A avaliação da qualidade conjugal : processos adaptativos, características pessoais e variáveis de contexto

Abstract

Esta tese teve como objetivo investigar o construto de qualidade conjugal a partir de três níveis sistêmicos: o indivíduo, o contexto e os processos adaptativos. Para tanto, foram desenvolvidos quatro estudos apresentados ao longo de cinco capítulos. Primeiramente, foi realizada uma revisão dos instrumentos que se propunham a avaliar o construto. Constatou-se deficiências, especialmente de embasamento teórico, nos instrumentos mais utilizados nas pesquisas do tema. Dessa forma, o segundo estudo explorou a perspectiva de casais sobre a qualidade do relacionamento por meio de um estudo qualitativo. Cinco temas foram identificados como componentes da qualidade conjugal: compromisso, intimidade, carinho e afeto, atração e sexo e satisfação. Esses temas, junto à teoria, forneceram a base conceitual para a construção de um instrumento de avaliação do construto, a Escala de Qualidade Conjugal (EQC). A escala foi testada em uma amostra de 655 pessoas que estavam em um relacionamento amoroso e mostrou-se adequada para a avaliação do construto. O estudo final testou um modelo explicativo diádico envolvendo a qualidade conjugal, as estratégias de resolução de conflitos, a personalidade e o apoio social em uma amostra de 244 casais. Os achados revelaram a associação da personalidade e do apoio social com as estratégias de resolução de conflitos que, por sua vez, associam-se à qualidade conjugal. A nível interpessoal, a forma de resolução de conflitos da esposa se associou à qualidade conjugal do marido, mas não o contrário. Conclui-se que a qualidade conjugal é um construto complexo e multideterminado, tendo sido possível demonstrar a possibilidade e necessidade de ampliar o foco das intervenções conjugais com a inclusão das dimensões indivíduo e contexto.

Abstract: This doctoral dissertation aimed to investigate the construct of marital quality considering three systemic levels: individual, context, and adaptative processes. To accomplish that, we developed four studies, presented in five chapters. First, we conducted a literature review about the instruments assessing this construct. We found shortcomings, especially concerning theoretical background, in the instruments most used in research about this theme. Thus, the second study explored the perspective of couples about relationship quality through a qualitative study. Five themes were identified as marital quality components: commitment, intimacy, fondness and affection, attraction and sex, and satisfaction. These themes, along with theory, provided the conceptual basis for constructing an instrument to assess the construct, the Marital Quality Scale (EQC). The scale was tested in a sample of 655 individuals in a romantic relationship and was found to be appropriate to assess the construct. The final study tested a dyadic explanatory model involving marital quality, conflict resolution strategies, personality and social support in a sample of 244 couples. The findings revealed an association between personality and social support with conflict resolution strategies, which, in turn, was associated with marital quality. At the interpersonal level, the wife's conflict resolution was associated with the husband's marital quality, but not the opposite. We conclude that marital quality is a complex and multidetermined construct, evidencing the possibility and need to widen the focus of marital interventions to include the individual and the context dimensions.