"Was I born for this end?" : melancholy and mourning in John Keats's letters and poems

Abstract

The present work investigates a corpus consisting of selected letters and poems written by the English poet John Keats between 1819 and 1820, with the aim of examining how the themes of melancholy and mourning are presented and intertwined. Like so many other inhabitants of an overcrowded and plague-ridden London, Keats lost his father, mother, and a brother during his formative years. Possibly as a result of that, his poet's gaze privileges a mixture of exultation in the face of the beauty of life and sadness at its ephemeral nature. Melancholy, in Keats, appears in a romanticized form, linked to the pleasure of contemplating simple and beautiful things, the contact with nature, and the intensity of the emotions that a young human body can feel. From the moment he realizes that he is suffering from tuberculosis – the disease that had already taken his mother and brother, and which at the time was tantamount to a death sentence – the poet's production undergoes marked changes, which are the focus of observation of this work. First come haste and a greater intensity in capturing fleeting moments of beauty. Then, his poetic production ceases, and he writes only letters. The observation corpus consists of two poems, "Ode to a Nightingale" and "Ode on Melancholy," both written in 1819; and seven letters written between 1819-1820: three to his fiancée, Fanny Brawne; one to the poet Percy Bysshe Shelley; and three to Charles Brown, his best friend. The concept of melancholy is addressed from the treatise The Anatomy of Melancholy by Robert Burton. For the analysis of the mourning process, I rely on the work On Death and Dying by the Swiss psychiatrist Elisabeth Kübler-Ross. Keats's writing method is analyzed through the work Writing as a Way of Healing by Louise DeSalvo. The dissertation is structured in two parts. The first presents the contextualization, dealing with the author John Keats – his poems and his letters – and making connections between the theoretical background and the study of Keats's language in the respective phases investigated. The second part brings the analysis of the corpus (two poems and seven letters). I hope that, with this work, we can verify how the relationship between melancholy and mourning affects Keats's writing process – and how this is reflected in the analyzed corpus.

O presente trabalho investiga um corpus formado por uma seleção de cartas e poemas escritos entre 1819 e 1820 pelo poeta inglês John Keats, com o objetivo de averiguar como as temáticas da melancolia e do luto nelas se apresentam e entrelaçam. Como tantos outros habitantes de uma Londres superpopulosa e assolada por pestes e epidemias, Keats perdeu o pai, a mãe e um irmão durante seus anos de formação. Possivelmente em decorrência disso, seu olhar de poeta privilegia um misto de exultação diante da beleza da vida e de tristeza frente a sua efemeridade. A melancolia, em Keats, surge de forma romantizada, ligada ao prazer da contemplação de coisas simples e belas, ao contato com a natureza e à pujança das emoções que um corpo humano jovem consegue sentir. A partir do momento em que percebe que ele mesmo está sofrendo de tuberculose – doença que já levara sua mãe e seu irmão, e que na época equivalia a uma sentença de morte – a produção do poeta sofre alterações marcantes, que são o foco de observação deste trabalho. Primeiro vêm a pressa e uma intensidade maior na captura dos momentos fugazes de beleza. Depois, sua produção poética cessa e ele passa a escrever apenas cartas. O corpus de observação consiste em dois poemas, “Ode to a Nightingale” e “Ode on Melancholy”, ambos escritos em 1819; e em sete cartas escritas entre 1819-1820: três para sua noiva, Fanny Brawne; uma para o poeta Percy Bysshe Shelley; e três para Charles Brown, seu melhor amigo. O conceito de melancolia é abordado a partir do tratado Anatomia da Melancolia, de Robert Burton. Para análise do processo do luto, contamos com a obra On Death and Dying, da psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross. O método de escrita de Keats é analisado através da obra Writing as a Way of Healing, de Louise DeSalvo. A dissertação se estrutura em duas partes. A primeira apresenta as contextualizações, tratando sobre o autor John Keats – seus poemas suas cartas – e faz a conexão entre o lastro teórico e o estudo da linguagem de Keats nas respectivas fases averiguadas. A segunda parte traz a análise do corpus (dois poemas e sete cartas). Espera-se, com este trabalho, verificar como a relação entre melancolia e luto afetam, em fases diferentes, o processo de escrita de Keats – e de que forma isso transparece no corpus analisado.