Criando aberturas em regime fechado : percursos por entre o trabalho como atividade no âmbito da socioeducação
Visualizar/abrir
Data
2020Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
A presente dissertação tem o intuito de produzir questões clínicas do trabalho com Agentes Socioeducadores, problematizando aspectos relativos à expansão do poder de agir em meio às tensões educar/punir/vigiar que caracterizam o exercício no campo socioeducativo. As ações envolvendo o adolescente em conflito com a lei sempre esteve fortemente ligada a práticas de cunho disciplinar e, por vezes, individualizantes, questões que se produziram a partir da herança de um período onde as políticas vol ...
A presente dissertação tem o intuito de produzir questões clínicas do trabalho com Agentes Socioeducadores, problematizando aspectos relativos à expansão do poder de agir em meio às tensões educar/punir/vigiar que caracterizam o exercício no campo socioeducativo. As ações envolvendo o adolescente em conflito com a lei sempre esteve fortemente ligada a práticas de cunho disciplinar e, por vezes, individualizantes, questões que se produziram a partir da herança de um período onde as políticas voltadas à infância e juventude não se organizavam de maneira a privilegiar a participação social frente aos modos de pensar e tratar o jovem. Com a emergência dos movimentos sociais que consolidaram o Estatuto da Criança e do Adolescente, efeitos outros produziram-se, no sentido de que a política pública deve se fazer pública, iniciando um processo de fortalecimento de práticas que acolham a produção do comum, o que implica pensar que é na própria experiência cotidiana do labor que os trabalhadores operam a política pública (além das diretrizes), devendo construir coletivamente estratégias instituintes, mediante um processo coanalítico operado com abordagens que tomam o trabalho pela via da atividade (Clínica da Atividade e Ergologia). Tais perspectivas colocam que, pensar o trabalho, implica em gerir a distância entre o prescrito e o real, buscando analisar como os trabalhadores efetuam cotidianamente as microgestões dos processos laborais mediante imprevisibilidades e os modos como dão sentido e experimentam o trabalho, produzindo transformações através de relações entre si e com o mundo. A atividade afirma um modo de vida não se limitando a execução de normas, pois, viver é poder criar novas normas, processo que só é possível mediante uma gestão coletiva fabricada na experiência do próprio trabalho, visando a expansão do poder de agir (questão crucial para a saúde). Os procedimentos metodológicos se deram através de um processo de pesquisa-intervenção cartográfica, onde pesquisadora e pesquisados colocaram-se como coanalistas das situações laborais. Os dispositivos empregados enquanto método de pesquisa foram o diário de campo, onde se encontra muito da voz da pesquisadora e dos movimentos do pesquisar, observações, análise de documentos, acompanhamento das situações concretas de trabalho, organização de espaços coletivos de discussão e análise da atividade no âmbito socioeducativo e Instrução ao Sósia. As análises produzidas permitiram explorar, por entre a gestão cotidiana dos processos de trabalho, peculiaridades da dinâmica expansão-constrangimento do poder de agir no e pelo trabalho Socioeducativo, discutindo que cuidar da saúde dos agentes socioeducadores pelo cuidado do ofício, abre perspectivas para a instauração de relação éticas por entre a expansão do poder de agir no trabalho da socioeducação. ...
Abstract
The present dissertation aims to produce clinical questions of the work with Socioeducational Agents acting in closed socio-educational measures, problematizing aspects related to the expansion of the power to act amid the tensions educating / punishing / that characterize the exercise in the socio-educational field. Actions involving adolescents in conflict with the law have always been strongly linked to disciplinary and, sometimes, individualizing practices, issues that have arisen from the ...
The present dissertation aims to produce clinical questions of the work with Socioeducational Agents acting in closed socio-educational measures, problematizing aspects related to the expansion of the power to act amid the tensions educating / punishing / that characterize the exercise in the socio-educational field. Actions involving adolescents in conflict with the law have always been strongly linked to disciplinary and, sometimes, individualizing practices, issues that have arisen from the legacy of a period when policies aimed at children and youth were not organized in a way to privilege social participation in the face of ways of thinking and treating young people. With the emergence of the social movements that consolidated the Child and Adolescent Statute, other effects took place, in the sense that public policy must be made public, initiating a process of strengthening practices that welcome the production of the common, which implies thinking that it is in own daily experience of work that workers operate public policy (in addition to the guidelines), and they must collectively build instituting strategies, through a coanalytical process that operates with approaches that take the work through the activity (Clinic of Activity and Ergology). Such perspectives suggest that thinking about work implies managing the distance between what is prescribed and what is real, seeking to analyze how workers perform micro-management of work processes on a daily basis through unpredictability and the ways in which they give meaning and experience work, producing transformations through relationships with each other and with the world. The activity affirms a way of life not limited to the execution of norms, because to live is to be able to create new norms, a process that is only possible through a collective management fabricated from the experience of the work itself, aiming at the expansion of the power to act (crucial question to health). The methodological procedures were carried out through a process of cartographic research-intervention, where the researcher and those being researched placed themselves as co-analysts of work situations. The devices used as a research method were the field diary, where much of the researcher's voice and research movements are found, observations, document analysis, monitoring of concrete work situations and organization of collective spaces for discussion and analysis of activity in the socio-educational context, in which the Instruction to the Double was also practiced. The analyzes produced made it possible to explore, among the day-to-day management of work processes, peculiarities of the dynamic expansion-constraint of the power to act in and through Socio-educational work, arguing that taking care of the health of socio-educational agents through the care of the work, opens perspectives for the establishment of ethical relations between the expansion of the power to act in the work of socioeducation. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Psicologia. Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional.
Coleções
-
Ciências Humanas (7540)
Este item está licenciado na Creative Commons License