Efeito do treinamento muscular inspiratório sobre a força muscular respiratória, dispneia, capacidade de exercício e qualidade de vida em pacientes com hipertensão pulmonar : ensaio clínico randomizado controlado

Abstract

Introdução: Pacientes com hipertensão pulmonar (HP) podem apresentar comprometimento nos músculos respiratórios, esse fator pode contribuir na limitação ao exercício e exacerbação dos sintomas como dispneia, com impacto negativo na qualidade de vida relacionado a saúde. Objetivo: Este estudo buscou avaliar o efeito de um treinamento muscular inspiratório (TMI) de alta intensidade sobre a força muscular respiratória, capacidade de exercício, dispneia e qualidade de vida em pacientes com HP. Método: Ensaio clínico randomizado controlado com registro na plataforma nacional REBEC (ensaiosclinicos.gov.br): RBR-33gm3k. Realizado no centro especializado em hipertensão pulmonar da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Participaram do estudo trinta e cinco mulheres com HP clinicamente estáveis (subgrupos 1 e 4), em classe funcional II ou III, randomizadas para receber ou TMI de alta intensidade ou treinamento simulado (sham). As intervenções foram, grupo TMI-50% treinou com 50% da força muscular inspiratória (PImáx) e o grupo sham (TMI-S) treinou com carga fixa de 3 cmH2O. O treinamento diário consistiu de 2 ciclos de 30 esforços inspiratórios profundos, 2 vezes ao dia, 7 dias por semana, durante 8 semanas, com um dispositivo de carga linear pressórica inspiratória. Foram avaliados: força muscular respiratória, distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos (TC6), escala modificada de dispneia do Medical Research Council (mMRC) e qualidade de vida avaliada através do questionário Short Form Health Survey (SF-36). Resultados: Dezessete pacientes integraram o grupo TMI-50% e quatorze integraram o grupo TMI-S. Ambos os grupos apresentaram aumento significativo na PImáx e na pressão expiratória máxima (PEmáx), sendo que os participantes do grupo TMI-50% mostraram um aumento superior na PImáx -31,1 cmH2O (IC95% (-41,2 a -21,0)). Houve aumento significativo de 34,7m (IC95% (5,8 a 63,6)) na distância percorrida no TC6 após o TMI-50% comparado ao TMI-S. A dispneia no final do TC6 e o mMRC foram significativamente menores somente após o TMI-50%. No questionário de qualidade de vida SF36, os domínios de capacidade funcional, limitações por aspectos físicos, estado geral de saúde e vitalidade aumentaram significativamente somente após o TMI-50%. Conclusões: O treinamento muscular inspiratório de alta intensidade foi capaz de melhorar significativamente a força muscular respiratória, a capacidade de exercício, a dispneia e a qualidade de vida em pacientes com hipertensão pulmonar sintomáticos, classe funcional II e III.

Background: Patients with pulmonary hypertension (PH) may present respiratory muscle dysfunction, which may contribute to exercise limitation, potentiate the symptoms of dyspnea, and negatively impact health-related quality of life (HRQL). Objectives: This study sought to evaluate the effects of high intensity inspiratory muscle training on respiratory muscle strength, exercise capacity, dyspnea and HRQL in patients with PH. Methods: Single-blinded, randomized controlled trial (Brazilian clinical trials registry (ensaiosclinicos.gov.br): RBR-33gm3k Pulmonary Hypertension Expert Centre. Thirty-five women with clinically stable PH (subgroups 1 and 4), in functional class II or III were randomly assigned to high-intensity inspiratory muscle training (IMT) or sham. IMT with 50% (IMT-50%) of maximal inspiratory muscle pressure (PImax) or sham training with fixed load of 3 cm H2O (IMT-S). Daily training time consisted in 2 cycles of 30 dynamic inspiratory efforts twice daily, 7 days/week, for 8 weeks using an inspiratory threshold-loading device. Main outcomes: respiratory muscle strength, 6-min walk test (6MWT) distance and final dyspnea (Borg score), modified Medical Research Council (mMRC) dyspnea scale and HRQL evaluated by Short Form Health Survey (SF-36) questionnaire. Results: Seventeen and 14 patients completed IMT-50% and IMT-S, respectively. Both groups showed significant improvements in PImax after training, but the IMT-50% group showed an even higher increment of -31.1 cmH2O [95%CI (-41.2 to -21.0)]. The 6MWT distance significantly improved after IMT-50% compared to the IMT- S [34.7m (5.8 to 63.6)]. Dyspnea at the end of 6-MWT and mMRC was significantly lower only after IMT-50%. Subscales covering the domains of physical functioning, role physical, general health and vitality of the SF-36 questionnaire significantly improved only after IMT-50%. Conclusions: High- intensity IMT-50% improved respiratory muscle strength, exercise capacity, dyspnea and HRQL in symptomatic patients (functional class II or III) with PH.