Uso da comunicação alternativa no autismo : um estudo sobre a mediação com baixa e alta tecnologia

Abstract

Entre outras características, o autismo tem desdobramentos na habilidade de uma pessoa compreender e se expressar por meio de recursos simbólicos. O contexto desta tese é a Tecnologia Assistiva, área da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) aplicada aos processos de aprendizagem mediada de crianças com autismo. A CAA, por definição, consiste em um sistema integrado de símbolos, recursos, técnicas e estratégias. Para subsidiar a pesquisa, planejamos e implementamos uma intervenção junto a três mães para a orientação quanto à implementação de CAA com recursos de baixa e alta tecnologia junto a seus filhos, crianças de 5 a 8 anos, visando ao desenvolvimento da comunicação no cotidiano. O objetivo geral da pesquisa consistiu em analisar os processos de mediação para pôr em curso o desenvolvimento da linguagem e da comunicação dessas crianças. Tratou-se de uma pesquisa de natureza qualitativa baseada nos pressupostos da Teoria Sócio-Histórica e da metodologia de pesquisa-ação. Os materiais e instrumentos de pesquisa incluíram análise documental, observações, análises de registros em áudio e vídeo, diário de campo, materiais produzidos no período de intervenção além da Matriz de Comunicação (ROWLAND, 1996). Discutimos os dados gerados referentes a instrumentos de avaliação para definir o perfil da criança e nortear a definição de objetivos de intervenção; referentes a nosso programa de intervenção; referentes à mediação com CAA para desenvolvimento da comunicação e referentes à dimensão afetiva da mediação com CAA. Os resultados indicam que a Matriz de Comunicação é um instrumento adequado para avaliar o nível de desenvolvimento de habilidades de comunicação e nortear a definição de objetivos de intervenção com CAA com crianças com autismo que não falam. Um programa colaborativo para implementar CAA deve ser sensível ao contexto e a suas necessidades enquanto provê apoios onde são necessários para promover a aderência e a consecução dos objetivos. Durante o processo, percebemos o entrelaçamento da mediação simbólica, da mediação do desempenho e da mediação afetiva na implementação e uso da CAA. A partir de uma perspectiva epistêmica Sócio-Histórica, concluímos que a CAA, enquanto sistema, se configura como artefato cultural potente de mediação que engloba simultaneamente símbolos e instrumentos. No entanto, a mediação não existe per se, se realiza na e pela ação conjunta, de processos interpsicológicos rumo aos intrapsicológicos, na mediação da ação e também da afetividade. Uma vez que esse conjunto de elementos funcionam de modo sinérgico no uso da CAA, observamos o estabelecimento de sentidos mutuamente compartilhados, o desenvolvimento da função comunicativa bem como a regulação do comportamento da criança com autismo. No nível macro, reside o potencial da CAA para fornecer os apoios para o acesso à informação e a superação das barreiras de comunicação, à medida que se amplia a participação social de pessoas com autismo com limitações na fala.

