Um diário de classe : memórias de uma professora primária

Abstract

A história de vida de uma mulher carrega em si muitas vozes. Vozes que se tentou apagar. Mas, uma voz, um testemunho de vida, pode recuperar os acontecimentos de uma época. Estudar e escutar as vozes que foram silenciadas e marginalizadas é um movimento que a Educação Matemática vem fazendo por meio das metodologias da História Oral e da História de vida. Isso oportuniza a valorização da historicidade das/dos professoras/es que ainda não têm sua narrativa na literatura. Fazer o caminho de volta, mergulhar no passado e trazer à superfície as trajetórias das professoras primárias é uma forma de recuperar a história de vida dessas mulheres e fazer retinir em muitas direções. Resgatar a história da Evangelina Veiga é tornar visível a narrativa de uma professora primária engajada na aprendizagem matemática e na formação das(os) estudantes. Nessa direção, houve o interesse em saber que elementos teóricos, culturais e políticos constituíram a formação docente dessa professora. Foram investigadas práticas matemáticas que ela, como professora primária, produziu e quais narrativas de aprendizagem matemática estavam presentes em seu itinerário. O testemunho dessa professora trouxe à superfície ensino de frações, que era um dos objetivos de aprendizagem do quinto ano primário. Evangelina era inventiva e, talvez, com a influência dos movimentos da Escola Nova e da matemática moderna, criou um material pedagógico, para que as(os) estudantes enxergassem de maneira concreta a noção de parte e todo. A intencionalidade, ao trazer a história da professora Evangelina, ampara-se na exigência de homenagear uma mulher inspiradora, produtora de discursos discordantes, os quais conspiravam para além do seu tempo, sobretudo, assentada na vontade de trazer a público a narrativa de uma professora primária que é fonte histórica e de estudos para a Educação Matemática.

A woman's life story carries many voices. Voices that you tried to erase. But a voice, a testimony of life, can recover the events of an era. Studying and listening to the voices that have been silenced and marginalized is a movement that Mathematics Education has been doing through the methodologies of Oral History and Life History. This makes it possible to value the historicity of teachers who still do not have their narrative in literature. Going back, diving into the past and bringing to the surface the trajectories of primary school teachers is a way of recovering the life history of these women and making it clank in many directions. The rescue of Evangelina Veiga's story is to make visible the narrative of a primary teacher engaged in mathematical learning and in the forming of students. In this direction, there was an interest in knowing what theoretical, cultural and political elements constituted the teacher's forming. Mathematical practices that her, as a primary teacher, produced and which mathematical learning narratives were present in her itinerary were investigated. This teacher's testimony brought to the surface teaching fractions, which was one of the learning objectives of the fifth grade. Evangelina was inventive and, perhaps with the influence of the New School movements and modern mathematics, she created pedagogical material so that students could see the notion of part and whole in a concrete way. The intentionality, when bringing the story of teacher Evangelina, is supported by the demand to honor an inspiring woman, producer of discordant speeches, which conspired beyond her time, above all, based on the desire to bring to the public the narrative of a teacher primary school that is a historical and study source for Mathematics Education.