O Sangue e a Fera : pedagogias menstruais nos filmes da Disney

Abstract

O estudo tem como propósito perscrutar de que maneira as animações da Disney produzem regimes de verdade sobre a menstruação. Compõem o material empírico para análise três filmes que contém em seu roteiro este tema. Nos valemos das análises foucaultianas sobre os discursos, a noção de Pedagogias Culturais, em autoras feministas que pesquisam sobre menstruação, bem como nos apoiamos nos estudos sobre os efeitos do neoliberalismo nos corpos e subjetividades, em especial o conceito de menstrunormatividade, introduzido por Josefin Persdotter (2020). Estabeleceu-se três eixos de análise a partir do conjunto de normatividades que formam pedagogias menstruais destas produções, sendo elas a) os modos como a menarca e o uso dos absorventes são representados; b) os sentidos atribuídos à menstruação; c) a reclusão e autocuidado impostos às pessoas que menstruam. Conclui-se que, nos três filmes, manter a performance produtiva de sucesso e felicidade parecem ser exigidas das pessoas que menstruam. Segundo estas narrativas, à autogestão e mudança de comportamento estão alinhadas aos aspectos sociais e culturais que exigem determinadas condutas e atitudes performáticas de produtividade, sucesso e bem-estar constante.

The study aims to examine how Disney animations produce regimes of truth about menstruation. The empirical material for analysis comprises three films that include this theme in their scripts. We rely on Foucauldian analyses of discourse, the notion of Cultural Pedagogies, feminist authors who research menstruation, as well as studies on the effects of neoliberalism on bodies and subjectivities, particularly the concept of menstruation normativity introduced by Josefin Persdotter (2020). Three axes of analysis were established based on the set of normativities that form menstrual pedagogies in these productions, namely: a) the ways in which menarche and the use of menstrual products are represented; b) the meanings attributed to menstruation; c) the seclusion and self-care imposed on menstruating individuals. It is concluded that, in all three films, maintaining a productive performance of success and happiness seems to be demanded of menstruating individuals. According to these narratives, self-management and behavior change are aligned with social and cultural aspects that require certain performative conduct and attitudes of productivity, success, and constant well-being.

El estudio tiene como propósito explorar de qué manera las animaciones de Disney producen regímenes de verdad sobre la menstruación. El material empírico para el análisis está compuesto por tres películas que contienen este tema en su guion. Nos basamos en los análisis foucaultianos sobre los discursos, la noción de Pedagogías Culturales, autoras feministas que investigan sobre la menstruación, así como en estudios sobre los efectos del neoliberalismo en los cuerpos y subjetividades, en particular el concepto de normatividad menstrual introducido por Josefin Persdotter (2020). Se establecieron tres ejes de análisis a partir del conjunto de normatividades que forman pedagogías menstruales en estas producciones, siendo estos: a) los modos en que se representan la menarquia y el uso de productos menstruales; b) los significados atribuidos a la menstruación; c) el encierro y autocuidado impuestos a las personas que menstrúan. Se concluye que, en las tres películas, mantener la performance productiva de éxito y felicidad parece ser exigido a las personas que menstrúan. Según estas narrativas, la autogestión y el cambio de comportamiento están alineados con los aspectos sociales y culturales que exigen ciertas conductas y actitudes performativas de productividad, éxito y bienestar constante.