Efeitos do tratamento da síndrome geniturinária com promestrieno e radiofrequência não ablativa sobre a função sexual de mulheres submetidas a radioterapia por carcinoma de colo uterino : ensaio clínico randomizado piloto

Abstract

Introdução: A radioterapia (RT) é a principal modalidade terapêutica utilizada no tratamento do câncer de colo uterino (CCU), contribuindo consideravelmente para o aumento da sobrevida. No entanto, pode levar a efeitos colaterais duradouros que comprometem significativamente a saúde sexual e a qualidade de vida das mulheres que sobrevivem ao CCU. A síndrome geniturinária é uma complicação comum entre essas mulheres, resultando em limitações tanto físicas quanto emocionais. Estratégias terapêuticas que visem a reabilitação geniturinária são, portanto, essenciais para melhorar o bem-estar e a função sexual. Objetivo: Comparar a eficácia do tratamento da síndrome geniturinária pós radioterapia com promestrieno e radiofrequência não ablativa (RFNA) sobre a função sexual e sintomatologia clínica de mulheres tratadas com radioterapia para câncer de colo uterino (CCU), bem como observar modificação dos parâmetros histológicos pré e pós intervenção. Métodos: Ensaio clínico randomizado piloto que incluiu 24 mulheres com idades entre 18 e 65 anos submetidas à radioterapia e/ou braquiterapia para CCU nos últimos cinco anos. As participantes foram randomizadas para receber tratamento com creme de promestrieno ou RFNA intravaginal. A função sexual foi avaliada utilizando o Índice de Função Sexual Feminina (FSFI) antes e após o tratamento. Os sintomas vaginais foram avaliados por meio de uma escala visual analógica (EVA), e análises histológicas foram realizadas em biópsias vaginais para observar alterações no epitélio e estroma vaginal. Resultados: Ambos os grupos mostraram melhorias significativas nos escores totais do FSFI, com uma elevação do escore mediano de 13,0 para 23,1 após o tratamento, indicando uma recuperação parcial da função sexual. Os sintomas vaginais, como ressecamento e dor, também foram reduzidos. Na análise histológica, observou-se um aumento significativo na espessura do epitélio vaginal e uma melhora na qualidade do estroma em ambos os grupos, sugerindo uma recuperação tecidual. Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos de promestrieno e RFNA na melhoria da função sexual ou redução dos sintomas, indicando que ambos os tratamentos podem ser igualmente eficazes. Conclusão: Tanto o promestrieno quanto a RFNA se mostram opções de tratamento seguras e eficazes para a recuperação da função sexual e o alívio dos sintomas vaginais em mulheres pós-radioterapia para câncer de colo uterino. No entanto, o pequeno tamanho da amostra e o curto período de seguimento limitam a generalização e a aplicabilidade dos achados a longo prazo.

Introduction: Radiotherapy (RT) is the primary therapeutic modality for cervical cancer (CC), playing a pivotal role in improving survival rates. However, it often results in long-term side effects that can profoundly affect sexual health and the quality of life of CC survivors. Genitourinary syndrome is a prevalent complication in these patients, leading to significant physical and emotional challenges. Consequently, therapeutic strategies targeting genitourinary rehabilitation are essential to enhance overall well-being and sexual function. Objective: To evaluate the effectiveness of post-radiotherapy treatment for genitourinary syndrome using promestriene and non-ablative radiofrequency (RFNA) on sexual function and clinical symptoms in women treated with radiotherapy for cervical cancer (CC), and to assess histological parameter changes before and after the intervention. Methods: A pilot randomized clinical trial was conducted with 24 women aged 18–65 years who had undergone radiotherapy and/or brachytherapy for cervical cancer (CC) within the past five years. Participants were randomized to receive treatment with promestriene cream or intravaginal non-ablative radiofrequency (RFNA). Sexual function was evaluated using the Female Sexual Function Index (FSFI) before and after treatment. Vaginal symptoms were assessed via a visual analogue scale (VAS), and histological analyses of vaginal biopsies were performed to examine changes in the vaginal epithelium and stroma. Results: Both groups demonstrated significant improvements in total FSFI scores, with the median score increasing from 13.0 to 23.1 post-treatment, indicating partial recovery of sexual function. Vaginal symptoms, such as dryness and pain, were also notably reduced. Histological analysis revealed a significant increase in vaginal epithelium thickness and enhanced stroma quality in both groups, suggesting tissue recovery. No significant differences were observed between the promestriene and RFNA groups in terms of sexual function improvement or symptom reduction, indicating that both treatments may offer comparable effectiveness. Conclusion: Both promestriene and RFNA are safe and effective treatment options for improving sexual function and alleviating vaginal symptoms in women post-radiotherapy for cervical cancer. However, the small sample size and limited follow-up period restrict the generalizability and long-term applicability of these findings.