Comunidades comunicantes: mulheres camponesas e processos de luta pela vida

Abstract

A pesquisa tem por objetivo investigar, junto com mulheres camponesas no Brasil, as experiências comunicativas nas pautas de lutas pelo território, mergulhando na “mística camponesa” como objeto comunicacional, para refletir em termos teóricos e empíricos a configuração do comum na comunicação e a relação com a comunicação popular, no ambiente das disputas pelo território das mulheres camponesas. Os quatro eixos organizadores envolvem a comunicação do comum, a comunicação popular, a mística camponesa atreladas à investigação empírica junto com mulheres camponesas do Extremo Sul da Bahia. A comunicação do comum parte da proposta de Muniz Sodré para pensar o comum na comunicação, se faz um percurso teórico sobre o comum desde diferentes perspectivas filosóficas, tecnológicas, sociológicas e empíricas. A comunicação popular fornece os conteúdos teóricos na tradição do pensamento crítico latino-americano, com autores como Jesús Martín-Barbero, Cicilia Peruzo, Orlando Fals Borda, Mario Kaplún, Néstor García Canclini, José Ignacio Vigil, Carlos Brandão, Mikhail Bakhtin, entre outros. Em termos teóricos e metodológicos se aprofunda na comunicação popular através de três eixos: A) a educação popular na construção do sujeito político; B) a comunicação dialógica; C) a memória do corpo na cultura coletiva. Também se faz uma aproximação à cultura popular e a memória coletiva com as subvenções da semiótica da cultura. Em complemento se traça uma aproximação do feminismo camponês e popular mediante o percurso histórico dos movimentos das mulheres camponesas e rurais do Brasil. Um ponto relevante que se mostra na pesquisa empírica é a mística camponesa e sua compreensão traz aportes de Leonardo Boff, de Ademar Bogo e das práticas militantes das mulheres camponesas do Movimento Sem Terra – MST. A transmetodologia é o guarda-chuva epistêmico-metodológico para desenvolver o método investigativo com procedimentos como: a observação participante e as conversas do/no sensível, para aprofundar os achados, os encontros e os desencontros do empírico. Nas considerações finais privilegiamos o diálogo das teorias selecionadas com os saberes e experiências fornecidos pelas mulheres camponesas. A partir dessa pesquisa, propomos a noção de “comunidades comunicantes”, que emergiu como reveladora de um processo socio-comunicacional com características inacabadas e instáveis, que está determinado pelas contradições que habitam os sujeitos e as organizações sociais de base popular no sistema capitalista-colonial-patriarcal. Propomos a compreensão do comum na comunicação como constitutivo da construção dos vínculos nas diferenças. Reconhecemos na mística camponesa a potência da complexidade do processo comunicacional, mediado pela cultura popular. Finalmente, produzimos um mapa do corpo comunicante dos vínculos afetivos, a partir das experiências da mística camponesa.

