Fatores associados à remissão em eletroconvulsoterapia : uma coorte retrospectiva

Abstract

A eletroconvulsoterapia (ECT) é um tratamento de grande relevância na psiquiatria intervencionista, utilizado principalmente em casos de transtornos psiquiátricos graves e refratários, como a depressão maior resistente, transtorno bipolar e catatonia. Apesar de avanços significativos na técnica – incluindo o uso de anestesia e monitoramento eletroencefalográfico para maior segurança e eficácia – a ECT ainda carrega um estigma considerável, muitas vezes associado a concepções desatualizadas. Este estigma, somado à falta de padronização em sua aplicação, dificulta a aceitação e o acesso ao tratamento. A identificação precisa dos fatores que influenciam a resposta à ECT é essencial para desmistificar o procedimento e ampliar sua aplicabilidade clínica. No campo da psiquiatria, os modelos diagnósticos são fundamentais para orientar o tratamento, mas ainda enfrentam limitações significativas. Os critérios diagnósticos atuais, baseados principalmente em sintomas, frequentemente não capturam toda a complexidade dos transtornos mentais e podem limitar a precisão terapêutica. Por essa razão, a busca por novas ferramentas diagnósticas, incluindo modelos clínicos e biomarcadores que possam prever resposta ao tratamento, tem sido um foco crescente de pesquisas. Esses avanços visam preencher lacunas no conhecimento diagnóstico, oferecendo uma abordagem mais individualizada e melhorando o prognóstico dos pacientes. No entanto, uma lacuna literária persiste quanto aos parâmetros de eficácia da ECT, especialmente em relação à interação entre a resposta terapêutica e características clínicas específicas. A literatura ainda é limitada quanto ao impacto de variáveis como o estadiamento da doença e marcadores clínicos e biológicos na eficácia da ECT. Os artigos resultantes desta tese contribuem de maneira significativa para o entendimento da ECT, desde a identificação das melhores indicações até a avaliação da resposta terapêutica. Ao abordar fatores preditores de resposta e explorar a relação entre parâmetros técnicos e eficácia do tratamento, esses achados reforçam o papel da ECT como uma intervenção personalizada, guiada por evidências e adaptável às necessidades de cada paciente. Dessa forma, fomentam uma prática mais segura e eficiente, capaz de reduzir o estigma e aumentar a aceitação desse tratamento essencial na psiquiatria intervencionista.

Electroconvulsive therapy (ECT) is a highly relevant treatment in interventional psychiatry, primarily used in cases of severe and refractory psychiatric disorders, such as treatment-resistant major depression, bipolar disorder, and catatonia. Despite significant advances in the technique—including the use of anesthesia and electroencephalographic monitoring for enhanced safety and efficacy—ECT still carries considerable stigma, often associated with outdated conceptions. This stigma, combined with the lack of standardization in its application, hinders both acceptance and access to treatment. Precisely identifying the factors that influence ECT response is essential to demystify the procedure and broaden its clinical applicability. In psychiatry, diagnostic models are fundamental for guiding treatment, yet they still face significant limitations. Current diagnostic criteria, which are primarily symptom-based, often fail to capture the full complexity of mental disorders, potentially limiting therapeutic precision. Consequently, the search for new diagnostic tools, including refined clinical models and biomarkers that may predict treatment response, has become a growing area of research. These advancements aim to fill gaps in diagnostic knowledge, providing a more individualized approach and improving patient outcomes. However, a literature gap persists regarding the efficacy parameters of ECT, especially concerning the interaction between therapeutic response and specific clinical characteristics. The literature remains limited on the impact of variables such as disease staging and clinical and biological markers on the efficacy of ECT. The articles resulting from this thesis make a significant contribution to understanding ECT, from identifying optimal indications to evaluating therapeutic response. By addressing response predictors and exploring the relationship between technical parameters and treatment efficacy, these findings reinforce ECT’s role as a personalized intervention, evidence-based and adaptable to each patient’s needs. In this way, they foster a safer and more effective practice, capable of reducing stigma and increasing acceptance of this essential treatment in interventional psychiatry.