Políticas públicas de gênero na socioeducação feminina no Rio Grande do Sul

Abstract

A presente dissertação analisou a política pública de gênero destinadas às adolescentes mulheres que cumprem medida socioeducativa de internação no Centro de Atendimento Socioeducativo Feminino (CASEF) da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul (FASE/RS). A partir de um olhar crítico de gênero, a pesquisa teve o intuito de contribuir com subsídios teóricos para um (re)pensar da política pública socioeducativa feminina numa perspectiva de gênero e, a partir da experiência social das adolescentes, contribuir de forma efetiva com o desenvolvimento da autonomia crítica delas. O gênero é tratado na presente dissertação como produto de uma construção social que carrega no seu âmago inúmeras desigualdades sociais e econômicas, intimamente ligadas ao sistema capitalista e patriarcal, que se beneficia desta conjuntura de desigualdades. Trata-se de um estudo qualitativo, de caráter exploratório, fundamentado pelo método histórico- dialético, realizado em duas etapas. Inicialmente, foi realizada a pesquisa documental das legislações que fundamentam as políticas públicas e as práticas socioeducativas levadas a efeito no CASEF, a partir de uma perspectiva de gênero, com o intuito de se identificar o que se tem previsto e as eventuais contradições. Feito esse levantamento, realizaram-se a observação participante e entrevistas semiestruturadas com todas as adolescentes que estavam cumprindo medida socioeducativa de internação sem possibilidade de saída externa no período de 2023, a fim de se obter informações no âmbito prático, sempre tendo como orientação as particularidades do gênero, assim como a perspectiva das adolescentes. Ao todo, foram entrevistadas seis adolescentes de todo Rio Grande do Sul. Os critérios de participação foi a voluntariedade e estar em cumprimento de medida socioeducativa de internação sem possibilidade de saída externa. Os resultados do estudo apontam para uma ausência de uma perspectiva de gênero na política socioeducativa a partir da análise dos documentos legais que a fundamentam e dos relatos das participantes, que contam as atividades na instituição. Além da ausência, constatou-se o reforço dos estereótipos de gênero no marco institucional, a partir das atividades desenvolvidas, que visam cumprir o caráter pedagógico da medida, contribuindo de forma efetiva na manutenção de uma estrutura social desigual que vitimiza as mulheres. Por fim, a trajetória de vida das adolescentes demonstra que, embora possuam realidades particulares que individualiza cada história, há pontos em comum entre as seis: a referência feminina e a ausência da figura paterna, a desproteção familiar, a necessidade de assumirem responsabilidades de adulta ainda quando crianças, a violência de gênero, o tráfico de drogas e a violência policial; são elementos que aparecem em quase todos os relatos, não podendo a Socioeducação ser alheia a esta realidade. Os sonhos de serem advogadas, de constituírem uma família, de recuperar a guarda dos filhos, de ter sua casa própria, entre outros, por elas relatos são o principal motor que impulsiona o presente trabalho.

La presente disertación analizó la política pública socioeducativa con perspectiva de género destinada a las adolescentes mujeres que cumplen medida socioeducativa de internación en el Centro de Atendimento Socioeducativo Feminino (CASEF) de la Fundação de Atendimento Socioeducativo del Estado de Rio Grande do Sul (FASE/RS). A partir de una mirada crítica de género, la investigación ten por objetivo apresentar contribuciones con subsidios teóricos para repensar la política pública socioeducativa femenina con perspectiva de género que lleve en cuenta la experiencia social de las adolescentes, de forma que se contribuya de forma efectiva con el desarrollo de una autonomía crítica de ellas. El género es tratado en la presente disertación como producto de una construcción social que carga en su interior muchas desigualdades sociales y económicas, íntimamente relacionadas a el sistema capitalista y patriarcal, que obtiene beneficios de esta realidad de desigualdades. Se trata de un estudio cualitativo, de carácter exploratorio, fundamentado por el método histórico-dialéctico, realizado en dos etapas. Inicialmente se llevó a cabo la investigación documental de la legislación que fundamenta las políticas públicas y prácticas socioeducativas desarrolladas en el CASEF con perspectiva de género, con la finalidad de identificar el contenido y sus eventuales contradicciones. En seguida, se llevó a efecto la observación participante y entrevistas semis-estructuradas con todas las adolescentes que estaban cumpliendo medida socioeducativa de internación sin posibilidad de salida externa en el período de 2023, con la finalidad de obtener informaciones en el ámbito práctico, siempre teniendo como norte las particularidades de género, así como la perspectiva de las adolescentes. Fueron entrevistadas seis adolescentes de todo el Estado de Rio Grande do Sul. Los criterios de participación fueron la voluntariedad y estar cumpliendo medida socioeducativa de internación sin posibilidad de salida externa. El resultado del estudio demuestra una ausencia de perspectiva de género en la política pública socioeducativa, constatada a partir del análisis de los documentos legales que la fundamentan, así como de los relatos de las participantes sobre las actividades institucionales. Además de la ausencia, fue constatado el fortalecimiento de estereotipos de género en el marco institucional a partir de las actividades desarrolladas que tienen por objetivo cumplir el carácter pedagógico de la medida, contribuyendo de forma efectiva en la manutención de una estructura social desigual que victimiza a las mujeres. Por fin, la trayectoria de vida de las adolescentes demuestra que, a pesar de sus particularidades que individualiza cada historia, existen puntos en común entre las seis: la referencia femenina y la ausencia de la figura paterna, la ausencia de protección familiar y estatal, la necesidad de asumir responsabilidades adultas aun siendo niñas, la violencia de género, el tráfico de drogas y la violencia policial son elementos que aparecen en casi todos los relatos, razón por la cual la socio-educación no puede ser ajena. Los sueños de ser abogada, de constituir familia, de recuperar la guarda de sus hijos, de tener su casa propia, entre otros, de ellas son el principal motor que conduce el presente trabajo.