Os impactos do cárcere nas relações familiares

Abstract

O Brasil é um país que prende muito. Existem muitas pessoas enredadas pela prisão, para além daquelas que estão de fato encarceradas. O texto versa sobre as trajetórias e as adversidades enfrentadas por familiares de apenados que os visitam em estabelecimentos prisionais nos dias de visita. O trabalho retrata quatro unidades penais localizadas no estado do Rio Grande do Sul, onde a pesquisa de campo da autora foi aplicada. Realizada a partir de um questionário criado com o objetivo de entender o perfil do preso visitado, o perfil dos visitantes de cada uma das quatro casas prisionais, bem como a relação dessas pessoas com seu familiar segregado, a pesquisa foi aplicada presencialmente pela autora junto ao público entrevistado – familiares visitantes – durante a fila de espera na porta dos presídios em dias de visita. Os resultados empíricos da pesquisa mostraram que o encarceramento de um integrante da família provoca uma reação em cadeia no âmbito pessoal, e a prisão acaba por atravessar a vida de inúmeras pessoas que não se encontram concretamente presas. Além da ausência física do integrante familiar, a prisão impõe uma reorganização na vida desses visitantes, uma reestruturação nas relações que atinge âmbitos emocionais, econômicos e profissionais. Ao final foram propostas três políticas públicas visando impactar positivamente a vida do público pesquisado.

Brazil is a country that arrests a lot. There are many people encased in prison, other than those who are in fact incarcerated. The text deals with the trajectories and adversities faced by relatives of prisoners who visit them in prisons on visiting days. The work depicts four criminal units located in the state of Rio Grande do Sul, where the author's field research was applied. Based on a questionnaire created with the objective of understanding the profile of the prisoner, the profile of visitors to each of the four prison houses, as well as the relationship of these people with their relatives under arrest, the research was applied in person by the author to the interviewed public – visiting family members – during the waiting line at the prison door on visiting days. The empirical results of the research showed that the incarceration of a family member provokes a chain reaction in the personal sphere, and the prison ends up going through the lives of countless people who are not concretely imprisoned. In addition to the physical absence of the family member, the prison imposes a reorganization in the lives of these visitors, a restructuring in relationships that reaches emotional, economic, and professional areas. In the end, three public policies were proposed to positively impact the lives of the public surveyed.