Prevalência de avulsão do músculo elevador do ânus em puérperas após parto vaginal no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e sua associação com fatores relacionados à gestação e ao nascimento
Visualizar/abrir
Data
2024Orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
Introdução : O aparecimento dos sintomas associados às disfunções e às lesões do assoalho pélvico (prolapsos genitais, incontinência urinária) após a gestação e o parto tem sido bem documentado e estudado. Porém, as causas destas lesões e sua relação com aqueles sintomas ainda não estão completamente esclarecidas. Sabe-se que a avulsão do músculo elevador do ânus é um dos fatores envolvidos no desenvolvimento dessas patologias, no entanto, a maneira com que esta lesão se relaciona a fatores da ...
Introdução : O aparecimento dos sintomas associados às disfunções e às lesões do assoalho pélvico (prolapsos genitais, incontinência urinária) após a gestação e o parto tem sido bem documentado e estudado. Porém, as causas destas lesões e sua relação com aqueles sintomas ainda não estão completamente esclarecidas. Sabe-se que a avulsão do músculo elevador do ânus é um dos fatores envolvidos no desenvolvimento dessas patologias, no entanto, a maneira com que esta lesão se relaciona a fatores da gestação e do parto ainda não está bem estabelecida. Objetivo : O objetivo deste estudo é avaliar a prevalência de avulsão do músculo elevador do ânus em pacientes após primeiro parto vaginal (avaliado através de exame ultrassonográfico), correlacionando este achado com fatores relacionados à gestação e ao nascimento. Método : Foi realizado um estudo transversal, em que foram selecionadas pacientes puérperas após primeiro parto vaginal a termo realizado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre para avaliação da presença ou não de avulsão do músculo elevador do ânus ao exame ultrassonográfico transperineal realizado no período pós-parto. As lesões foram classificadas como totais (acometimento de 50% ou mais das fibras musculares), parciais (lesão de menos de 50% do músculo), uni ou bilaterais. Tal avaliação foi correlacionada com dados relacionados às características das pacientes, obtidos através de questionários e consulta ao prontuário. Os dados coletados foram digitados no programa Excel e posteriormente exportados para o programa SPSS v. 20.0 para análise estatística. Foram descritas as variáveis categóricas por frequências e percentuais e foram associadas as variáveis categóricas pelo teste de Qui-quadrado. Em caso de tabelas 2x2 foi utilizado o teste de Qui-quadrado com correção de Yates ou o teste Exato de Fisher. As variáveis que se associaram com o desfecho com valor de p < 0,05 foram incluídas em um modelo de Regressão de Poisson com variância robusta. Considerou-se um nível de significância de 5% para as comparações estabelecidas. Resultados : A prevalência de avulsão do músculo elevador do ânus na amostra foi de 46%. Destas, 37% foram totais e 63% parciais. Em relação à lateralidade, 63% das lesões foram unilaterais, acometendo o músculo de maneira assimétrica, e 37% foram bilaterais. O peso do recém-nascido foi um fator importante e apresentou diferença estatisticamente significativa entre os grupos com e sem avulsão. Mães que deram à luz bebês com peso ao nascimento maior do que 3.500 gramas apresentaram maior prevalência de avulsão do músculo elevador do ânus após o parto em comparação a bebês com peso menor ou igual a 3.500 gramas ( 75% vs. 38,8%; p = 0,008). Outra diferença com significância estatística observada entre os grupos foi a instrumentação do parto. Partos vaginais instrumentados com fórceps apresentaram um maior número de lesões do músculo elevador do ânus, comparativamente aos partos não instrumentados (80% vs. 42,2%; p = 0,041). Mães com 35 anos ou mais apresentaram maior prevalência de avulsão total do músculo elevador do ânus quando comparadas às mais jovens (100% vs. 32,6%; p = 0,045) . Os demais fatores avaliados, como idade gestacional, peso do recém-nascido, realização de episiotomia e outros, não apresentaram diferença estatisticamente significativa entre os tipos de lesão. Conclusão : O impacto das questões relacionadas à gestação e ao parto nos músculos do assoalho pélvico ainda não está completamente elucidado. O peso do recém-nascido e o uso de fórceps parecem ser os principais fatores de risco para as lesões perineais pós-parto vaginal. É de extrema importância que estes fatores sejam identificados para que possamos desenvolver estratégias multidisciplinares a fim de prevenir essas lesões durante a gestação e o nascimento, diminuindo, assim, s uas consequências e impacto na saúde das pacientes. ...
