Síndrome do T3 baixo e de fragilidade como preditores de mortalidade em pacientes idosos longevos críticos em uma unidade de terapia intensiva de um hospital terciário do Sul do Brasil

Abstract

A idade é um dos fatores que contribuem para a fragilidade, uma síndrome complexa que afeta principalmente os idosos. Compreender os diversos fatores que levam à fragilidade é crucial para determinar como pacientes extremamente idosos podem se beneficiar d o tratamento em unidades de terapia intensiva (UTI). Objetivo: Este estudo tem como objetivo avaliar a prevalência e o prognóstico da fragilidade, além de sua correlação com a Síndrome do Eutireoideo Doente em pacientes idosos internados em UTI e mortalidade. Métodos: Este estudo de coorte incluiu pacientes com 80 anos ou mais internados na UTI ao longo de um ano. Na admissão, a fragilidade foi avaliada usando uma escala validada, a espessura do músculo do quadríceps foi medida, e amostras de sangue foram coletadas. Resultados: Um total de 92 pacientes foram incluídos, com idade média de 84,5 anos e com 53% dos pacietens do sexo masculino. 57,6% da coorte foi classificada como frágil. Esse grupo tinha idade média de 85 anos e pontuou 10 pontos a mais no SAPS. O tempo de permanência na UTI não diferiu entre os grupos; a mortalidade hospitalar foi de 52% para os frágeis, comparada a 30% para os não frágeis (P=0,02). Em relação aos níveis de hormônio tireoidiano, 51% dos frágeis apresentaram níveis indetectáveis de T3. Baixos níveis de T3 foram associados a um aumento de 1,44 no risco de morte hospitalar. Baixos níveis de T4L foram um preditor independente de mortalidade (P=0,01, especificidade de 0,7). Limitações terapêuticas foram estabelecidas para 47% dos pacientes frágeis e para 20% dos não frágeis (P=0,007). Conclusão: Esses resultados enfatizam a importância de uma melhor compreensão dos mecanismos fisiopatológicos da Síndrome do Eutireoideo Doente em pacientes extremamente idosos e destacam a necessidade de considerar a fragilidade nas avaliações de risco-benefício para pacientes idosos em UTI.

Age is one factor contributing to frailty, a complex syndrome that primarily affects the elderly. It is crucial to understand the various factors that contribute to frailty to determine how extremely elderly patients benefit from intensive care (ICU) treatment. Objetive: The aim of this study is to assess the prevalence and prognosis of frailty, and its correlation with non-thyroidal illness syndrome (NTIS) in elderly patients admitted to the ICU and mortality . Methods: This cohort study included patients aged 80 and older admitted to the ICU in one year. At admission, frailty was assessed using a validated scale, the thickness of the quadriceps muscle was measured, and blood was collected. Results: A total of 92 patients were included, with a mean age of 84.5 years, and 53% were male. 57.6% of the cohort was classified as frail. This group had a mean age of 85 years and scored 10 points higher on the SAPS. Length of stay in the ICU did not differ between the groups, in-hospital mortality was 52% for the frail compared to 30% for the non-frail (P=0.02). A correlation of 60% was found between the clinical frailty score and ultrasound measurements. Regarding thyroid hormone levels, 51% of frail had undetectable T3 levels. Low T3 was associated with a 1.44 increased risk of in-hospital death. Low levels of FT4 were an independent predictor of mortality (P=0.01, Specificity of 0.7). Therapeutic limitations were established for 47% of frail patients and for 20% of the nonfrail (P=0.007). Conclusion: These results emphasize the importance of a better understanding of the pathophysiological mechanisms of NTIS in the extremely elderly and highlight the need to consider frailty in risk-benefit assessments for elderly patients in the ICU.