Cidade, branquitude e colonialidade : o planejamento urbano enquanto ferramenta para operar apagamentos em Porto Alegre
Visualizar/abrir
Data
2022Orientador
Co-orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
O presente trabalho apresenta uma abordagem crítica à história do planejamento urbano em Porto Alegre, sugerindo que a branquitude – enquanto corpo social e também ideologia – utilizou o planejamento urbano enquanto ferramenta para operar determinados apagamentos na história da cidade. Esta pesquisa defende que, a partir de uma lógica colonial que cria hierarquias de poder a partir de recortes como raça e classe – com especial foco para a primeira categoria –, as práticas do planejamento urbano ...
O presente trabalho apresenta uma abordagem crítica à história do planejamento urbano em Porto Alegre, sugerindo que a branquitude – enquanto corpo social e também ideologia – utilizou o planejamento urbano enquanto ferramenta para operar determinados apagamentos na história da cidade. Esta pesquisa defende que, a partir de uma lógica colonial que cria hierarquias de poder a partir de recortes como raça e classe – com especial foco para a primeira categoria –, as práticas do planejamento urbano configuraram a cidade para a sociedade branca porto-alegrense a partir do apagamento de territórios não-brancos, substituindo-os posteriormente por espaços representativos da branquitude. Em linhas gerais, parte-se da hipótese que a história da cidade é marcada por rupturas e desconfigurações de territórios negros para dar lugar a diferentes projetos da branquitude, de forma que diversos discursos foram estabelecidos ao longo da história para justificar esses apagamentos. Visto que não é possível abordar todas as nuances da história, seleciona-se alguns acontecimentos específicos que ilustram a lógica da revitalização, da higienização e do embelezamento enquanto estratégias de remodelação urbana pautadas pela raça. Três momentos específicos foram escolhidos para ilustrar a relação entre planejamento urbano e apagamento em Porto Alegre: (i) as obras de canalização do Arroio Dilúvio e o desmembramento do território negro da Ilhota; (ii) a inauguração do Parque Farroupilha e a desconfiguração dos Campos da Várzea ou Campos da Redenção; e (iii) a abertura da Avenida Borges de Medeiros e a demolição do Beco do Poço. ...
Abstract
The present work presents a critical approach to the history of urban planning in Porto Alegre, suggesting that whiteness – as a social body and also an ideology – used urban planning as a tool to operate certain erasures in the city's history. This research argues that, from a colonial logic that creates hierarchies of power based on constructs such as race and class – with a special focus on the first category –, the practices of urban planning shaped the city for the white people of Porto Al ...
The present work presents a critical approach to the history of urban planning in Porto Alegre, suggesting that whiteness – as a social body and also an ideology – used urban planning as a tool to operate certain erasures in the city's history. This research argues that, from a colonial logic that creates hierarchies of power based on constructs such as race and class – with a special focus on the first category –, the practices of urban planning shaped the city for the white people of Porto Alegre, based on the erasure of non-white territories and later replacing them with spaces representative of whiteness. In general terms, this research starts from the hypothesis that the history of the city is marked by ruptures and misconfigurations of black territories to give rise to different projects of whiteness, so that different discourses have been established throughout history to justify these erasures. Since it is not possible to address all the nuances of history, some specific events are selected to illustrate the logic of revitalization, hygiene and beautification as strategies of urban remodeling guided by race. Three specific moments were chosen to illustrate the relationship between urban planning and erasure in Porto Alegre: (i) the canalization works of Arroio Dilúvio and the dismemberment of the black territory of Ilhota; (ii) the inauguration of Parque Farroupilha and the de-configuration of Campos da Várzea or Campos da Redenção; and (iii) the opening of Avenida Borges de Medeiros and the demolition of Beco do Poço. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Arquitetura. Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional.
Coleções
-
Ciências Sociais Aplicadas (6117)
Este item está licenciado na Creative Commons License