Among other features, autism has consequences on people’s ability to understand and express themselves through symbolic resources. The context of this thesis is in the Assistive Technology field of Augmentative and Alternative Communication (AAC) as applied to mediated learning processes children with autism. AAC, by definition, consists of an integrated system of symbols, resources, techniques and strategies. We planned and implemented an intervention with three mothers for guidance on the implementation of AAC with their 5-8 years old autistic children. The intervention aimed at the development of communication in daily life. The overall objective of the research was to analyze the mediation process to put language and communication development in progress. It is a qualitative research based on the principles of the Socio-Historical Theory and action research methodology. Materials and research strategies included document analysis, observations, analysis of audio and video recordings, field notes, materials produced during the intervention period as well as the Communication Matrix (ROWLAND, 1996). We discussed data related to assessment tools to define children’s profile and guide the definition of objectives for intervention; data from our intervention program; data from mediation with AAC to foster the development of communication and data from the affective dimension of mediation with AAC. According to results, the Communication Matrix proved to be an adequate tool to assess the level of development of communication skills and to guide the establishment of intervention objectives with AAC for children with autism who do not speak. A collaborative program for AAC implementation with the family should be sensitive to a family’s context and needs while providing support where needed to foster adherence and accomplishment of goals. During the process, we noticed an intertwining of three types of mediation: symbolic, performance and affect mediation in the implementation and use of AAC. From a Socio-Historical epistemic perspective, we conclude that, taken as a system, AAC consists of a powerful cultural artifact of mediation, which simultaneously encompasses symbols and instruments. However, mediation does not exist per se. Mediation takes place in and by joint action, from interpsychological through intrapsychological processes, where performance and affect mediation also play a role. Once that set of elements work synergistically in the use of AAC, we can expect the emergence of shared meanings, the development of communicative functions and the regulation of the child’s behavior in the micro level. In the macro level lies the potential of AAC for bridging gaps for access to information and overcoming communication barriers as social participation of people with autism with limited speech increases.

Entre otras características, el autismo tiene consecuencias en la capacidad de una persona para comprender y expresarse a través de recursos simbólicos. El contexto de esta tesis es la Tecnología Asistida en el ámbito de la Comunicación Aumentativa y Alternativa (CAA) aplicada a los procesos de aprendizaje mediado en niños con autismo. CAA, por definición, consiste en un sistema integrado de símbolos, características, técnicas y estrategias. Para apoyar la investigación, planificamos e implementamos una intervención con tres madres para orientarlas sobre la aplicación de CAA con recursos de baja y alta tecnología a sus hijos de entre 5 y 8 años con objetivo de desarrollar la comunicación en la vida cotidiana. El objetivo general de la investigación fue analizar el proceso de mediación para poner en marcha el desarrollo del lenguaje y la comunicación de los niños. Esta fue una investigación cualitativa basada en los fundamentos de La teoría Socio-Histórico y metodología de investigación. Los materiales e instrumentos de investigación incluyen el análisis de documentos, observaciones, análisis de registros de audio y video, diario de campo e materiales producidos durante el período intervención, además de la Matriz de Comunicación (ROWLAND, 1996). Se discuten los datos producidos en relación a los instrumentos de evaluación para definir el perfil del niño y orientar a la definición de los objetivos de la intervención; en relación con el programa de intervención; en ilación a la mediación con la CAA para el desarrollo de la comunicación y la relación con la dimensión afectiva de la intercesión con la CAA. Los resultados indican que la Matriz de Comunicación es una herramienta apropiada para evaluar el nivel de desarrollo de las habilidades de comunicación y guiar el desarrollo de los objetivos para la con CAA en niños con autismo que no hablan. El programa de colaboración para poner en práctica CAA debe ser sensible al contexto y a las necesidades al mismo tiempo que proporciona apoyo donde sea necesario para promover la adhesión y el logro de las metas. Durante el proceso, nos dimos cuenta de la coorelación de la mediación simbólica, el rendimiento de la mediación y la mediación afectiva en la implementación y uso de la CAA. Desde una perspectiva epistémica socio-histórica, llegamos a la conclusión de que la CAA, como sistema, se configura como un poderoso artefacto de mediación cultural que abarca simultáneamente ambos símbolos e instrumentos. Sin embargo, la mediación no existe per se. La mediación se lleva a cabo en y por la acción conjunta de los procesos inter-psicológicos hacia los intra-psicológicos en la mediación de la acción y también la afectividad. Una vez que este conjunto de elementos trabajan de forma sinérgica en el uso de CAA, se pudo comprobar la creación de significados compartidos mutuamente, el desarrollo de la función comunicativa y la regulación del comportamiento del niño con autismo. A nivel macro, el potencial de la CAA es proporcionar apoyo para el acceso a la información y la superación de las barreras de comunicación, al extender la participación social de las personas con autismo con habla limitada.