Prevalência de lesões malignas palpebrais no Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Abstract

Os tumores malignos palpebrais representam 5–10% das neoplasias malignas de pele, com variações na prevalência dos tipos histológicos a depender da população e da região estudadas. No entanto, dados epidemiológicos específicos sobre essas lesões no Brasil ainda são escassos. Este estudo tem como objetivo descrever a prevalência e as características epidemiológicas dos tumores malignos palpebrais ressecados no setor de oculoplástica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre ao longo de 14 anos (2010–2024), buscando contribuir para um melhor entendimento nacional sobre o tema. Foi realizado um estudo retrospectivo com 618 tumores ressecados, analisando variáveis como sexo, idade, localização, lateralidade e diagnóstico anatomopatológico. O carcinoma basocelular (CBC) foi o mais prevalente (86%), seguido por carcinoma espinocelular (CEC, 10,3%), carcinoma sebáceo (1,77%) e tumores melanocíticos (1,12%). A pálpebra inferior foi a região mais acometida (57,91%), com predomínio masculino nos CBC e CEC, enquanto o carcinoma sebáceo mostrou maior prevalência em mulheres. A idade média variou entre os tipos de tumores, sendo 62,4 anos para CBC e 66 anos para CEC. A alta prevalência de CBC e CEC pode ser explicada por características regionais, como descendência europeia e exposição solar excessiva. Estes resultados destacam a importância de documentar a epidemiologia dos tumores palpebrais malignos no Brasil, dado seu impacto na saúde pública e o potencial que seu diagnóstico precoce tem em reduzir morbimortalidade e custos no Sistema Único de Saúde. Investigações futuras em diferentes regiões do país são fundamentais para compreender melhor as variações epidemiológicas e embasar estratégias de saúde pública mais eficazes e adaptadas à diversidade populacional brasileira.