Tecitura de territórios na periferia brasileira : territorialização de práticas coletivas por mulheres costureiras

Abstract

Essa dissertação busca investigar de que maneira mulheres de periferia que se organizam coletivamente para geração de renda subvertem as práticas de trabalho consideradas femininas e criam, assim, ferramentas de emancipação feminina e de luta comunitária que impactam seus territórios quando em bairros brasileiros social e geograficamente periféricos; bem como de que maneira esses territórios influenciam na vida e nas práticas de trabalho dessas mulheres. Considera-se, aqui, gênero e territorialidade como marcadores sociais da diferença que impactam fortemente a maneira que as cidades são acessadas. A fundamentação teórica parte do conceito de território usado de Milton Santos; considerando as contribuições de Eber Marzulo para discutir o espaço dos pobres enquanto território, e de Rogério Haesbaert para discutir identidade e territorialização; utiliza as ideias-força de Verônica Gago de extrativismo ampliado e corpo-território para situar as novas formas de exploração capitalista-patriarcal dos corpos femininos do Sul Global; para discutir as finanças enquanto território, Luci Cavallero e Gago fundamentam a discussão sobre economia feminista, e Luciana do Lago e Paul Singer são as principais referencias para discutir economias populares e economia solidária. A partir de um pensamento feminista situado e contra-colonial que demandou uma perspectiva localizada e parcial, o método da pesquisa é estruturado por Verônica Gago, Rita Segato, Ochy Curiel, Donna Haraway, e Antonio Bispo dos Santos. A pesquisa envolveu um estudo de caso de experiência territorializada de organização do trabalho feminino coletivo, e se organizou principalmente através de conversas-entrevistas que foram o fio que teceu a trama e orientou o processo, fazendo das trabalhadoras entrevistadas sujeitos ativos da pesquisa. O caso investigado é de uma cooperativa de costureiras localizada na Vila Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Sarandi, Zona Norte de Porto Alegre, fundada em 1996 em um contexto de Orçamento Participativo e que hoje possui diversos desdobramentos em escala local e nacional.

This dissertation aims to investigate how women from the periphery that collectively organize themselves to generate income subvert ‘feminine’ work practices and thus create tools for female emancipation and community struggles that impact their territories when in social and geographic peripheral neighborhoods in Brazil; as well as how these territories influence on these women’s lives and work practices. Gender and territoriality are considered here as social markers of difference that strongly impact the way cities are accessed. The theoretical foundation is based on Milton Santos' concept of used territory; considering the contributions of Eber Marzulo to discuss the space of the poor as territory, and of Rogério Haesbaert to discuss identity and territorialization; uses Verônica Gago's ideas-force of expanded extractivism and body-territory to situate the new forms of capitalist-patriarchal exploitation of female bodies in the Global South; to discuss finance as a territory, Luci Cavallero and Gago base the discussion on feminist economics, and Luciana do Lago and Paul Singer are the main references to discuss popular economies and solidarity economy. Based on a situated and counter-colonial feminist thinking that demanded a localized and partial perspective, the research method is structured by Verônica Gago, Rita Segato, Ochy Curiel, Donna Haraway, and Antonio Bispo dos Santos.The research involved a case study of a territorialized experience of collective female work organization, and was organized mainly through conversations-interviews that were the thread that wove the plot and guided the research, making the workers interviewed active subjects of the same. was based mainly on conversation-interviews, which were the thread that weaves the weave and guided the process, making the interviewed workers active subjects of the research. The case investigated is a seamstress cooperative located in Vila Nossa Senhora Aparecida, in the Sarandi neighborhood, North Zone of Porto Alegre. The cooperative was founded in 1996 in a context of Participatory Budgeting and today has several developments on a local and national scale.

Esta disertación busca investigar cómo mujeres de la periferia que se organizan colectivamente para generar ingresos subvierten prácticas laborales consideradas femeninas, creando así herramientas de emancipación femenina y lucha comunitaria que impactan sus territorios cuando están ubicados en barrios brasileños social y geográficamente periféricos; y también cómo estos territorios influyen en las vidas y prácticas laborales de estas mujeres. Aquí, el género y la territorialidad se consideran marcadores sociales de diferencia que impactan fuertemente la forma en que se accede a las ciudades. La fundamentación teórica se basa en el concepto de territorio usado de Milton Santos; considerando los aportes de Eber Marzulo para discutir el espacio de los pobres como territorio, y de Rogério Haesbaert para discutir identidad y territorialización; utiliza las ideas-fuerza de Verônica Gago sobre el extractivismo ampliado y el cuerpo-territorio para situar nuevas formas de explotación capitalista-patriarcal de los cuerpos femeninos en el Sur Global; para discutir las finanzas como territorio, Luci Cavallero y Gago apoyan la discusión sobre economía feminista, y Luciana do Lago y Paul Singer son los principales referentes para discutir economías populares y economía solidaria. A partir de un pensamiento feminista situado y contracolonial que exigió una perspectiva localizada y parcial, el método de investigación es estructurado por Verônica Gago, Rita Segato, Ochy Curiel, Donna Haraway y Antonio Bispo dos Santos. La investigación abordó un estudio de caso de una experiencia territorializada de organización del trabajo colectivo femenino, y se organizó principalmente a través de conversaciones-entrevistas que fueron el hilo conductor que tejió la trama y guió el proceso, convirtiendo a las trabajadoras entrevistadas en sujetos activos de la investigación. El caso investigado es el de una cooperativa de costureras ubicada en Vila Nossa Senhora Aparecida, en Bairro Sarandi, Zona Norte de Porto Alegre. La cooperativa, fundada en 1996 en un contexto de Presupuesto Participativo y que hoy cuenta con varios desarrollos a escala local y nacional.