Drosófilas, Antropoceno e pesquisa genética : uma etnografia em um laboratório universitário de Porto Alegre
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Data
2024Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
A partir de um trabalho etnográfico transcorrido no Laboratório de Drosophila da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a relação entre cientistas e drosófilas (moscas-das-frutas) são estudadas à luz do Antropoceno. O objetivo geral da pesquisa é investigar os processos sociais que perpassam e se entrelaçam ao fazer científico do Laboratório. Frente a este, estabelecem-se como objetivos específicos: (i) analisar as dinâmicas interacionais entre os agentes (humanos e/ou não-humanos) ...
A partir de um trabalho etnográfico transcorrido no Laboratório de Drosophila da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a relação entre cientistas e drosófilas (moscas-das-frutas) são estudadas à luz do Antropoceno. O objetivo geral da pesquisa é investigar os processos sociais que perpassam e se entrelaçam ao fazer científico do Laboratório. Frente a este, estabelecem-se como objetivos específicos: (i) analisar as dinâmicas interacionais entre os agentes (humanos e/ou não-humanos) do Laboratório em contextos diversos; (ii) analisar os modos através dos quais o Laboratório se situa no Antropoceno, enquanto um espaço ao mesmo tempo construtor de narrativas e afetado pelas consequências das mudanças ambientais; e (iii) investigar como se dão as práticas de pesquisa genética no Laboratório e o papel das moscas-das-frutas neste contexto. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, na qual foi empregada como técnica de campo a observação participante. Ainda, foram considerados como fontes de dados registros produzidos pelos membros do Laboratório, como fotografias e materiais escritos. No Capítulo 1 é discutido que, em um plano simbólico, as drosófilas são utilizadas pelos cientistas como expoente para a criação de um sentimento de pertencimento a uma linhagem histórica que os diferencia de outros grupos de pesquisadores. A partir dessa constatação, propõe-se considerar as drosófilas como um totem em um chamado “totemismo científico”. No Capítulo 2, a pandemia de Covid-19 assume um papel central na discussão, uma vez que se trata do maior evento médico-sócio-ambiental da história recente do Antropoceno. Os impactos do isolamento social na produção científica do Laboratório e na vida pessoal dos cientistas, as quais se misturam em diversos momentos, são considerados a partir de duas perspectivas: (i) o aumento da importância do digital nas pesquisas científicas; e (ii) a desestruturação de uma rede de cuidado e ajuda que é estabelecida a partir do convívio diário no Laboratório. Por fim, no Capítulo 3, as drosófilas são pensadas enquanto espécies companheiras que navegam o Antropoceno juntamente com os cientistas que interagem diariamente com elas. Ao separar os termos ‘drosófila’ e ‘moscas-das-frutas’ como unidades culturais construídas por grupos e discursos distintos, o discurso científico sobre as drosófilas é analisado como um construtor de narrativas sobre o Antropoceno. A partir dele, conclui-se que as drosófilas são objetos complexos e instáveis que transitam entre categorias distintas dentro da crise animalitária do Antropoceno. ...
Abstract
Based on an ethnographic work carried out at the Laboratory of Drosophila at the Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), the relationships between scientists and Drosophila (fruit flies) are studied in light of the Anthropocene. The general objective of the research is to investigate the social processes that permeate and intertwine with the Laboratory's scientific work. In view of this, the following specific objectives are established: (i) analyze the interactional dynamics amongst ...
Based on an ethnographic work carried out at the Laboratory of Drosophila at the Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), the relationships between scientists and Drosophila (fruit flies) are studied in light of the Anthropocene. The general objective of the research is to investigate the social processes that permeate and intertwine with the Laboratory's scientific work. In view of this, the following specific objectives are established: (i) analyze the interactional dynamics amongst agents (human and/or non-human) of the Laboratory in different contexts; (ii) analyze the ways in which the Laboratory is situated in the Anthropocene, as a space that simultaneously constructs narratives and is affected by the consequences of environmental changes; and (iii) investigate how genetic research practices occur in the Laboratory and the role of fruit flies in this context. This is a qualitative research, in which participant observation was used as the primary field technique. Furthermore, records produced by members of the Laboratory, such as photographs and written materials, were also considered as data sources. In Chapter 1 it is discussed that, on a symbolic level, Drosophila are used by scientists as an exponent to create a feeling of belonging to a historical lineage that differentiates them from other groups of researchers. Based on this observation, it is proposed to consider Drosophila as a totem in a so-called “scientific totemism”. In Chapter 2, the Covid-19 pandemic assumes a central role in the discussion, as it is the biggest medical-social-environmental event in recent history. The impacts of social isolation on the Laboratory's scientific production and on the scientists' personal lives, which often intertwine, are considered from two perspectives: (i) the increased importance of digital practices in scientific research; and (ii) the disruption of a network of care that is established through the daily interactions on the Laboratory. In Chapter 3, Drosophila are thought of as companion species that navigate the Anthropocene together with the scientists who interact with them daily. By separating the terms 'drosophila' and 'fruit flies' as cultural units constructed by distinct groups and discourses, the scientific discourse on Drosophila is analyzed as a maker of narratives about the Anthropocene. Therefore, it is concluded that Drosophila are complex and unstable objects that move between different categories within the animal crisis of the Anthropocene. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social.
Coleções
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Ciências Humanas (7489)Antropologia Social (474)
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