Sindicalismo e inovação tecno-organizacional : a experiência da Central Única dos Trabalhadores

Abstract

A presente tese problematiza a relação entre sindicalismo e processo de trabalho em um contexto de inovações tecno-organizacionais, focalizando diferentes níveis e dimensões das atuações da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e das entidades a ela filiadas que estiveram orientadas para exercer influência sobre os processos de inovação. Ao longo das décadas de 80 e 90, o sindicalismo “cutista” afirmou formalmente, através de suas resoluções congressuais, a pertinência política de conquistar influência sobre as inovações tecnológicas e organizacionais que modelam o processo de trabalho. O referido sindicalismo procurou dar consecução a esse objetivo em diferentes ambientes: institucionais, legais, meso e microrregulatórios. A partir da reconstrução dessa trajetória, constatamos o limitado êxito da atuação “cutista” em influenciar, de forma efetiva, os processos de inovação. Concedemos primazia à pesquisa e à análise dos obstáculos à influência sindical sobre os quais o sindicalismo possui maior governabilidade, concluindo que o limitado desenvolvimento de capacitação por parte da CUT condicionou fortemente aquele resultado. A despeito do predomínio das ações meramente reativas frente às inovações, o sindicalismo “cutista” produziu experiências singulares, como a do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a da Comissão de Fábrica da Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo. A análise deste último caso mostrou ser exegüível a edificação de posturas pró-ativas frente aos processos inovativos mediante o desenvolvimento de diferentes formas de capacitação.

The present thesis problematizes the relationship between unionism and work process in a context of techno-organizational innovations, focusing on different levels and dimensions of the activities of the Central Única dos Trabalhadores-CUT ( Central Workers’ Union) and the entities affiliated to it, that are oriented towards influencing processes of innovation. Throughout the 1980s and 1990s, “CUTist” unionism formally affirmed, by means of resolutions taken at their conferences, the political pertinence of achieving influence on technological and organizational innovations which model the work process. The abovementioned unionism sought to attain this goal in different environments, institutional, legal, meso and microregulatory. Based on the reconstruction of this trajectory, it is found that “CUTist” performance achieved limited success in effectively influencing the innovation process. Primacy is given to research and the analysis of obstacles to union influence, which can be more easily governed by unionism, and it is concluded that the limited development of capabilities by Cut strongly conditioned that result. Despite the dominance of merely reactive actions when faced with innovations, “CUTist” unionism produced unique experiences, such as the Metal Workers’ Union of the ABC region, and the Plant Committee at Mercedes-Benz in São Bernardo do Campo. The analysis of the latter case showed that it is possible to construct proactive attitudes towards innovative processes by developing different forms of capability development.