Avaliação do comportamento alimentar em ratos submetidos ao estresse crônico variado : interações hormonais e neuroquímicas
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Data
2003Autor
Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Resumo
Alterações sobre o comportamento alimentar têm sido relatadas após exposição a situações de estresse. O modelo de estresse crônico variado causa uma diminuição do consumo de alimento doce. Nesta tese, estudamos o comportamento alimentar em animais submetidos ao estresse crônico variado e avaliamos alguns parâmetros relacionados ao comportamento alimentar em animais cronicamente estressados, tais como monoaminas no encéfalo e níveis séricos de leptina, os quais estão sabidamente envolvidos no co ...
Alterações sobre o comportamento alimentar têm sido relatadas após exposição a situações de estresse. O modelo de estresse crônico variado causa uma diminuição do consumo de alimento doce. Nesta tese, estudamos o comportamento alimentar em animais submetidos ao estresse crônico variado e avaliamos alguns parâmetros relacionados ao comportamento alimentar em animais cronicamente estressados, tais como monoaminas no encéfalo e níveis séricos de leptina, os quais estão sabidamente envolvidos no controle da ingestão de alimento. Além de utilizarmos ratos machos, ratos fêmeas foram estudadas, assim como a possível interação entre hormônios ovarianos e os efeitos do estresse crônico sobre o comportamento alimentar, pois as respostas fisiológicas e comportamentais ao estresse são muitas vezes sexualmente dimórficas. Uma vez que o estresse crônico variado tem sido sugerido como um modelo de depressão em animais, também avaliamos a atividade da Na+,K+-ATPase em membranas plasmáticas sinápticas e os efeitos do antidepressivo fluoxetina. Observou-se diminuição na ingestão de alimento doce após 30 ou 40 dias de estresse, mas não após 20 dias. Durante o tratamento, não houve alteração no consumo de água e de ração padrão. Animais machos submetidos ao estresse crônico variado por 40 dias apresentaram aumento no metabolismo de serotonina e dopamina hipocampais. Observaram-se também um aumento na atividade dopaminérgica no córtex-frontal e uma diminuição no hipotálamo. Na amígdala, não foram observadas alterações nos níveis dos neurotransmissores estudados. As estruturas centrais estudadas podem estar envolvidas de forma direta ou indireta na regulação do apetite e do humor. Ratas fêmeas estressadas cronicamente apresentaram diminuição na atividade da enzima Na+,K+ -ATPase no hipocampo, que foi revertida após tratamento de 60 dias de tratamento com fluoxetina, e este resultado está de acordo com sugestões de que a atividade da Na+,K+-ATPase esteja reduzida em transtornos depressivos e, portanto, reforçam este modelo como um modelo de depressão em animais. Adicionalmente, avaliamos a interação entre níveis de estradiol e estresse crônico variado em relação à ingestão de alimento doce e nos níveis de leptina, um hormônio secretado por células adiposas, com papel na regulação do apetite. Embora os animais (ratas ovariectomizadas) recebendo reposição com estradiol tenham apresentado menor ganho de peso, apresentaram aumento no consumo de alimento doce. Os animais do grupo estressado apresentaram níveis aumentados de leptina aos 30 dias de estresse, acompanhado da diminuição no consumo de doce. Nesses animais, a reposição com estradiol preveniu tanto a redução no consumo de alimento doce quanto o aumento nos níveis de leptina, sugerindo uma interação entre estresse crônico e reposição com estradiol no que tange ao comportamento alimentar, especificamente o consumo de alimento doce, e que essa interação pode estar relacionada com alterações nos níveis de Ieptina. A interação entre tratamento crônico com fluoxetina e níveis de leptina também foi estudada nesses animais cronicamente estressados. Após 40 dias de estresse, iniciou-se o tratamento com fluoxetina, que causou uma redução nos níveis de leptina dos animais controles, sem apresentar alterações nos níveis de leptina dos estressados. Podemos concluir que o estresse crônico variado pode afetar os níveis de leptina e que esse efeito é dependente do período de exposição ao estresse e da presença de estradiol, sendo também modulado por fluoxetina. O efeito do estresse crônico variado sobre o comportamento alimentar manifesta-se em machos e em fêmeas, e necessita mais de 20 dias de exposição ao estresse para se manifestar. É possível que os efeitos relatados nesta tese estejam relacionados, pelo menos em parte, com níveis alterados de Ieptina rio soro e com neurotransmissão serotoninérgica e dopaminérgica alterada no encéfalo. No entanto, o mecanismo envolvido neste efeito e a relação entre esses parâmetros ainda necessita de mais estudos. ...
