Fatores de risco e prevalência das infecções oportunistas em gestantes com HIV atendidas em um hospital público e universitário do Sul do Brasil

Abstract

Este estudo teve como objetivo identificar a prevalência de infecções oportunistas durante a gestação de mulheres portadoras do HIV e os possíveis fatores de risco que podem estar relacionados. Método: foi realizado um estudo transversal prospectivo com gestantes vivendo com HIV acompanhadas no ambulatório de pré-natal de alto risco do Hospital de Clínicas de Porto Alegre entre abril e outubro de 2022. Os dados foram obtidos através de entrevistas às pacientes, via formulário, e por meio dos resultados de exames microbiológicos e imunológicos coletados nos prontuários eletrônicos de cada gestante. Resultados: Foram incluídas 41 gestantes, das quais 30 (73,17%) apresentam uma ou mais infecções oportunistas, sendo as mais frequentes as causadas pelos patógenos Gardnerella vaginalis (29,3%) e Streptococcus agalactiae (24,4%). Dezesseis (39,1%) gestantes apresentaram contagem de linfócitos T CD4* < 350 cél/mmº e 10 (24,4%) tiveram carga viral detectável. Quanto ao perfil demográfico e social, a maioria era de cor preta (43,9%), com ensino médio incompleto (31,7%) e com renda familiar média de 1 a 2 salários mínimos (43,9%). Conclusão: a prevalência de gestantes vivendo com HIV acometidas por uma ou mais infecções oportunistas foi alta (73,2%) e quatro entre dez apresentaram contagem de linfócitos T CD4* menor que 350 cél/mm, classificando-as como imunossuprimidas, sugerindo possível baixa adesão ao TARV. Fatores socioeconômicos, como escolaridade e renda, podem contribuir com o surgimento das infecções oportunistas.

This study aims to identify the frequency of opportunistic infections during the pregnancy of HiV-positive women as well as the possible risk factors involved. IMethodology: a prospective cross-sectional study was conducted with 41 HiV-positive pregnant women treated at the high-risk prenatal outpatient clinic at the Hospital de Clínicas de Porto Alegre, between April and October, 2022. Data was obtained through patient interviews and their microbiological and immunologic test results within the electronic medical records at the hospital. Results: the sample was composed of 41 pregnant women, 30 of which (73.17%) presenting one or more opportunistic infections, with the most frequent caused by Gardnerella vaginalis (29.3%) and Streptococcus agalactiae (24.4%). Sixteen women (39.1%) presented a T CD4* cell count < 350 cells/mmº and 10 women (24.4%) had a detectable viral load. Regarding the demographic and social profile, the majority of the patients were black (43.9%), with incomplete high school education (31.7%) and an average family income between 1 and 2 minimum wages (43.9%). Conclusion: the prevalence of HiV-positive pregnant women afflicted by one or more opportunistic infections was high (73.2%) and four out of ten women were immunosuppressed, with a T CD4* cell count lower than 350 cells/mm, which suggested a low adherence to ART. Also, socioeconomic factors such as education and income may contribute to the onset of opportunistic infections.