Foi a nossa vez, nossa voz : o Movimento das Margaridas e a luta das trabalhadoras rurais no Rio Grande do Sul na década de 1980

Abstract

O presente trabalho tem por objetivo analisar o Movimento das Margaridas, grupo que reivindicava o reconhecimento da profissão de trabalhadora rural e a garantia dos direitos das mesmas durante a década de 1980 no Rio Grande do Sul. Se apresenta como um trabalho de história oral em que as entrevistas realizadas com cinco de suas integrantes têm protagonismo. Além disso, são analisadas outras fontes, como reportagens de jornal, arquivos pessoais e documentos do Serviço Nacional de Informações (SNI). Algumas das problemáticas que envolvem o tema são a construção da identidade do grupo, as disputas de memórias e narrativas entre as integrantes do Movimento das Margaridas, outros movimentos similares e instituições próximas a elas e, ainda, as especificidades das experiências das agricultoras enquanto mulheres, trabalhadoras rurais e militantes neste período. O grupo foi responsável por feitos como a organização do I Encontro Estadual de Trabalhadoras Rurais que reuniu 10 mil pessoas no estádio Beira Rio em 1985. Em 1986, uma comitiva de 80 mulheres do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina em Brasília reuniu-se com ministros, parlamentares e outras autoridades para reivindicar suas pautas. Fruto dessa mobilização foi a participação de uma das Margaridas em um grupo de trabalho criado pela Presidência da República que tinha por objetivo estudar e debater os rumos da previdência social no Brasil. Nos anos posteriores até a homologação da Constituição de 1988, as Margaridas participaram ativamente das discussões que definiram a garantia dos direitos trabalhistas e previdenciários das trabalhadoras rurais.

El presente trabajo tiene como objetivo analizar el Movimento das Margaridas, grupo que exigió el reconocimiento de la profesión de trabajadora rural y la garantía de sus derechos durante la década de 1980 en Rio Grande do Sul. Se presenta como una obra de historia oral en la que tienen un papel protagonista las entrevistas realizadas a cinco de sus integrantes. Además, se analizan otras fuentes, como notas periodísticas, expedientes personales y documentos del Serviço Nacional de Informação (SNI). Algunas de las cuestiones que rodean el tema son la construcción de la identidad del grupo, las disputas por memorias y narrativas entre las integrantes del Movimento das Margaridas, otros movimientos similares e instituciones cercanas a ellas y, también, las especificidades de sus experiencias como mujeres, trabajadoras rurales y activistas durante este período. El grupo fue responsable de grandes logros, como la organización del I Encontro Estadual de Trabalhadoras Rurais, que reunió a 10 mil personas en el estadio Beira Rio en 1985. En 1986, una delegación de 80 mujeres de Rio Grande do Sul y Santa Catarina en Brasilia se reunió con ministros, parlamentarios y otras autoridades para exigir sus agendas. El resultado de esta movilización fue la participación de una de las Margaridas en un grupo de trabajo creado por la Presidencia de la República cuyo objetivo era estudiar y debatir el rumbo de la seguridad social en Brasil. Las Margaridas participaron activamente en las discusiones que definieron la garantía de sus derechos laborales y de seguridad social en los años siguientes hasta la ratificación de la Constitución de 1988.