Abstract
Exposure to stress may cause either an increase or a decrease in food intake. lt was observed that chronic variate stress decrease the ingestion of sweet food when compared to control rats. ln this thesis, we aimed to study feeding behavior in chronically stressed rats and evaluate some parameters related to their feeding behavior, such as brain monoamines and leptin levels in serum, which are known to be involved in the control of food intake. Besides using male rats, females were studied. lt ...
Exposure to stress may cause either an increase or a decrease in food intake. lt was observed that chronic variate stress decrease the ingestion of sweet food when compared to control rats. ln this thesis, we aimed to study feeding behavior in chronically stressed rats and evaluate some parameters related to their feeding behavior, such as brain monoamines and leptin levels in serum, which are known to be involved in the control of food intake. Besides using male rats, females were studied. lt was evaluated the possible interaction between stress effects on feeding behavior and ovarian hormones, since behavioral and physiological responses to stress are sometimes sexually dimorphic. Since chronic variate stress has been suggested as a model of depression, we also evaluated Na+,K+-ATPase activity in hippocampal synaptic plasma membranes, and the effects of an antidepressive, fluoxetine. Chronic variate stress decreased sweet food intake at 30 and 40 but not at 20 days of treatment. During the treatment, there were no differences in the consumption of water and regular food between stressed and control animals. lncreased levels of DOPAC were observed in the frontal cortex and in the hippocampus, and an increased 5-HIAA/5-HT ratio was also observed in this latter structure. ln the hypothalamus, levels of HVA and DOPAC were decreased, as well as the DOPAC/DA ratio, while no difference was found in amygdala. Therefore, chronic variate stress caused decreased dopaminergic neurotransmission in hypothalamus, and increased dopaminergic neurotransmission in the cortex and hippocampus, with increased serotonergic activity also in hippocampus. Some of these modifications may be related to alterations in feeding behavior. Reduction of hippocampal Na+,K+-ATPase activity was also observed. Treatment with fluoxetine increased this enzyme activity, and reversed the effect of stress. Chronic fluoxetine decreased the ingestion of sweet food. This result is in agreement with suggestions that reduction of Na+,K+-ATPase activity is a caracteristic of depressive disorders. ln addition, we evaluated the interaction between estradiol levels and chronic variate stress on the intake of sweet food and on serum levels of leptin, a hormone secreted by the adipose cells with a role in the regulation of body weight. Although animals receiving estradiol replacement presented smaller weight gain, they showed an increased consumption of sweet food. Estradiol replacement in the stressed group prevented both the reduction observed in sweet food intake and the increase in leptin levels, suggesting an interaction between chronic stress and estradiol replacement in feeding behavior, concerning sweet food consumption, and that this interaction may be related to altered leptin levels. The interaction between chronic fluoxetine treatment and leptin levels in animals submitted to chronic variate stress was also studied. After 30 days of chronic stress, the animals presented increased leptin levels compared to controls, as well as decreased consumption of sweet food. After this first stress period, the animals received daily injections of saline or fluoxetine (8mg/kg, i.p.). On the 60th day of fluoxetine treatment leptin levels were decreased in fluoxetine-treated animals indicating no effect of stress. ln addition, chronic fluoxetine treatment induced a strong reduction in leptin levels. We conclude that chronic variate stress may affect leptin levels, and that this effect is dependent on the time of stress exposure, and on the presence of estradiol, being also modulated by fluoxetine. lt is possible that the chronic variate stress effects reported herein on feeding behavior may be related, at least in part, with altered leptin levels in serum and altered serotonergic and dopaminergic neurotransmission in the brain. Nevertheless, the neurobiological mechanism involved in this effect and the relationship between all these parameters still require further studies. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Ciências Básicas da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas : Bioquímica.
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