Da infertilidade ao bebê : ansiedades e mecanismos de defesa da mãe no contexto de reprodução assistida

Abstract

Este estudo investigou o impacto da infertilidade e do tratamento com Técnicas de Reprodução Assistida nas vivências da gestação e aos três meses de vida do bebê, em particular as ansiedades despertadas e as defesas mobilizadas nesse contexto. Realizou-se um estudo de caso coletivo, de caráter longitudinal, com 3 mulheres que engravidaram com o auxílio de fertilização in vitro (FIV) e esperavam seu primeiro filho. Os dados foram obtidos através de entrevistas semidirigidas, e foram submetidos a uma análise qualitativa dos conteúdos manifestos e latentes, com base no referencial psicanalítico. Foi constatada a presença de diversas ansiedades, especialmente em relação à consolidação e ao andamento da gestação, capacidade de amamentar e de cuidar adequadamente do bebê. Diferentes mecanismos de defesa foram utilizados para lidar com essas ansiedades, destacando-se o uso da negação, projeção, racionalização, supressão e idealização. Sendo a infertilidade uma situação potencialmente traumática, o uso destes mecanismos de defesa pode ser considerado adaptativo na transição para a maternidade.

This study investigated the impact of infertility and its treatment with ART on the experience of pregnancy and at 3 months postpartum, particularly the aroused anxieties and the defense mechanisms employed in this context. A longitudinal collective case study was carried out, in which 3 primiparous mothers who got pregnant through in vitro fertilization (IVF) took part. The data were collected from semi-directed interviews, and were submitted to qualitative analysis of manifest and latent contents, based on a psychoanalytic approach. The presence of various anxieties has been found, particularly in relation to consolidation and progress of pregnancy, ability to breastfeed and care of the baby. Different defense mechanisms were employed to deal with these anxieties, mainly denial, projection, rationalization, suppression and idealization. Since infertility is a potentially traumatic situation, the use of these defense mechanisms can be considered adaptive on the transition to motherhood.