Frantz Fanon e a rede intelectual argelina : circulação de ideias revolucionárias e sujeito coletivo no jornal El Moudjahid (1956-1962)
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Data
2019Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Na presente pesquisa analisei a circulação de ideias fanonianas em uma rede intelectual, através dos artigos do jornal El Moudjahid atribuídos a Frantz Fanon, buscando as conexões dessa escrita jornalística, mais cotidiana, com suas obras teóricas, publicadas durante a Guerra da Argélia: L’An V de la Révolution Algérienne e Os Condenados da Terra. Pesquisei a circulação de ideias sobre a revolução, na rede intelectual argelina formada pelo El Moudjahid, e sua redação, dentro de uma concepção de ...
Na presente pesquisa analisei a circulação de ideias fanonianas em uma rede intelectual, através dos artigos do jornal El Moudjahid atribuídos a Frantz Fanon, buscando as conexões dessa escrita jornalística, mais cotidiana, com suas obras teóricas, publicadas durante a Guerra da Argélia: L’An V de la Révolution Algérienne e Os Condenados da Terra. Pesquisei a circulação de ideias sobre a revolução, na rede intelectual argelina formada pelo El Moudjahid, e sua redação, dentro de uma concepção de sujeito coletivo, ou seja, a imersão do indivíduo e sua autoria intelectual na coletividade de uma organização revolucionária. O texto imediato, jornalístico, com a ambiguidade de não ter sido assinado, é uma das bases onde Fanon desenvolve e reelabora sua teoria, nas obras posteriores. A Guerra da Argélia ocorreu entre 1954 e 1962 e desde o ano de 1956, o jornal El Moudjahid foi o órgão oficial da Frente de Libertação Nacional (FLN), tendo um caráter de criação coletiva em sua redação, que era uma estrutura de sociabilidade de uma rede que conectou diversos intelectuais argelinos e estrangeiros solidários com a causa argelina. Com a sua presença na Argélia, primeiro como psiquiatra do Estado francês, depois na Tunísia como médico, militante e intelectual da FLN, Fanon produziu, reelaborou e circulou ideias, sendo colaborador do jornal El Moudjahid e embaixador do Governo Provisório da República Argelina (GPRA) na África. O mergulho intelectual do pensador martinicano na Revolução Argelina, sua escrita cotidiana e participação em um sujeito coletivo influenciou os rumos da revolução africana, posteriormente alcançando movimentos na América, como os Panteras Negras e revolucionários que resistiam às ditaduras do cone sul. O El Moudjahid tornou-se o nó principal de uma rede intelectual, onde circularam ideias fundamentadas na africanidade do pensamento, através de sujeito coletivo que recebia, reelaborava e emitia conteúdos revolucionários, perpassados pelas contradições entre nacionalismo, islamismo, socialismo e africanidade, entre cultura árabe e magrebina. Desde Pele Negra Máscaras Brancas, Fanon mantém o núcleo de sua teoria e método, desenvolvendo-os através de seu contato com a revolução na Argélia. Fanon é o intelectual mais importante da Revolução Africana, pois traduz a guinada teórica dos pensadores colonizados, para uma libertação perante a colonialidade do saber e introduz reflexões profundas sobre a consciência nacional, sobre a violência e sobre as contradições do pós-independência. ...
Résumé
Dans cette recherche, j’ai analysé la circulation des idées fanoniennes dans un réseau intellectuel, à travers les articles du journal El Moudjahid, attribués à Frantz Fanon, en cherchant les liens entre cette écriture journalistique quotidienne et ses travaux théoriques, publiés pendant la Guerre d’Algérie: L 'An V de la Révolution Algérienne et Les Damnés de la Terre. J'ai étudié la circulation des idées sur la révolution dans le réseau intellectuel algérien formé par El Moudjahid et sa formu ...
