Por elas : retratos do cotidiano do cuidado de pessoas em situação de uso de drogas

Abstract

A presente dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Política Social e Serviço Social da UFRGS, teve como objetivo conhecer como as mulheres cuidadoras de pessoas em situação de uso de drogas descrevem as formas cotidianas desse trabalho, visando compreender o contexto em que se inserem junto aos serviços de saúde e demais equipamentos sociais e colaborar com a criação de políticas públicas. Sabe-se que o uso prejudicial de álcool e outras drogas afeta várias sessões do cotidiano de quem usa e de quem está em sua volta. Ao longo da história, a mulher é vista como cuidadora, seja da casa, seja dos filhos. Com o passar dos anos, as mulheres assumiram tarefas para além do cuidado, se inserindo em processos de trabalho assalariado. Sabe-se que, na área da saúde mental, a família foi incluída para participar de decisões e do tratamento a partir da Lei nº 10.216. Com isso, sucessivas aproximações de uma rede de apoio foram se consolidando. A pesquisa realizada foi qualitativa, descritiva, exploratória, na perspectiva do materialismo histórico-dialético, através de entrevistas realizadas com cinco mulheres em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (Caps-ad) do município de Porto Alegre. Para a análise de dados, foi usado o método de análise de conteúdo, a partir de Minayo. O principal achado foi que as mulheres, que são a maioria dos que fazem o trabalho de cuidado com as pessoas em situação de uso de drogas, acabam passando por diversas expressões da questão social, tais como violências, sobrecarga, falta de rede de apoio, falta de recursos e de políticas sociais para esse público. O cuidado, como uma das categorias principais dessa dissertação, passa a ser visto como um trabalho, porém não identificado pelas mulheres que o fazem.

The purpose of this dissertation of the master’s degree from the Graduate Studies Program in Social Politics and Social Service of UFRGS was to know how women who are caregivers of drug users describe the daily tasks of this job, aiming to understand the context they are in along with the health services and other social equipment, as well as to cooperate with the creation of public policies. It is known that the prejudicial use of alcohol and other drugs affects several everyday sections of who uses it and who is around them. Throughout history, a woman is seen as a caregiver of the house or of her children. Over the years, women took over tasks beyond care, inserting themselves in salaried work processes. It is known that, in the mental health field, family was included to participate in decisions and treatment, according to Law 10,216. Thus, successive approximations of a support network were consolidating. The research carried out was qualitative, descriptive, exploratory, and in the perspective of the historical and dialectical materialism, through interviews with five women in a Psychosocial Care Center – Alcohol and Other Drugs (Caps-ad) in the city of Porto Alegre. The Minayo’s method of content analysis was used for the data analysis. The main finding was that women, who are most of those who do the work as caregivers of drug users, end up going through a lot of expressions of social issues, as violence, overcharge, lack of support network and lack of resources and social policies for this public. The care, as one of the main categories of this dissertation, starts to be seen as a work, but not identified by the women who do it.