A influência da restrição cognitiva do comportamento alimentar e da ansiedade traço em processos emocionais em mulheres com obesidade

Abstract

Processos emocionais em pessoas com obesidade não relacionados à alimentação têm sido menos abordados na literatura, mas são relevantes para o entendimento desta condição. O objetivo da presente pesquisa foi explorar as relações de processos de emoção implícitos e explícitos com estilos alimentares e a ansiedade disposicional em mulheres com obesidade. Participaram do estudo 61 mulheres com IMC ≥ 30 kg / m2 e média de idade de 37 anos que mresponderam a paradigmas experimentais que avaliam a interferência emocional de imagens com valência e ativação conhecidas, e de faces expressando emoções discretas na atenção automática; a seguir, avaliou-se o reconhecimento e a atribuição de emoções discretas a faces não-neutras e neutras, respectivamente, além da atribuição de valência e ativação a estímulos emocionais e de atratividade a faces. O desempenho das participantes nestes paradigmas foi comparado em relação ao estilo alimentar (Restrição Cognitiva [RC] alta [RCA] e controle [RCC]) (Estudo 1) e ansiedade disposicional (Ansiedade Traço [AT] alta [ATA] e controle [ATC]) (Estudo 2). O grupo RCA apresentou maior interferência na atenção automática frente a estímulos com ativação alta do que o grupo RCC. O grupo ATA engajou menos com o conteúdo emocional na atenção automática do que participantes com ATC. RC e AT tiveram efeitos diferenciais sobre o reconhecimento e a atribuição de emoções a faces das participantes. Os grupos não diferiram em relação aos demais processos emocionais em função de RC ou AT. Conclui-se que estilos alimentares e ansiedade disposicional podem produzir diferenças específicas e distintas nos processos emocionais.

Emotional processes in people with obesity that are not related to food have been less addressed in the literature but are relevant for understanding this condition. The aim of the present research was to explore the relationships of implicit and explicit emotion processes with eating styles and dispositional anxiety in women with obesity. The study included 61 women with BMI ≥ 30 kg / m2 and mean age of 37 years who responded to experimental paradigms that assess the emotional interference of images with known valence and activation, and of faces expressing discrete emotions in automatic attention; next, the recognition and attribution of discrete emotions to non-neutral and neutral faces, respectively, were evaluated, in addition to the attribution of valence and activation to emotional stimuli and attractiveness to faces. Participants' performance in these paradigms was compared in relation to eating style (Cognitive Restraint [CR] high [HCR] and control [CCR]) (Study 1) and dispositional anxiety (Trait Anxiety [TA] high [HTA] and control [CTA]) (Study 2). The HCR group showed greater interference in automatic attention to stimuli with high activation than the CCR group. The HTA group engaged less with emotional content in automatic attention than participants with CTA. CR and TA had differential effects on the participants’ recognition and attribution of emotions to faces. The groups did not differ in relation to other emotional processes as a function of CR or TA. It is concluded that eating styles and dispositional anxiety can produce specific and distinct differences in emotional processes.