Abstract
Introduction: The onset of symptoms associated with pelvic floor dysfunctions and injuries (such as genital prolapse and urinary incontinence) after pregnancy and childbirth has been well documented and studied. However, the causes of these injuries and their relationship to these symptoms are not yet fully understood. It is known that avulsion of the levator ani muscle is one of the factors involved in the development of these pathologies; however, how this injury relates to factors of pregnan ...
Introduction: The onset of symptoms associated with pelvic floor dysfunctions and injuries (such as genital prolapse and urinary incontinence) after pregnancy and childbirth has been well documented and studied. However, the causes of these injuries and their relationship to these symptoms are not yet fully understood. It is known that avulsion of the levator ani muscle is one of the factors involved in the development of these pathologies; however, how this injury relates to factors of pregnancy and childbirth is still not well established. Objective: The objective of this study is to evaluate the prevalence of levator ani muscle avulsion in patients after their first vaginal delivery (assessed by transperineal ultrasound) and to correlate this finding with factors related to pregnancy and birth. Method: A cross-sectional study was conducted, selecting postpartum patients after a term vaginal delivery at the Hospital de Clínicas de Porto Alegre to assess the presence of levator ani muscle avulsion via transperineal ultrasound performed in the postpartum period. The injuries were classified as total (involvement of 50% or more of the muscle fibers), partial (less than 50% of the muscle), unilateral, or bilateral. This assessment was correlated with data related to patient characteristics, obtained through questionnaires and medical records. The collected data were entered into Excel and subsequently exported to SPSS v. 20.0 for statistical analysis. Categorical variables were described by frequencies and percentages, and categorical variables were associated using the Chi-square test. For 2x2 tables, the Chi-square test with Yates' correction or Fisher's Exact Test was used. Variables that were associated with the outcome with a p-value < 0.05 were included in a robust Poisson regression model. A significance level of 5% was considered for the comparisons made. Results: The prevalence of levator ani muscle avulsion in the sample was 46%. Of these, 37% were total and 63% were partial. Regarding laterality, 63% of the injuries were unilateral, affecting the muscle asymmetrically, and 37% were bilateral. Newborn weight was an important factor and showed a statistically significant difference between the groups with and without avulsion. Mothers who gave birth to babies weighing more than 3,500 grams had a higher prevalence of levator ani muscle avulsion after delivery compared to those with babies weighing 3,500 grams or less (75% vs. 38.8%; p = 0.008). Another statistically significant difference observed between the groups was related to the instrumentation of delivery. Instrumented vaginal deliveries with forceps had a higher number of levator ani muscle injuries compared to non-instrumented deliveries (80% vs. 42.2%; p = 0.041). Mothers aged 35 or older had a higher prevalence of total levator ani muscle avulsion compared to younger mothers (100% vs. 32.6%; p = 0.045). Other factors evaluated, such as gestational age, newborn weight, episiotomy, and others, did not show a statistically significant difference between the types of injury. Conclusion: The impact of issues related to pregnancy and childbirth on the pelvic floor muscles is still not fully elucidated. Newborn weight and the use of forceps appear to be the main risk factors for perineal injuries after vaginal delivery. It is crucial to identify these factors to develop multidisciplinary strategies to prevent these injuries during pregnancy and childbirth, thereby reducing their consequences and impact on patient health. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Ginecologia e Obstetrícia.
Coleções
-
Ciências da Saúde (9249)
Este item está licenciado na Creative Commons License
