O processo de construção da escritora : um estudo da trajetória de Elizabeth Gaskell a partir da sua correspondência

Abstract

O presente trabalho visa estudar o desenvolvimento de Elizabeth Gaskell enquanto autora através das cartas escritas por ela entre as décadas de 1830 e 1850, período em que seus dois primeiros romances, Mary Barton (1848) e North and South (1854-55) foram publicados. Na Era Vitoriana, a organização social dividia homens e mulheres em “esferas” de atuação: respectivamente, o público (política, economia, artes) e privado (espaço doméstico). Todavia, Gaskell foi capaz de desenvolver estratégias que a permitiram transitar por estes dois espaços de uma maneira vista como adequada para uma mulher de classe média, bem como estruturar um espaço feminino dentro de um campo literário que restringia sua atuação enquanto mulher escritora. Tais estratégias foram praticadas a partir da correspondência: zona híbrida de privado e público, a correspondência demonstra ser uma estrutura de sociabilidade essencial para que Elizabeth Gaskell pudesse construir-se enquanto escritora.

This work studies the development of Elizabeth Gaskell as an author through the letters written by her between the 1830s and 1850s, a period in which her first two novels, Mary Barton (1848) and North and South (1854-55) were published. In the Victorian Era, social organization divided men and women into “spheres” of activity: respectively, public (politics, economy, arts) and private (domestic space) spheres. However, Gaskell was able to develop strategies that allowed her to transit between these two spaces in a way seen as appropriate for a middle-class woman, as well as structuring a feminine space within a literary field that restricted her work as a woman writer. Such strategies were practiced through correspondence: a hybrid zone of private and public, correspondence proves to be an essential sociability structure for Elizabeth Gaskell to develop herself as a writer.