Uma tribuna a serviço das lutas das mulheres : a trajetória política de Rachel Grazziotin em Caxias do Sul (1950-1996)

Abstract

Esta dissertação realiza uma análise com abordagem biográfica da trajetória política de Rachel Grazziotin em Caxias do Sul, entre os anos de 1950 e 1996, destacando sua atuação como professora, advogada, militante e vereadora. O estudo tem como objetivo investigar o percurso de uma mulher na segunda metade do século XX, utilizando a categoria de gênero como ferramenta analítica para compreender as possibilidades de atuação por ela construídas e suas interlocuções com grupos historicamente subalternizados. A pesquisa fundamenta-se em fontes variadas, como periódicos da imprensa local, discursos parlamentares, panfletos, documentos institucionais e entrevistas, articulando experiências individuais e dinâmicas sociais mais amplas. Os resultados indicam que a inserção de Rachel no espaço público esteve relacionada à mobilização de distintos capitais, tais como o político, o simbólico, o cultural, o social e o cultural, e à elaboração de estratégias de resistência em um campo marcado por desigualdades de gênero. Sua atuação evidenciou formas de enfrentamento às hierarquias sociais vigentes, especialmente por meio da aproximação com os movimentos feministas e da proposição de políticas públicas voltadas às mulheres, crianças, adolescentes e trabalhadoras(es). Conclui-se que sua trajetória contribui para o entendimento dos desafios e das possibilidades que atravessam a participação das mulheres na política institucional, bem como para o aprofundamento das reflexões sobre as relações de gênero e a história das mulheres no Brasil.

This dissertation undertakes a biographical analysis of the political trajectory of Rachel Grazziotin in Caxias do Sul, from 1950 to 1996, emphasizing her roles as a teacher, lawyer, activist, and city councilor. The study seeks to investigate the journey of a woman in the latter half of the 20th century, employing gender as an analytical framework to comprehend the agency she forged and her dialogues with historically subaltern groups. The research draws upon varied sources, including local newspapers, parliamentary addresses, pamphlets, institutional documents, and interviews, thereby linking individual experiences to wider social dynamics. The findings suggest that Rachel's insertion into the public sphere was linked to the mobilization of different forms of capital (political, symbolic, cultural, and social) and the elaboration of resistance strategies within a field characterized by gender inequality. Her actions revealed methods of challenging existing social hierarchies, particularly through her proximity to feminist movements and the proposal of public policies for women, children, adolescents, and workers. The study concludes that her trajectory enhances the understanding of the challenges and opportunities that permeate women's participation in institutional politics, while also contributing to a deeper scholarly discussion on gender relations and the history of women in Brazil.