Das “injusticias que nos a hecho los españoles” a “basalios de la Reyna de Portugal”: reduções orientais na virada do século XVIII para o XIX

Abstract

Esta tese trata da paulatina desagregação das reduções indígenas do Paraguai. Após a expulsão dos padres jesuítas, e sua substituição por administradores civis, as populações missioneiras viram suas condições de vida piorar ao passo que o regime de comunidade se tornou um meio de exploração da mão-de-obra cada vez mais opressor. A carga de trabalho para a comunidade dobrou, mas este maior esforço não revertia para a maior parte dos indígenas, o que resultava em um alto grau de insatisfação e até mesmo de deserção, por afetar os princípios da reciprocidade e redistribuição. Para solucionar este problema, vários dos altos funcionários da Coroa espanhola aconselharam o vice-rei do Rio da Prata, Marquês de Avilés a abolir o regime de comunidade. No início do ano de 1800, Avilés liberou, de maneira experimental, 323 famílias de indígenas. No primeiro momento, houve júbilo e alegria, com membros dos cabildos escrevendo-lhe em agradecimento. Mas, logo depois os problemas voltaram, pois o espanhol desconhecia as relações de parentesco entre os guaranis, o que causou alguns desentendimentos sobre quem iria recair a liberdade. Os constantes abusos cometidos pelos espanhóis levaram os indígenas das sete reduções orientais a aderir à Coroa portuguesa, após uma ação realizada por milícias luso-brasileiras no ano de 1801. Contudo, mesmo depois desta conquista, a situação dos missioneiros não melhorou, e estes seguiam sendo prejudicados, desta vez sob domínio português. Palavras-chave: Indígenas das missões – regime de comunidade – Marquês de Avilés – reduções orientais – 1801.

This thesis deal with about the gradual disintegration of the indigenous reductions in Paraguay. After the expulsion of the Jesuit priests e their replacement by civil administrators, the populations of the missions saw their life conditions worsen as the communal labor regime became a more and more oppressive means of exploiting the workforce. The workload for the community doubled, but this greater effort didn’t return to the most of indigenous people, resulting in a high degree of dissatisfaction and even desertion, as it affected the principles of reciprocity and redistribution. In order to solve this problem, several of the high officials of the Spanish Crown advised the Viceroy of La Plata River, Mar quis of Avilés, to abolish the communal labor regime. At the beginning of the year 1800, Avilés experimentally released 323 indigenous families. At the first moment, there was joy, and the members of the cabildo were writing to him in thanks . But soon the problems resumed, since the Spaniards didn’t know the Guarani kinship relations, resulting in some misunderstandings about who would be released The constant abuses perpetrated by the Spaniards led the indigenous peoples of the seven eastern reductions to join the Portuguese Crown, after an action performed by Portuguese Brazilian militias in 1801. However, even after this conquest, the situation of the inhabitants of the missions didn’t improve, and they was still being harmed, this time under the Portugu ese rule. Keywords: Indigenous people from the missions – communal labor regime – Marquis of Avilés – eastern reductions – 1801.