Decifra-me ou te devoro : a ética profissional no trabalho de assistentes sociais em tempos de precarização

Abstract

O presente estudo sistematiza os resultados obtidos em pesquisa realizada no âmbito do mestrado acadêmico em Política Social e Serviço Social. Teve como objetivo geral analisar as expressões da ética profissional no trabalho de assistentes sociais com a finalidade de refletir sobre desafios e perspectivas para sua efetivação em consonância com o Projeto Ético-Político profissional. Deste modo, trata-se de uma pesquisa de campo e bibliográfica, caracterizada enquanto estudo exploratório descritivo combinado e orientado pela perspectiva do método materialista histórico dialético. Utilizou-se de questionário online para coleta das informações e posterior Análise de Conteúdo, frequência dos dados e estatística simples dos resultados, que conformam seu enfoque misto. O estudo contou com a participação de 168 assistentes sociais trabalhadoras/es de distintos municípios do estado do Rio Grande do Sul. O perfil é composto majoritariamente por mulheres, solteiras, autodeclaradas brancas, se identificam com a religião católica, cuidadoras, com idade entre 36 e 50 anos, graduadas entre 2011 e 2021, na modalidade presencial e com alguma pós graduação lato-sensu. Ademais, aborda-se as questões relativas às condições e relações de trabalho e se constata que a maioria das/os participantes estão inseridas/os no setor público, por meio de concurso, nas áreas de Assistência Social, Saúde e Educação, exercendo uma carga horária semanal entre 31 e 44 horas, cuja faixa salarial mais significativa foi a de 4 a 10 salários-mínimos. Também se evidencia as precarizações e dificuldades vivenciadas no cotidiano do trabalho, especialmente em tempos de pandemia, onde a maioria das participantes permaneceram em trabalho presencial, com condições éticas e técnicas reduzidas diante da complexificação dos desafios éticos impulsionados pelo contexto sanitário. Ao sistematizar as dificuldades e desafios para efetivação da ética no trabalho de assistentes sociais, infere-se que, por um lado, para a permanente produção de desgastes físicos e mentais, desencadeando processos de sofrimento no/do trabalho, gerando sentimentos de incompetência, insegurança e medo; e por outro lado, também faz com que se busquem alternativas para superação dos desafios, por meio de estratégias de resistências, sejam elas individuais e/ou coletivas. Em relação às estratégias utilizadas para o enfrentamento dos desafios éticos vivenciados no cotidiano profissional, foi possível constatar que 59,5% das/os participantes indicaram que são estratégias tanto individuais, quanto coletivas. Ao passo que 28% apenas coletivas, 7,1% apenas individuais e 5,4% nenhuma das alternativas. Assim, entende se que para a construção de possibilidades reais de análise, resistências e superação de desafios no cotidiano do trabalho, há de se fortalecer os valores ético-políticos hegemonicamente defendidos pela categoria profissional por meio da participação em espaços coletivos, tanto da categoria profissional quanto dela articulada aos demais movimentos da classe trabalhadora.

