Construindo visi(bi)lidades : ativismos e identidades bissexuais no Instagram

Abstract

Este estudo investiga o ativismo bissexual no Instagram, com foco nas articulações de identidade promovidas dentro da plataforma. A bissexualidade, por se situar fora da polaridade binária entre heterossexualidade e homossexualidade, ocupa uma posição marginalizada tanto no contexto sociopolítico quanto na produção acadêmica. Essa lacuna é especialmente evidente no campo da comunicação, onde a temática bissexual ainda recebe menos atenção em comparação a outras áreas das ciências humanas e sociais. A pergunta de pesquisa que orienta este trabalho é: “Como práticas ativistas são mobilizadas no Instagram para a articulação de identidades bissexuais?” Para respondê-la, foi analisado o perfil do ativista bissexual Nick Nagari. Assim, o objetivo geral da pesquisa é explorar as táticas comunicacionais mobilizadas por Nick Nagari no Instagram para a produção e visibilização de identidades bissexuais. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa e exploratória, utilizando como principais métodos de coleta de dados a observação online e a entrevista semi-estruturada. Os dados obtidos por meio da análise das postagens foram triangulados com os relatos da entrevista com o ativista. A partir dessa triangulação, os resultados apontam que o perfil de Nick Nagari no Instagram se configura como um espaço de visibilização, acolhimento e resistência, no qual práticas ativistas são articuladas por meio da autoprodução identitária e da criação de conteúdos informativos e educativos. A análise evidenciou que o ativismo bissexual exercido pelo criador de conteúdo está profundamente ligado à construção de uma identidade coletiva, sustentada em experiências subjetivas e na produção de sentidos que buscam criar espaços de acolhimento para a comunidade, fornecer informações para pessoas em processo de descoberta e tensionar estereótipos e normas socialmente impostas. A pesquisa revelou ainda os desafios enfrentados por ativistas nas redes sociais digitais, como o esgotamento emocional, a cobrança por uma performance constante e as limitações das plataformas enquanto ferramentas políticas. Dessa forma, o estudo contribui para ampliar o debate sobre os ativismos digitais, sobretudo no que se refere às identidades dissidentes, e destaca o papel das redes sociais digitais como arenas de disputa simbólica e afirmação subjetiva. Também colabora para a compreensão dos tensionamentos entre práticas táticas e o ambiente estratégico e hegemônico moldado pelos interesses do capital e da norma, evidenciando como a presença de ativistas nesses espaços é fundamental para a criação de resistências e de redes de acolhimento para sujeitos que, muitas vezes, não encontram seus pares no ambiente offline. Por fim, observa-se que o movimento bissexual tem conquistado maior visibilidade e legitimidade por meio das práticas ativistas, sendo o ativismo digital uma peça-chave na articulação e no fortalecimento político dessa identidade. Apesar dos desafios e contradições impostos pelas dinâmicas das plataformas digitais, as práticas ativistas desenvolvidas nesse ambiente demonstram relevância na construção, visibilidade e afirmação da identidade bissexual.

This study investigates bisexual activism on Instagram, focusing on the articulation of identities promoted within the platform. Bisexuality, situated outside the binary polarity between heterosexuality and homosexuality, occupies a marginalized position both in the sociopolitical context and in academic production. This gap is especially evident in the field of communication, where bisexuality receives less attention compared to other areas of the humanities and social sciences. The research question guiding this study is: "How are activist practices mobilized on Instagram for the articulation of bisexual identities?" To answer it, the profile of bisexual activist Nick Nagari was analyzed. Thus, the general objective of the research is to explore the communicational tactics mobilized by Nick Nagari on Instagram for the production and visibility of bisexual identities. The study adopts a qualitative and exploratory approach, using online observation and semi-structured interviews as the primary methods of data collection. The data obtained through the analysis of posts were triangulated with the interview accounts provided by the activist. From this triangulation, the results indicate that Nick Nagari’s Instagram profile constitutes a space of visibility, support, and resistance, in which activist practices are articulated through identity self-production and the creation of informative and educational content. The analysis revealed that the bisexual activism carried out by the content creator is deeply connected to the construction of a collective identity, grounded in subjective experiences and the production of meaning aimed at creating supportive spaces for the community, providing information for individuals undergoing self-discovery, and challenging socially imposed stereotypes and norms. The study also highlighted the challenges faced by activists on digital social networks, such as emotional exhaustion, pressure for constant performance, and the limitations of platforms as political tools. In this way, the study contributes to broadening the debate on digital activism, particularly regarding dissident identities, and highlights the role of digital social networks as arenas for symbolic dispute and subjective affirmation. It also contributes to understanding the tensions between tactical practices and the strategic and hegemonic environment shaped by the interests of capital and the norm, showing how activists’ presence in these spaces is fundamental for creating forms of resistance and networks of support for individuals who often do not find their peers offline. Finally, it is observed that the bisexual movement has gained greater visibility and legitimacy through activist practices, with digital activism serving as a key element in the articulation and political strengthening of this identity. Despite the challenges and contradictions imposed by the dynamics of digital platforms, activist practices developed in this environment demonstrate significant relevance in the construction, visibility, and affirmation of bisexual identity.