Ensinando a ser gente : disposição, hábito e educação moral na Ética de Aristóteles
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Data
2022Autor
Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
O objetivo deste trabalho é investigar a formação da disposição [hexis] virtuosa do agente ético através do processo conhecido como habituação [ethos]. Neste sentido, busco compreender porque viver uma vida feliz pressupõe possuir uma disposição para bem sentir e deliberar e qual é o papel que o hábito desempenha no desenvolvimento do caráter do aprendiz – que, tendo adquirido a disposição, se torna um agente suficientemente instruído no caminho da virtude, sendo capaz de escolher realizar boas ...
O objetivo deste trabalho é investigar a formação da disposição [hexis] virtuosa do agente ético através do processo conhecido como habituação [ethos]. Neste sentido, busco compreender porque viver uma vida feliz pressupõe possuir uma disposição para bem sentir e deliberar e qual é o papel que o hábito desempenha no desenvolvimento do caráter do aprendiz – que, tendo adquirido a disposição, se torna um agente suficientemente instruído no caminho da virtude, sendo capaz de escolher realizar boas ações por si mesmo. A questão central que guia a discussão é como acontece a passagem de adquirir a virtude ética para que, de fato, se realize ações virtuosas. Defendo que tal passagem não é por pura repetição mecânica, mas que, antes, envolve um complexo e importante processo educativo. Ser uma pessoa que sente bem, delibera bem e age bem nos diferentes contextos e circunstâncias que se apresentam no mundo exige a participação de um educador moral. Esse caminho de ensino pressupõe que o aprendiz moral tenha seu desejo educado; e essa educação, num primeiro momento, depende de orientação e determinação (racional) externa – eis a necessidade dos educadores, aqueles que nos guiam através da sua razão e dos seus exemplos de bom e nobre. Para que essa educação tenha efeito, chamo a atenção para a função do prazer e da vergonha como direcionadores e motivadores das ações: é através deles que aprendemos a amar o nobre e detestar o vil. Neste exercício, passamos a reconhecer – por nós mesmos, num crescente desenvolvimento cognitivo – aquilo que é o melhor a ser feito em cada circunstância e passamos a usar da nossa própria razão e do nosso próprio sentir para agir virtuosamente. ...
Abstract
The aim of this work is to investigate the development of the virtuous disposition [hexis] in the ethical agent through the process known as habituation [ethos]. In this sense, I aim at understanding why living a happy life presupposes having a disposition to well feeling and deliberating and what is the role that habit plays in the learner’s character – which, having acquired its disposition, becomes a well instructed enough agent in the way of virtue, being able to choose and do good deeds by ...
The aim of this work is to investigate the development of the virtuous disposition [hexis] in the ethical agent through the process known as habituation [ethos]. In this sense, I aim at understanding why living a happy life presupposes having a disposition to well feeling and deliberating and what is the role that habit plays in the learner’s character – which, having acquired its disposition, becomes a well instructed enough agent in the way of virtue, being able to choose and do good deeds by itself. The main problematic that guides the discussion is how the transition of acquiring the ethic virtue happens so that, in fact, virtuous actions can be accomplished. I argue that such a transition is not achieved by mere mechanical repetition, but that, at first, it requires an important and complex educational process. Being a person that feels rightly, deliberates well and acts well in the different contexts and circumstances that presents themselves in the world requires the participation of a moral educator. This educational path presupposes that the moral learner has its desire educated; and this education, in a first moment, depends on external (rational) guidance and determination – here is the necessity for educators, those who guide us through their reason and good and noble examples. For this education to be effective, I call attention to the role of pleasure and shame as the actions drivers and motivators: it is through them that we learn to love the noble and hate the vile. In this exercise, we start to recognize – by ourselves, in a growing cognitive development – that which is best to be done in each circumstance and start using our own reason and our own feeling to act virtuously. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Filosofia.
Coleções
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