Dans cette recherche, j’ai analysé la circulation des idées fanoniennes dans un réseau intellectuel, à travers les articles du journal El Moudjahid, attribués à Frantz Fanon, en cherchant les liens entre cette écriture journalistique quotidienne et ses travaux théoriques, publiés pendant la Guerre d’Algérie: L 'An V de la Révolution Algérienne et Les Damnés de la Terre. J'ai étudié la circulation des idées sur la révolution dans le réseau intellectuel algérien formé par El Moudjahid et sa formulation en tant que structure de sociabilité, dans une conception du sujet collectif, c'est-à-dire l'immersion de l'individu et son statut d’auteur intellectuel dans le collectif d'une organisation révolutionnaire. Le texte journalistique immédiat, avec l'ambiguïté de ne pas avoir été signé, est l'un des fondements sur lesquels Fanon développe et réorganise sa théorie dans des travaux ultérieurs. La guerre d'Algérie a eu lieu entre 1954 et 1962 et depuis 1956, le journal El Moudjahid est l'organe officiel du Front de Libération Nationale (FLN), ayant un caractère de création collective dans son écriture, qui était une structure de sociabilité d’un réseau qui relie plusieurs intellectuels algériens et étrangers solidaires à la cause algérienne. Avec sa présence en Algérie, d'abord en tant que psychiatre français au service de l’Etat, puis en Tunisie en tant que médecin, activiste et intellectuel du FLN, Fanon a produit, retravaillé et diffusé des idées, en collaborateur du journal El Moudjahid et en ambassadeur du Gouvernement provisoire de la République algérienne (GPRA) en Afrique. La plongée intellectuelle du penseur martiniquais dans la Révolution Algérienne, son écriture quotidienne et sa participation à un sujet collectif ont influencé le cours de la révolution africaine, atteignant plus tard des mouvements en Amérique tels que les Black Panthers et les révolutionnaires qui ont résisté El Moudjahid est devenu le noeud principal d'un réseau intellectuel où des idées fondées sur l'africanité de la pensée ont circulé à travers un sujet collectif qui recevait, retravaillait et publiait un contenu révolutionnaire, imprégné des contradictions entre nationalisme, Islam, socialisme et africanité, entre culture arabe et maghrébine. Depuis Peau noire, masques blancs, Fanon maintient le coeur de sa théorie et de sa méthode et les développe grâce à son contact avec la révolution en Algérie. Fanon est l'intellectuel le plus important de la révolution africaine, car il traduit le virage théorique des penseurs colonisés vers une libération de la colonialité du savoir et introduit de profondes réflexions sur les contradictions de la conscience nationale, de la violence et de l'aprèsindépendance. ...
Abstract
In this research I analyzed the circulation of fanonian ideas in an intellectual network, through the articles of the newspaper El Moudjahid, attributed to Frantz Fanon, seeking the connections of this more daily journalistic writing with his theoretical works, published during the Algerian War: L ' An V de la Révolution Algérienne and The Wretched of the Earth. I researched the circulation of ideas about the revolution in the Algerian intellectual network formed by El Moudjahid and its editors ...
In this research I analyzed the circulation of fanonian ideas in an intellectual network, through the articles of the newspaper El Moudjahid, attributed to Frantz Fanon, seeking the connections of this more daily journalistic writing with his theoretical works, published during the Algerian War: L ' An V de la Révolution Algérienne and The Wretched of the Earth. I researched the circulation of ideas about the revolution in the Algerian intellectual network formed by El Moudjahid and its editors as a structure of sociability, within a conception of collective subject, that is, the immersion of the individual and his intellectual authorship in the collectivity of a revolutionary organization. The immediate journalistic text, with the ambiguity of not having been signed, is one of the bases on which Fanon develops and reorganizes his theory in later works. The Algerian War took place between 1954 and 1962 and since 1956, the newspaper El Moudjahid has been the official organ of the National Liberation Front (FLN), having a character of collective creation in its writing, which was a sociability structure of a network that connected several Algerian and foreign intellectuals in solidarity with the Algerian cause. With his presence in Algeria, first as a French state psychiatrist, then in Tunisia as a FLN doctor, activist and intellectual, Fanon produced, reworked and circulated ideas, collaborating with the El Moudjahid newspaper and ambassador of the Gouvernement Provisoire de la République algérienne (GPRA) in Africa. The Martinican thinker's intellectual plunge into the Algerian Revolution, his daily writing and participation in a collective subject influenced the course of the African revolution, later reaching movements in America such as the Black Panthers and revolutionaries who resisted the dictatorships of the southern cone. El Moudjahid became the main node of an intellectual network where ideas based on the Africanity of thought circulated through a collective subject that received, reworked and issued revolutionary content, permeated by the contradictions between nationalism, Islam, socialism and Africanity, between Arab culture and Maghrebine. From Black Skin White Masks, Fanon maintains the core of his theory and method, developing them through his contact with the revolution in Algeria. Fanon is the most important intellectual of the African Revolution, as it translates the theoretical shift of colonized thinkers to a liberation from the coloniality of knowledge and introduces profound reflections on national consciousness, violence and post-independence contradictions. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em História.
Coleções
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