Nem chefe, nem escritório? Controle e subordinação na uberização do trabalho
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Data
2020Autor
Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
A presente pesquisa pretende contribuir para a análise e a compreensão de dois aspectos do fenômeno da uberização, quais sejam: o controle e a subordinação no trabalho de motoristas por aplicativo. Depreende-se que a uberização do trabalho traz consigo novas configurações do trabalho nas quais os elementos do controle e da subordinação assumem, de um lado, novas nuances e, de outro lado, mantém as características essenciais que se estabelecem a partir da relação capital-trabalho. Em síntese, bu ...
A presente pesquisa pretende contribuir para a análise e a compreensão de dois aspectos do fenômeno da uberização, quais sejam: o controle e a subordinação no trabalho de motoristas por aplicativo. Depreende-se que a uberização do trabalho traz consigo novas configurações do trabalho nas quais os elementos do controle e da subordinação assumem, de um lado, novas nuances e, de outro lado, mantém as características essenciais que se estabelecem a partir da relação capital-trabalho. Em síntese, buscamos compreender como se dá o processo de controle e de subordinação no trabalho uberizado como uma nova forma de exploração do trabalho. Para tanto, tomamos como objeto empírico de análise os motoristas de carro da empresa-aplicativo Uber, empresa que configura-se como uma das maiores em tal área, não à toa o conceito de uberização possui seu nome inspirada nela. Para o estudo de caso em questão foram utilizadas como técnicas de coleta de dados entrevistas semi-estruturadas com onze motoristas da Uber de Porto Alegre e Região Metropolitana, bem como a pesquisa documental com documentos da empresa-aplicativo Uber. Além disso, para o exame das entrevistas e dos documentos selecionados seguimos a análise categorial, a partir da formulação do modelo de análise que aborda o controle e a subordinação com os conceitos de consentimento, conflito e resistência. Com isso, busca-se fugir de uma construção teórica que veem controle e subordinação de forma mecânica, na qual o trabalhador assumiria papel estritamente passivo diante da exploração colocada. Conclui-se que, em relação ao controle, este deixa de ser um controle pessoalizado na figura de um gerente e transita para um controle impessoal, isto é, o controle por algoritmos efetivado por meio de aplicativos ou plataformas tecnológicas. Esse controle por meio de mecanismos tecnológicos, que garante o controle do trabalho de um contingente enorme de trabalhadores ultrapassando as fronteiras dos países, é extremamente necessário para o capital em um contexto marcado pela financeirização, na qual temos uma predominância do capital fictício sobre o capital industrial. No trabalho uberizado, a subordinação será ainda mais cruel, pois se valerá de uma subordinação econômica e não mais uma subordinação hierárquica. Com isso, é a imposição da sobrevivência que garantirá a efetividade da subordinação. A partir disso, concluímos que o controle e a subordinação na uberização do trabalho são construídos de maneira a se apresentarem da forma mais informal possível, ou seja, é o controle informal do processo de trabalho e de sua exploração. Controle e subordinação estão presentes, mas camuflados por meio do elemento tecnológico, do discurso do empreendedorismo e da informalidade. ...
Abstract
This research aims to contribute to the analysis and understanding of two aspects of the uberization phenomenon, namely: control and subordination in the work of drivers by application. It appears that the uberization of work brings with it new configurations of work in which the elements of control and subordination assume, on the one hand, new nuances and, on the other hand, maintain the essential characteristics that are established from the capital-labor relation. In summary, we seek to und ...
This research aims to contribute to the analysis and understanding of two aspects of the uberization phenomenon, namely: control and subordination in the work of drivers by application. It appears that the uberization of work brings with it new configurations of work in which the elements of control and subordination assume, on the one hand, new nuances and, on the other hand, maintain the essential characteristics that are established from the capital-labor relation. In summary, we seek to understand how the process of control and subordination in uberized work occurs as a new form of labor exploitation. For this purpose, we take as an empirical object of analysis the car drivers of the application company Uber, a company configured as one of the largest in such area, not for nothing the concept of uberization has its name inspired by it. For the case study in question, semi-structured interviews with eleven Uber drivers from Porto Alegre and the Metropolitan Region were used as data collection techniques, as well as documentary research with documents from the Uber application company. In addition, for the examination of interviews and selected documents, we followed the categorical analysis, based on the formulation of the analysis model that addresses control and subordination with the concepts of consent, conflict and resistance. With this, we seek to escape from a theoretical construction that sees control and subordination in a mechanical way, in which the worker would assume a strictly passive role in the face of the placed exploitation. It's concluded that, concerning control, this is no longer a personalized control in the figure of a manager and it transits to an impersonal control, that is, the control by algorithms carried out through applications or technological platforms. This control through technological mechanisms, which assures the control of work of a huge contingent of workers crossing the borders of the countries, is extremely necessary for the capital in a context marked by financialization, in which we have a predominance of fictitious capital over industrial capital. In uberized work, subordination will be even more cruel, since it will rely on an economic subordination and no longer on a hierarchical one. Thus, it is the imposition of survival that will guarantee the effectiveness of subordination. From this, we conclude that the control and subordination in the uberization of work are constructed in order to present themselves in the most informal way possible, that is, it is the informal control of the work process and its exploration. Control and subordination are present, but camouflaged through the technological element, the discourse of entrepreneurship and informality. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Sociologia.
Coleções
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