O uso da diálise com albumina como suporte hepático extracorpóreo na insuficiência hepática aguda : série de casos

Abstract

INTRODUÇÃO: A insuficiência hepática aguda (IHA) é uma condição rara, grave e potencialmente fatal em crianças, caracterizada pela falência hepática súbita devido à necrose dos hepatócitos, sem histórico prévio de doença hepática. Possui uma mortalidade que pode chegar a 80% e caracteriza-se por coagulopatia, encefalopatia hepática (EH) e lesão hepática aguda, sendo o transplante o único tratamento curativo. Sabe-se que o fígado possui grande capacidade regenerativa, entretanto é difícil a recuperação espontânea. A rápida progressão da IHA leva ao acúmulo de toxinas, falência de múltiplos órgãos e óbito, geralmente por sepse e edema cerebral. Dispositivos extracorpóreos de suporte hepático, como a diálise de albumina de passagem única (SPAD), auxiliam na remoção de toxinas e na estabilização do paciente, permitindo tempo para recuperação espontânea ou realização de transplante. MÉTODOS: Os dados foram coletados a partir da revisão de prontuários de 7 pacientes pediátricos com IHA que foram submetidos à diálise com albumina como suporte hepático extracorpóreo em um centro de referência em transplante hepático infantil, entre 2017 e 2024. RESULTADOS: A principal indicação para o suporte hepático extracorpóreo foi a EH, seguida por hiperbilirrubinemia e sobrecarga hídrica. O suporte foi iniciado, em média, dois dias após a admissão dos pacientes. CONCLUSÃO: Embora ainda não haja consenso sobre o momento ideal para início do suporte hepático extracorpóreo, evidências sugerem que o início precoce pode melhorar significativamente a sobrevida, destacando a SPAD como uma estratégia eficaz de ponte até a resolução espontânea ou realização de transplante hepático.

INTRODUCTION: Acute liver failure (ALF) is a rare, severe and potentially fatal condition in children, characterized by sudden liver failure due to hepatocyte necrosis, without any prior history of liver disease. With a mortality rate that can reach 80%, it presents with coagulopathy, hepatic encephalopathy (HE), and acute liver injury. Liver transplantation is the only curative treatment. Although the liver has regenerative capacity, the likelihood of spontaneous recovery is difficult to predict, although it is known that the etiology can influence this. The rapid progression of ALF leads to toxin accumulation, multiple organ failure, and death, typically due to sepsis and increased intracranial pressure. Extracorporeal liver support devices assist in toxin removal and patient stabilization, providing time for transplantation or spontaneous recovery. METHODS: Data were collected from a review of medical records of 7 patients with ALF, without preexisting liver disease, who underwent dialysis with albumin as extracorporeal liver support at a reference pediatric liver transplant center between 2017 and 2024. RESULTS: The main indication for extracorporeal liver support was HE, followed by hyperbilirubinemia and fluid overload. Support was initiated, on average, two days after admission. CONCLUSION: Although the optimal timing for initiating support is not yet consensus, evidence suggests that early initiation can significantly improve survival, highlighting SPAD as an effective bridging strategy until clinical resolution or liver transplantation.