Lapidar os sentidos da infância : reimaginando o cuidado com crianças trans
dc.contributor.advisor | Machado, Paula Sandrine | pt_BR |
dc.contributor.author | Favero, Sofia | pt_BR |
dc.date.accessioned | 2025-05-03T06:55:20Z | pt_BR |
dc.date.issued | 2024 | pt_BR |
dc.identifier.uri | http://hdl.handle.net/10183/291077 | pt_BR |
dc.description.abstract | Como cuidar de crianças gênero-diverso? "Destransição", "disforia", "incongruência", não são poucas as expressões que obstruem a construção desse cuidado. Operadores de saúde, ao terem como foco o medo de que crianças se arrependam da diversidade que estão vivenciando, reiteram práticas avaliativas que afirmam trajetórias lineares como referenciais de sucesso no campo da saúde trans, algo que também depende, por sua vez, de fronteiras rígidas entre natureza e cultura e de uma compreensão de gênero dicotômica. Acompanhar o desenvolvimento infantil no Ambulatório de Identidade de Gênero (AMIG - GHC) durante os anos de 2023 e 2024 me permitiu revisitar tais gramáticas e propor outras lógicas, que nos deslocassem do olhar intrapsíquico "O que a criança é por dentro?" para o engajamento ecológico "Como a criança pode se sentir mais segura?". A dizer, ter como foco quais são as relações, vínculos e redes onde crianças produzem seus contornos. Tentativas técnicas de enquadrá-las em protocolos diagnósticos anunciam uma narrativa universal sobre essa experiência, comumente ligada à trajetória terapêutica individual. A partir de provocações de crianças acompanhadas, a força dos jogos e da ficção científica começou a ser incorporada metodologicamente ao trabalho. No lugar da busca pela criança trans verdadeira, a partir de uma pesquisa qualitativa, foi-se dando corpo à criança trans falsa, voltada a contar outras histórias sobre crianças frequentemente apagadas, que param de sair do quarto, que desaparecem dos aniversários, que não querem mais ir à escola ou ser vistas em público. Tomo como questão a maneira como essas crianças percebem, lidam e reorganizam os quadros em que são colocadas, sobretudo em equipamentos de saúde. Dando continuidade à minha pesquisa de mestrado, onde propusemos interlocuções ambivalentes entre os Estudos da Ciência e os Estudos Críticos da Infância, agora também acompanhadas da Teoria dos Afetos, propõe-se um mergulho em categorias como "fabulação", "cuidado" e "futuro", em busca de mapear como crianças gênero-diverso fazem e desfazem suas infâncias em contato com humanos, não-humanos, objetos, tecnologias, sonhos e emoções. Por meio de uma troca entre Anna Tsing, Donna Haraway e Saidiya Hartman, persegue-se um fio no escuro em direção a estórias que poderiam existir, caso fossem contadas. A necessidade em dar às famílias um contorno científico expõe o privilégio ontológico das infâncias hegemônicas, que não precisam ser explicadas, pois suas histórias já existem. Lança-se mão de metáforas que possibilitem demonstrar como a construção da infância se alia à cisgeneridade, projetando, através do campo, atendimentos clínicos, entrevistas e recursos lúdicos, um modo fantástico de ficcionalizar a entrega da pesquisa. São apresentadas, assim, mediações que podem esticar os sentidos da infância, na esperança de mobilizar linhas de cuidado criativas, orientadas também pelos movimentos sociais trans e pelos Direitos Humanos, que provocam a reabilitação das lógicas dos serviços especializados e reorganizam jogos de poder. O que se propõe, com este trabalho, é uma compreensão de cuidado mais aberta aos lugares indicados pelas crianças, e menos preocupada em atestar supostas coerências ou "sintomas" em relação a suas identidades. | pt_BR |
dc.format.mimetype | application/pdf | pt_BR |
dc.language.iso | por | pt_BR |
dc.rights | Open Access | en |
dc.subject | Transexualidade | pt_BR |
dc.subject | Desenvolvimento infantil | pt_BR |
dc.subject | Cuidado da criança | pt_BR |
dc.subject | Diversidade de gênero | pt_BR |
dc.subject | Emoções | pt_BR |
dc.subject | Serviços de saúde | pt_BR |
dc.title | Lapidar os sentidos da infância : reimaginando o cuidado com crianças trans | pt_BR |
dc.type | Tese | pt_BR |
dc.identifier.nrb | 001256064 | pt_BR |
dc.degree.grantor | Universidade Federal do Rio Grande do Sul | pt_BR |
dc.degree.department | Instituto de Psicologia, Serviço Social, Saúde e Comunicação Humana | pt_BR |
dc.degree.program | Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional | pt_BR |
dc.degree.local | Porto Alegre, BR-RS | pt_BR |
dc.degree.date | 2024 | pt_BR |
dc.degree.level | doutorado | pt_BR |
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Ciências Humanas (7764)