Perfil de fala e sua relação com autopercepção e qualidade de vida em pacientes com esclerose múltipla
Visualizar/abrir
Data
2025Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
Introdução: A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença autoimune do sistema nervoso central, que afeta predominantemente adultos jovens e mulheres. Entre suas manifestações mais comuns estão alterações motoras, cognitivas e da fala, como a disartria. Além disso, a qualidade de vida (QV) desses pacientes pode ser profundamente impactada, tanto por fatores clínicos quanto psicossociais. A compreensão da fala e dos elementos que interferem na QV pode contribuir para uma abordagem mais eficaz, personal ...
Introdução: A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença autoimune do sistema nervoso central, que afeta predominantemente adultos jovens e mulheres. Entre suas manifestações mais comuns estão alterações motoras, cognitivas e da fala, como a disartria. Além disso, a qualidade de vida (QV) desses pacientes pode ser profundamente impactada, tanto por fatores clínicos quanto psicossociais. A compreensão da fala e dos elementos que interferem na QV pode contribuir para uma abordagem mais eficaz, personalizada e interdisciplinar no cuidado à pessoa com EM. Objetivo: Avaliar o perfil da fala, a autopercepção da fala e a qualidade de vida em indivíduos com Esclerose Múltipla e sua relação com características clínicas e sociodemográficas dos participantes. Método: Foram incluídos 73 pacientes com EM e 37 controles pareados por sexo e idade. Indivíduos com condições neurológicas e/ou sistêmicas que pudessem interferir na fala foram excluídos. Os dados sociodemográficos coletados foram sexo, idade e escolaridade, enquanto os clínicos foram subtipo de EM, tempo de doença, idade de início dos sintomas, e o escore do Expanded Disability Status Scale (EDSS), que mensura a gravidade da doença. As tarefas de fala foram fonação e respiração (vogal sustentada /a/); prosódia (frases) e articulação (diadococinesia; fala espontânea; repetição do ditongo /iu/) e após foi realizada a análise perceptivo-auditiva e acústica da fala. Para avaliar a QV foi utilizado o instrumento específico Multiple Sclerosis Impact Scale (MSIS-29), que contempla os domínios físico e psicológico. A autopercepção da fala foi avaliada por meio da versão reduzida do protocolo Living with Dysarthria (LwD). Resultados: 72,6% dos pacientes com EM apresentaram disartria. As maiores alterações ocorreram nos subsistemas de fonação, respiração, ressonância e articulação, respectivamente. Foram encontradas correlações entre o phonation time na fala espontânea e o EDSS (r = −0,238, p = 0,043), e entre o phonation ratio na fala espontânea e a EDSS (r = −0,265, p = 0,023), o que indica uma correlação entre o número de pausas durante a fala espontânea e a gravidade da doença. O escore total do MSIS-29 foi de 60,39 (±27,65), refletindo impacto moderado a severo na QV. Apenas o escore do EDSS apresentou correlação significativa com os escores físico (r = 0,613; p < 0,000) e total (r = 0,471; p < 0,000) do MSIS-29. O escore total do LwD foi significativamente associado ao grau clínico de disartria (p = 0,0277) e a variáveis acústicas articulatórias, principalmente o tempo de fonação na tarefa de fala espontânea. Conclusão: A severidade da EM é um fator determinante tanto para a disartria quanto para a QV. As alterações na fala, nos aspectos respiratórios, articulatórios e fonatórios, podem refletir a progressão da doença. A autopercepção da fala em indivíduos com EM é significativamente associada ao grau de disartria e parâmetros articulatórios objetivos. Esses achados reforçam a necessidade de um protocolo de avaliação de fala, bem como a autopercepção, buscando encaminhamento precoce e intervenção especializada para as alterações de fala e melhora na qualidade de vida. ...
Abstract
Introduction: Multiple Sclerosis (MS) is an autoimmune disease of the central nervous system that primarily affects young adults and women. Among its most common manifestations are motor, cognitive, and speech impairments, such as dysarthria. Additionally, the quality of life (QoL) of these patients can be deeply impacted by both clinical and psychosocial factors. Understanding speech characteristics and the elements that affect QoL can contribute to a more effective, personalized, and interdis ...
Introduction: Multiple Sclerosis (MS) is an autoimmune disease of the central nervous system that primarily affects young adults and women. Among its most common manifestations are motor, cognitive, and speech impairments, such as dysarthria. Additionally, the quality of life (QoL) of these patients can be deeply impacted by both clinical and psychosocial factors. Understanding speech characteristics and the elements that affect QoL can contribute to a more effective, personalized, and interdisciplinary approach to the care of individuals with MS. Objective: To assess speech profile, self-perceived speech difficulties, and quality of life in individuals with Multiple Sclerosis, and to analyze their relationship with the clinical and sociodemographic characteristics of the participants. Method: A total of 73 individuals with multiple sclerosis (MS) and 37 age- and sex-matched controls were included. Individuals with neurological and/or systemic conditions that could affect speech were excluded. The sociodemographic data collected included sex, age, and educational level. Clinical variables included MS subtype, disease duration, age at symptom onset, and Expanded Disability Status Scale (EDSS) score, which measures disease severity. Speech tasks included phonation and respiration (sustained vowel /a/), prosody (phrases), and articulation (diadochokinesis, spontaneous speech, and repetition of the diphthong /iu/). Both perceptual-auditory and acoustic speech analyses were performed. QoL was assessed using the Multiple Sclerosis Impact Scale (MSIS-29), which includes physical and psychological domains. Self-perceived speech was assessed using the short version of the Living with Dysarthria (LwD) protocol. Results: Dysarthria was present in 72.6% of individuals with MS. The most affected subsystems were phonation, respiration, resonance, and articulation, in that order. Correlations were found between phonation time in spontaneous speech and EDSS (r = −0.238, p = 0.043), and between phonation ratio in spontaneous speech and EDSS (r = −0.265, p = 0.023), indicating a relationship between the number of pauses during spontaneous speech and disease severity. The total MSIS-29 score was 60.39 (±27.65), reflecting a moderate to severe impact on QoL. Only the EDSS score showed significant correlation with both the physical (r = 0.613; p < 0.000) and total (r = 0.471; p < 0.000) scores of the MSIS-29. The total LwD score was significantly associated with clinician-rated dysarthria severity (p = 0.0277) and with articulatory acoustic variables, particularly phonation time during spontaneous speech. Conclusion: MS severity is a determining factor for both dysarthria and QoL. Speech alterations—particularly in the respiratory, articulatory, and phonatory domains—may reflect disease progression. Self-perceived speech difficulties in individuals with MS are significantly associated with dysarthria severity and objective articulatory parameters. These findings highlight the importance of including speech assessment and self-perception tools in clinical practice to allow for early referral and specialized intervention, ultimately improving speech outcomes and quality of life. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Medicina: Ciências Médicas.
Coleções
-
Ciências da Saúde (9565)Ciências Médicas (1593)
Este item está licenciado na Creative Commons License


