstract

Essa dissertação propõe pensar de que maneira o trânsito entre eros e logos contribuem para a criação de uma comunidade pedagógica no espaço de uma aula, a partir de uma fantasia: a erostopia. A pesquisa se desenha através de uma escrita bibliográfica e ensaística com uma escrita do íntimo, ganhando contornos de biografema e diário, composta em uma trama entre memória, vida e imaginação. Para isso, mobiliza-se as noções clássicas de eros e logos, a partir da Grécia Antiga, atualizando-os para o contexto presente. Eros, enquanto força alegórica, é aquela que move, que propicia a busca, a partir do desejo e da pergunta. Logos é a razão compartilhada, aquela que limita e constitui a borda, possibilitando a transmissão de um legado. Ambos, são interpelados na relação pedagógica para a construção de um viver-junto. Esta relação se constitui no espaço-tempo de uma aula, lugar que pressupõe menos uma utopia e mais uma heterotopia: a sala de aula como um lugar que, ao carregar as contradições dos espaços formais, tem potência subversiva, produzindo relações outras. Ao final, propõe-se uma erostopia, um modo de ser e de estar que ganha contornos a partir de uma postura, de um ritmo e de uma gestualidade, um espaço de aula em que a autoridade docente auxilia na construção de uma aula com múltiplas autorias. Uma aula em que a partir da busca, do amor, do estranhamento e de suas narrativas se constrói uma relação pedagógica.

This dissertation proposes to consider how the interplay between eros and logos contributes to the creation of a pedagogical community within the context of a classroom, based on a fantasy: erostopia. The research takes shape through a bibliographical and essayistic approach combined with personal introspective writing, taking on the form of a biografema and diary. It weaves a tapestry of memory, life, and imagination. To achieve this, classical notions of eros and logos from Ancient Greece are employed and updated for the contemporary context. Eros, as an allegorical force, is what motivates and encourages pursuit, stemming from desire and questioning. Logos is the shared reason, the one that defines and forms the boundaries, enabling the transmission of a legacy. Both are engaged within the pedagogical relationship to construct a sense of communal living. This relationship takes shape within the space-time of a class, a place that implies not so much a utopia as a heterotopia: the classroom as a space that, by carrying the contradictions of formal spaces, possesses subversive potential, generating alternative relationships. In conclusion, an erostopia is proposed — a way of being and existing that takes form through a posture, rhythm, and gestures — a classroom space in which the authority of the teacher assists in constructing a lesson with multiple authorships. A class in which a pedagogical relationship is built from search, love, estrangement and their narratives.