Distribuição espacial e padrões de movimento da baleia-franca-austral (Eubalaena australis) em Torres, Rio Grande do Sul, Brasil
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Data
2014Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Resumo
Os cetáceos, como a maioria dos organismos vivos, não estão aleatoriamente distribuídos no ambiente onde vivem. Conhecer aspectos fundamentais de sua ecologia, como a relação entre uma espécie e seu ambiente, são fundamentais para a elaboração de ações de conservação. A baleia-franca-austral frequenta a costa brasileira durante a estação reprodutiva, de Junho a Novembro e, apesar de bem estudada na costa catarinense, sua distribuição e relação com fatores ambientais não foi descrita para o Rio ...
Os cetáceos, como a maioria dos organismos vivos, não estão aleatoriamente distribuídos no ambiente onde vivem. Conhecer aspectos fundamentais de sua ecologia, como a relação entre uma espécie e seu ambiente, são fundamentais para a elaboração de ações de conservação. A baleia-franca-austral frequenta a costa brasileira durante a estação reprodutiva, de Junho a Novembro e, apesar de bem estudada na costa catarinense, sua distribuição e relação com fatores ambientais não foi descrita para o Rio Grande do Sul. O propósito deste estudo foi contribuir para a construção do conhecimento fundamental a respeito da espécie caracterizando sua distribuição em um ponto da costa deste estado, relacionando sua presença com as variáveis ambientais. As observações foram realizadas a partir de um ponto fixo na costa, o Morro do Farol em Torres, Rio Grande do Sul, localizado a 41,5 metros acima do nível do mar. Posições sucessivas dos animais foram obtidas com o auxílio de um teodolito eletrônico a fim de descrever as trajetórias percorridas por cada grupo dentro do limite da área de estudo. A direção e velocidade do vento, temperatura e estado do mar eram coletadas a cada hora durante as observações. Um total de 41 grupos foi observado, ao longo de 256,5 horas de esforço realizado com 44,5 horas de acompanhamento animal. A maior parte das ocorrências (85%) foi de pares de fêmeas com filhotes e a maior concentração de baleias ocorreu em águas com profundidade menor do que 5 metros. A direção do vento e o estado do mar apresentaram influência significativa na presença ou ausência dos animais ( p=0,0001 e p=0,024), sendo nos ventos de sul e sudeste a ausência de animais maior do que esperada e nos estados do mar 3 e 4 os animais foram menos detectados do que o esperado. Quando analisada pela composição de grupo, a direção do vento e o estado do mar não demonstraram diferença significativa (p=0,861 e p=0,372), respectivamente. A velocidade do vento não demonstrou exercer influência na presença ou ausência dos animais para todas as categorias ( p=0,632), nem para composições de grupos diferentes (p=0,984). É importante salientar que as observações ocorreram com velocidades de vento <20 nós (Beaufort ≤ 4). A média de velocidade de natação para todas as categorias foi de 1,50 km/h (DP ± 1,15km/h), para fêmeas com filhotes 1,53 km/h (DP ± 1,14 km/h) e para adultos desacompanhados 1,7 km/h (DP ± 1,08km/h). A maioria dos grupos apresentou movimento em direção sul (63%) e a distância média da costa foi de 515,28 m (amplitude 87,9 – 1.971,6 m). Os resultados deste trabalho corroboram a preferência por águas rasas, próximas à costa bem como reforça o fato de que as baleias evitam águas turbulentas como ocorre em outras regiões. As observações ainda demonstram que a costa do Rio Grande do Sul é um importante sítio reprodutivo para a espécie, podendo ser considerada uma área berçário, onde predominam pares de fêmeas com filhotes (85% dos grupos observados). Estes fatos reforçam a importância e urgência de ações de conservação e manejo das atividades humanas na região para que a espécie continue crescendo e retomando sua área de ocupação histórica. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Biociências. Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal.
Coleções
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Ciências Biológicas (4087)Biologia Animal (410)
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