Análise das complicações das colectomias eletivas e de urgência no HCPA no período de março/2020 a março/2024 : características clínico-patológicas e desfechos cirúrgicos de pacientes submetidos à colectomia de urgência e eletivas com e sem anastomose primária

Abstract

Introdução: O abdome agudo obstrutivo é uma emergência cirúrgica comum, caracterizada pela interrupção do trânsito intestinal, frequentemente resultando em complicações graves. Enquanto a obstrução do intestino delgado é mais prevalente na população geral, a obstrução intestinal baixa, especialmente causada por câncer colorretal, representa uma parcela significativa dos casos, exigindo frequentemente intervenção cirúrgica. Objetivo: Este trabalho visa investigar e comparar os desfechos entre pacientes submetidos à colectomia por abdome agudo obstrutivo, analisando os resultados de dois procedimentos cirúrgicos distintos: anastomose primária e derivação intestinal. O objetivo é avaliar complicações pós-operatórias, necessidade de reoperação cirúrgica, tempo de internação e mortalidade no Serviço de Emergência Cirúrgica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) para subsidiar a escolha do procedimento mais adequado em situações de urgência. Metodologia: Trata-se de um estudo retrospectivo de pacientes submetidos à colectomia de urgência por abdome agudo obstrutivo no HCPA, entre março de 2020 e março de 2024. Os pacientes serão selecionados com base em critérios específicos, e os dados serão analisados estatisticamente utilizando o software IBM® SPSS® Statistics 23.0. Serão realizadas análises descritivas, testes de associação, análise de regressão logística e análise de sobrevivência para comparar os desfechos entre os grupos. Resultados: O estudo incluiu 78 pacientes submetidos a colectomias por abdome agudo obstrutivo, com 83,3% das cirurgias realizadas em caráter de urgência. Pacientes do grupo de urgência apresentaram piores desfechos, incluindo maior incidência de complicações graves, reoperações e óbitos, associados a altos escores ASA e níveis elevados de PCR.

A derivação intestinal foi a técnica mais utilizada em pacientes graves, enquanto a anastomose primária mostrou melhores resultados em casos mais estáveis. Apesar da ausência de significância estatística devido ao tamanho amostral, pacientes com ASA III-IV e PCR ≥100 mg/L apresentaram tendências claras de pior prognóstico, com maior frequência de reoperações e óbitos. Discussão: Foram avaliados os desfechos de pacientes submetidos a cirurgias de urgência e eletivas para câncer colorretal obstrutivo, com foco nas diferenças entre anastomose primária e derivação intestinal. Cirurgias de urgência apresentaram piores resultados, com maior incidência de complicações graves, reintervenções e mortalidade, associadas ao estado clínico crítico dos pacientes (ASA elevado e PCR >100 mg/L). Por outro lado, cirurgias eletivas tiveram melhores desfechos, reforçando a importância da otimização pré-operatória. A derivação intestinal foi preferida em pacientes mais graves, sendo segura, mas relacionada a maior mortalidade devido à gravidade dos casos. A anastomose primária foi eficaz em pacientes estáveis, especialmente em cenários eletivos. Embora limitado pelo tamanho amostral, o estudo confirma a relevância do ASA e do PCR na estratificação de riscos e destaca a necessidade de estudos prospectivos e multicêntricos para validar os achados e melhorar o manejo cirúrgico. Conclusão: O estudo destaca a importância da estratificação de riscos e da otimização pré-operatória em câncer colorretal obstrutivo, especialmente em urgências. Derivação intestinal é preferida em casos graves, enquanto a anastomose primária é eficaz em pacientes bem selecionados. Estudos prospectivos multicêntricos são necessários para validar os achados e aprimorar os desfechos.