"Os doces prazeres de Pelotas" : sociabilidades e táticas de resistência de homens homossexuais cisgêneros na "Capital das Bichas" (1981-2000)

Abstract

A presente dissertação busca delimitar e analisar as formas e lugares por onde a sociabilidade LGBTQIA+ foi efetivada entre as décadas de 1980 e 1990. "Princesa do Sul" e "Capital do doce", assim é reconhecida a cidade de Pelotas, localizada na região sul do Rio Grande do Sul. Entretanto, algo de quem nem todos os pelotenses citam com tanto orgulho é em relação à fama de "capital das bichas". Segundo os discursos mais hegemônicos, a "fama" foi cunhada ainda no século XIX, logo, se misturando a própria história da cidade e utilizada de múltiplas maneiras e fins. Nesse sentido, através de jornais e relatos orais, se averiguou, no tocante a sociabilidade, a partir de quais táticas e lugares os LGBTQIA+ a exerceram, porém, partindo do pressuposto de que a cisheteronormatividade era um dado presente tecido social e político pelotense. Em vista disso, considera-se a sociabilidade LGBTQIA+ inserida em relações de poder, as quais imputaram as pessoas dissidentes a necessidade de elaboração de ações táticas para criar seus momentos de liberdade.

The present dissertation seeks to delimit and analyze the forms and places through which LGBTQIA+ sociability was effected between the 1980s and 1990s. "Princess of the South" and "Capital of the candy", this is how the city of Pelotas, located in the southern region of Rio Grande do Sul, is recognized. However, something that not all Pelotenses mention with so much pride is its fame as the "capital of faggots". According to the most hegemonic speeches, the "fame" was coined still in the 19th century, thus mixing itself with the history of the city and used in multiple ways and purposes. In this sense, through newspapers and oral reports, we verified, regarding sociability, from which tactics and places LGBTQIA+ people exercised it, however, starting from the assumption that cisheteronormativity was a given present in Pelotas' social and political fabric. In view of this, we consider LGBTQIA+ sociability to be embedded in power relations, which imposed on dissident people the need to elaborate tactical actions to create their moments of freedom.