El objetivo de la tesis es investigar, junto a mujeres campesinas de Brasil, las experiencias comunicativas en las luchas por el territorio, ingresando en la "mística campesina" como objeto comunicacional, para reflexionar en términos teóricos y empíricos sobre la configuración del común en la comunicación y la relación con la comunicación popular, en el ambiente de disputas por el territorio de las mujeres campesinas. Los cuatro ejes organizadores involucran la comunicación del común, la comunicación popular y la mística campesina vinculadas a la investigación empírica con mujeres campesinas del Extremo Sur de Bahia. La comunicación del común se basa en la propuesta de Muniz Sodré para pensar lo común en la comunicación. Se realiza una aproximación teórica a lo común desde diferentes perspectivas filosóficas, tecnológicas, sociológicas y empíricas. La comunicación popular aporta los contenidos teóricos en la tradición del pensamiento crítico latinoamericano, con autores como Jesús Martín Barbero, Cicilia Peruzo, Orlando Fals Borda, Mario Kaplún, Néstor García Canclini, María Cristina Mata, José Ignacio Vigil, Carlos Brandão, Mikhail Bakhtin, entre otros. En términos teóricos y metodológicos, se profundiza la comunicación popular a través de tres ejes: A) la educación popular en la construcción del sujeto político; B) la comunicación dialógica; C) la memoria del cuerpo en la cultura colectiva. También se hace una aproximación a la cultura popular y a la memoria colectiva con subsidios de la semiótica de la cultura. Además, se esboza una aproximación al feminismo campesino y popular a través de la trayectoria histórica de los movimientos de mujeres campesinas y rurales en Brasil. Un punto relevante en la investigación empírica es la mística campesina y su comprensión se apoya en las contribuciones de Leonardo Boff, Ademar Bogo y las prácticas militantes de las mujeres campesinas del Movimiento Sin Tierra - MST. La Transmetodología es el paraguas epistémico-metodológico para el desarrollo del método investigativo con procedimientos: observación participante y conversaciones de/con lo sensible, para profundizar los hallazgos, los encuentros y desencuentros de lo empírico. En las consideraciones finales privilegiamos el diálogo de las teorías seleccionadas con los saberes y experiencias aportados por las mujeres campesinas. A partir de esta investigación, proponemos la noción de "comunidades comunicantes", que emergió como reveladora de un proceso socio-comunicacional con características inacabadas e inestables, está determinada por las contradicciones que habitan los sujetos y organizaciones sociales de base popular en el sistema capitalista-colonial-patriarcal. Proponemos la comprensión del común en la comunicación como constitutivo de la construcción de vínculos en las diferencias. Reconocemos en la mística campesina la potencia de la complejidad del proceso comunicacional, mediado por la cultura popular. Finalmente, elaboramos un mapa del cuerpo comunicante de vínculos afectivos, a partir de las experiencias de la mística campesina.

The research aims to investigate, together with peasant women in Brazil, the communicative experiences in the struggles for territory, diving into the "peasant mystique" as a communicational object, to reflect in theoretical and empirical terms the configuration of the common in communication and the relationship with popular communication, in the environment of disputes over the territory of peasant women. The four organizing axes involve the communication of the common, popular communication and peasant mysticism linked to empirical research with peasant women in the Far South of Bahia. The communication of the common is based on Muniz Sodré's proposal to think about the common in communication. It takes a theoretical approach to the common from different philosophical, technological, sociological and empirical perspectives. Popular communication provides the theoretical contents in the tradition of Latin American critical thought, with authors like Jesús Martín-Barbero, Cicilia Peruzo, Orlando Fals Borda, Mario Kaplún, Néstor García Canclini, José Ignacio Vigil, Carlos Brandão, Mikhail Bakhtin, among others. In theoretical and methodological terms, it delves into popular communication through three axes: A) popular education in the construction of the political subject; B) dialogical communication; C) the memory of the body in collective culture. An approach is also made to popular culture and collective memory with the subsidies of the semiotics of culture. In addition, an approach to peasant and popular feminism is outlined through the historical course of the peasant and rural women's movements in Brazil. A relevant point in the empirical research is the peasant mystique and its understanding is supported by contributions from Leonardo Boff, Ademar Bogo and the militant practices of the peasant women of the Landless Movement - MST. Transmethodology is the epistemic-methodological umbrella for the development of the investigative method with procedures such as: participant observation and conversations of/within the sensitive, to deepen the findings, the encounters and mismatches of the empirical. In the final considerations we privilege the dialogue of the selected theories with the knowledge and experiences provided by the peasant women. From this research, we propose the notion of "communicating communities", which emerged as revealing a social-communicational process with unfinished and unstable characteristics, which is determined by the contradictions that inhabit the subjects and the popular-based social organizations in the capitalist-colonial-patriarchal system. We propose the understanding of the common in communication as constitutive of the construction of bonds in the differences. We recognize in the peasant mystique the potency of the complexity of the communicational process, mediated by popular culture. Finally, we produce a map of the communicating body of affective bonds, based on the experiences.