Políticas patrimoniais em conflito e a Missão de São Miguel Arcanjo (Rio Grande do Sul)

Abstract

A partir da década de 1980, a inclusão das ruínas das Missões Guarani na lista dos Patrimônios Mundiais da UNESCO localizou seu sentido patrimonial em um discurso global. Entre 2004 e 2014, o projeto de registro de São Miguel Arcanjo como Lugar de Referência dos Mbyá-guarani desenvolvido pelo IPHAN agregou os ‘recém-chegados das margens’ às práticas patrimoniais do Estado brasileiro, porém o discurso civilizatório não desapareceu, colocando em questão disputas entre distintos regimes de historicidade. O estudo de caso aqui apresentado, levanta a seguinte questão: o que se pode esperar das políticas patrimoniais estatais, além de pensar o passado indígena como experiência do exótico e do fantasmagórico, relacionada ao fetichismo moderno pelas ruínas?

From the 1980s, the inclusion of the ruins of the Jesuit Guarani Missions in the UNESCO World Heritage List placed their heritage meaning in a global discourse. Betwe-en 2004 and 2014, the project of record São Miguel Arcanjo as a Place of Reference for the Guarani added the ‘newcomers from the margins’ to IPHAN’s heritage practices. In this process, however, the civilizing discourse did not disappear, putting into question disputes between different regimes of historicity. The case study presented here raises the following question: what can be expected from heritage policies, in addition to thinking the indige-nous past as an exotic and the phantasmagorical experience, related to modern fetishism for ruins?

A partir de la década de 1980, la incusión de las ruinas de las Misiones Gua-raníes em la lista de Patrimonio de la Humanidad de la UNESCO situo su sentido patri-monial em um discurso global. Entre 2004 y 2014, el proyecto de registro de São Miguel Arcanjo, como Lugar de Referencia para los Mbyá-Guaraní, desarrollado por el IPHAN, agregó los ‘recién llegados de los márgenes’ a las práticas patrimoniales del Estado brasileño, pero el discurso civilizatório no desapareció, ponendo en tela de juicio las disputas entre diferentes regímenes de historicidade. El estudio de caso aqui presentado plante ala siguiente pregunta: esperar de las políticas patrimoniales estatales, además de pensar el pasado indíge-na como una experiencia de lo exótico y lo fantasmal, relacionado con el fetichismo moderno por las ruinas?