Urbanização, fragmentação socioespacial e repercussões na paisagem da cidade média de Santa Cruz do Sul-RS

Abstract

A cidade, enquanto espaço dinâmico de interações sociais, culturais e econômicas, apresenta uma dualidade: é um local de integração, mas também de exclusão. Este estudo busca analisar como se apresenta a fragmentação socioespacial e suas repercussões espaciais e sociais na paisagem urbana de cidades médias, considerando a paisagem como um registro das transformações históricas e sociais e como uma ferramenta analítica. A pesquisa tem como recorte espacial a cidade média de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, Brasil, e abrange o período de 1970 a 2022, identificando três fases do processo de fragmentação: ascensão agroindustrial e migração (1970-1993), diversificação econômica e segregação socioespacial (1993-2013), e consolidação do neoliberalismo e da fragmentação socioespacial (2013-2022). A metodologia combinou análises qualitativas e quantitativas, com abordagens históricas e geográficas para interpretar as transformações urbanas, utilizando indicadores ambientais, sociais, habitacionais e infraestruturais. Foram empregadas técnicas como pesquisa documental, análise espacial por meio do emprego de geoprocessamento e realização de entrevistas semiestruturadas. Com base nesses indicadores e em uma síntese espacial elaborada por variáveis quantitativas, foram identificados diferentes graus de fragmentação socioespacial. Os resultados evidenciam barreiras físicas e simbólicas que acentuam desigualdades e limitam a integração urbana. A fragmentação socioespacial em Santa Cruz do Sul gerou efeitos significativos na paisagem, com características contrastantes entre as suas regiões norte e sul. Enquanto o norte apresenta predominância de condomínios fechados e infraestrutura de alta qualidade voltados à população de alta renda, o sul concentra loteamentos populares marcados pela precariedade de serviços públicos e vulnerabilidade socioeconômica. A segregação persiste ao longo das cinco décadas analisadas, reforçada por políticas públicas e dinâmicas do mercado imobiliário, reproduzindo exclusões típicas de metrópoles em uma cidade média.

The city, as a dynamic space for social, cultural, and economic interactions, presents a duality: it is a place of integration, but also of exclusion. This study seeks to analyze how socio-spatial fragmentation presents itself and its spatial and social repercussions on the urban landscape of medium-sized cities, considering the landscape as a record of historical and social transformations and as an analytical tool. The research has as its spatial focus the medium-sized city of Santa Cruz do Sul, in Rio Grande do Sul, Brazil, and covers the period from 1970 to 2022, identifying three phases of the fragmentation process: agro-industrial rise and migration (1970-1993), economic diversification and socio-spatial segregation (1993-2013), and the consolidation of neoliberalism and fragmentation socio-spatial (2013-2022). The methodology combined qualitative and quantitative analyses, with historical and geographical approaches to interpret urban transformations, using environmental, social, housing, and infrastructural indicators. Techniques such as documentary research, spatial analysis through the use of geoprocessing, and semi-structured interviews were employed. Based on these indicators and a spatial synthesis elaborated by quantitative variables, different degrees of socio-spatial fragmentation were identified. The results show physical and symbolic barriers that accentuate inequalities and limit urban integration. The socio-spatial fragmentation in Santa Cruz do Sul has generated significant effects on the landscape, with contrasting characteristics between its northern and southern regions. While the north has a predominance of gated communities and high-quality infrastructure aimed at the high-income population, the south concentrates popular housing developments marked by the precariousness of public services and socioeconomic vulnerability. Segregation has persisted throughout the five decades analyzed, reinforced by public policies and real estate market dynamics, reproducing exclusions typical of metropolises in a medium-sized city.

La ciudad, como espacio dinámico de interacciones sociales, culturales y económicas, presenta una dualidad: es un lugar de integración, pero también de exclusión. Este estudio busca analizar cómo se presenta la fragmentación socioespacial y sus repercusiones espaciales y sociales en el paisaje urbano de ciudades medianas, considerando el paisaje como un registro de las transformaciones históricas y sociales y como una herramienta analítica. La investigación tiene como recorte espacial la ciudad mediana de Santa Cruz do Sul, en Rio Grande do Sul, Brasil, y abarca el período de 1970 a 2022, identificando tres fases del proceso de fragmentación: ascenso agroindustrial y migración (1970-1993), diversificación económica y segregación socioespacial (1993-2013), y consolidación del neoliberalismo y de la fragmentación socioespacial (2013-2022). La metodología combinó análisis cualitativos y cuantitativos, con enfoques históricos y geográficos para interpretar las transformaciones urbanas, utilizando indicadores ambientales, sociales, habitacionales y de infraestructura. Se emplearon técnicas como investigación documental, análisis espacial mediante el uso de geoprocesamiento y realización de entrevistas semiestructuradas. Con base en estos indicadores y en una síntesis espacial elaborada por variables cuantitativas, se identificaron diferentes grados de fragmentación socioespacial. Los resultados evidencian barreras físicas y simbólicas que acentúan las desigualdades y limitan la integración urbana. La fragmentación socioespacial en Santa Cruz do Sul generó efectos significativos en el paisaje, con características contrastantes entre sus regiones norte y sur. Mientras que el norte presenta un predominio de condominios cerrados e infraestructura de alta calidad dirigidos a la población de altos ingresos, el sur concentra loteos populares marcados por la precariedad de los servicios públicos y la vulnerabilidad socioeconómica. La segregación persiste a lo largo de las cinco décadas analizadas, reforzada por políticas públicas y dinámicas del mercado inmobiliario, reproduciendo exclusiones típicas de las metrópolis en una ciudad mediana.