This study systematizes the results obtained from research carried out as part of an academic master's degree in Social Policy and Social Work. Its general objective was to analyze the expressions of professional ethics in the work of social workers in order to reflect on the challenges and perspectives for its implementation in line with the professional Ethical-Political Project. This is a field and bibliographical study, characterized as a combined exploratory-descriptive study and guided by the perspective of the historical-dialectical materialist method. It used an online questionnaire to collect the information and subsequent content analysis, data frequency and simple statistics of the results, which make up its mixed approach. The study involved 168 social workers from different municipalities in the state of Rio Grande do Sul. The profile is made up mostly of women, single, self-declared white, who identify with the Catholic religion, caregivers, aged between 36 and 50, who graduated between 2011 and 2021, in the face-to-face modality and with some lato sensu postgraduate studies. In addition, issues relating to working conditions and relationships were addressed and it was found that the majority of participants were employed in the public sector, through competitive examinations, in the areas of Social Assistance, Health and Education, working a weekly workload of between 31 and 44 hours, with the most significant salary range being between 4 and 10 minimum wages. There is also evidence of the precariousness and difficulties experienced in daily work, especially in times of pandemic, where most of the participants remained in face-to face work, with reduced ethical and technical conditions in the face of the complexification of ethical challenges driven by the health context. By systematizing the difficulties and challenges for the implementation of ethics in the work of social workers, it can be inferred that, on the one hand, this leads to the permanent production of physical and mental exhaustion, triggering processes of suffering at work, generating feelings of incompetence, insecurity and fear; and on the other hand, it also leads to the search for alternatives to overcome the challenges, through strategies of resistance, whether individual and/or collective. With regard to the strategies used to deal with the ethical challenges experienced in everyday professional life, it was possible to see that 59.5% of the participants indicated that they were both individual and collective strategies. 28% were only collective, 7.1% only individual and 5.4% none of the above. Thus, it is understood that in order to build real possibilities for analysis, resistance and overcoming challenges in everyday work, the ethical-political values hegemonically defended by the professional category must be strengthened through participation in collective spaces, both within the professional category and articulated with other working class movements.

Este estudio sistematiza los resultados obtenidos en la investigación realizada en el ámbito del máster académico en Política Social y Trabajo Social. Su objetivo general fue analizar las expresiones de la ética profesional en el trabajo de las y los trabajadores sociales con el fin de reflexionar sobre los retos y perspectivas de su aplicación en consonancia con el Proyecto Ético-Político profesional. Se trata, pues, de una investigación de campo y bibliográfica, caracterizada como un estudio combinado exploratorio-descriptivo y guiado por la perspectiva del método materialista histórico-dialéctico. Se utilizó un cuestionario en línea para recoger la información y el posterior análisis de contenido, la frecuencia de los datos y la estadística simple de los resultados, que conforman su enfoque mixto. El estudio contó con la participación de 168 trabajadores sociales de diferentes municipios del estado de Rio Grande do Sul. El perfil está compuesto mayoritariamente por mujeres, solteras, auto declaradas de color blanco, se identifican con la religión católica, cuidadoras, con edades comprendidas entre los 36 y 50 años, graduadas entre 2011 y 2021, en la modalidad presencial y con algún postgrado lato-sensu. Además, se abordan las cuestiones relacionadas con las condiciones y relaciones de trabajo y se constata que la mayoría de las participantes se insertan en el sector público, a través de concurso, en las áreas de Asistencia Social, Salud y Educación, ejerciendo una carga de trabajo semanal entre 31 y 44 horas, cuyo rango salarial más significativo estaba entre 4 y 10 salarios mínimos. También es evidente la precariedad y las dificultades experimentadas en el trabajo diario, especialmente en tiempos de pandemia, donde la mayoría de las participantes permanecieron en el trabajo presencial, con condiciones éticas y técnicas reducidas frente a la complexificación de los desafíos éticos impulsados por el contexto sanitario. Al sistematizar las dificultades y desafíos para la concretización de la ética en el trabajo de las trabajadoras sociales, se infiere que, por un lado, por la producción permanente de desgaste físico y mental, desencadenando procesos de sufrimiento en/del trabajo, generando sentimientos de incompetencia, inseguridad y miedo; y, por otro lado, también hace que se busquen alternativas para superar los desafíos, a través de estrategias de resistencia, ya sean individuales y/o colectivas. En cuanto a las estrategias utilizadas para hacer frente a los desafíos éticos experimentados en el día a día profesional, se pudo comprobar que el 59,5% de los participantes indicaron que se trata de estrategias tanto individuales cuanto colectivas. Mientras que el 28% era sólo colectivo, el 7,1% sólo individual y el 5,4% ninguna de las alternativas. Así, se entiende que, para la construcción de posibilidades reales de análisis, resistencia y superación de desafíos en el trabajo cotidiano, es necesario fortalecer los valores ético-políticos defendidos hegemónicamente por la categoría profesional a través de la participación en espacios colectivos, tanto de la categoría profesional como articulados con otros movimientos de la clase trabajadora.